Como “Killing in the Name”, de novo, vira o hino da hora para várias gerações

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* Outra música do comecinho dos anos 90 (ref. “Jeremy”, do post anterior) lembradíssima nos dias de hoje, esta com um destaque enorme em citações no Twitter, reinterpretações de todos os tipos e pedidos de atenção a sua contundente velha letra que tem contornos atualíssimo, é “Killing in the Name”, a poderosa canção de protesto da banda de rap metal (!) californiana Rage Against the Machine.

Inesgotável nas menções mesmo em momentos de calmaria, “Killing in the Name”, foi lançada no finalzinho de 1992, em meio à era Nirvana, com uma mensagem explosiva sobre supremacia branca, racismo institucionalizado, seja ele de negros ou chicanos (a essência da banda), e violência policial. Lembra algo?

Música e letra nunca “saem de moda”, mas agora são impressionante trilha perfeita destes tempos Trump-bolsonáricos:

“Some of those that work forces are the same that burn crosses.”

“And now you do what they told ya
And now you do what they told ya
And now you do what they told ya
And now you do what they told ya”

“Those who died are justified, for wearing the badge, they’re the chosen whites
You justify those that died by wearing the badge, they’re the chosen whites”

E termina com a famosíssima frase libertária “Fuck you, I won’t do what you tell me” proferida 16 vezes na sequência, finalizada com um “Motherfuckeeeeeeeer”.

“Killing in the Name” está no autointitulado disco de estreia do Rage Against the Machine, invadiu de imediato as rádios rock americanas e britânicas, a MTV e fez o álbum de estreia da banda receber um tripo disco de platina rapidinho. .

Rapidinho ainda, a música levou o grupo do imparável Tom Morello aos palcos do itinerante Lollapalooza de 1993 e a abrir a turnê europeia do Suicidal Tendencies, enorme à época.

A canção, nas paradas inglesas já em fevereiro de 1993, causou uma “guerra das rádios”: umas tocavam a versão dos “fuck” todos e outras uma mais limpa, sem palavrão. Foi um bafo quando a Radio One, principal emissora do gigantesco grupo de comunicação BBC, num desses programas que tocavam o Top 40 das canções mais vendidas da semana, acidentalmente tocou a versão “pura” de “Killing in the Name”, com seus 17 “fucks”.

* O alcance de “Killing in the Name” é absurdo mundialmente, principalmente em tempos mais conturbados. Em fevereiro deste ano, apareceu no Youtube a música sendo tocada à perfeição por uma baterista japonesa de DEZ ANOS de idade, que escreveu na legenda do vídeo que adoraria ir a um show do Rage, agora que soube que eles voltaram depois de várias pausas, esta última de oito anos de duração.

* Agora em maio, viralizou uma versão do hino do Rage CANTADA por uma menina da Malásia de TRÊS ANOS DE IDADE, chamada Audrey. O pai dela segurou no violão uma versão acústica impensável da enérgica música, enquanto a menina ia aumentando o tom de seu “vocal” precioso.

A versão levou inclusive o guitarrista Tom Morello a ir às redes sociais dizer que aquela era “possivelmente a cover mais porrada” dessa música que ele tinha visto na vida. Muito engraçada ainda um vídeo remix que fizeram com o instrumental original da banda e a voz de Audrey substituindo a de Zack de La Rocha. Mas ficamos aqui com o vídeo “original” da garota asiática.

* Na última sexta-feira, o rapper punk Machine Gun Kelly e o Travis Barker, baterista da Blink-182 foram as ruas de Los Angeles protestar pela morte de George Floyd. Na volta, os amigos fizeram uma releitura esperta de “Killing in the Name” dedicada ao movimento Black Lives Matter (os dois na foto que abre este post).

“Eles escreveram essa música em 1992. Cada palavra da letra dela ainda faz sentido, 28 anos depois”, disse MGK em seu Twitter de 1.4 mi de seguidores. A parceria para o cover ainda rendeu um vídeo que intercala a dupla em performance com imagens do protesto na Califórnia em que eles estavam presentes.

* Não custa deixar aqui embaixo o Rage Against the Machine desempenhando “Killing in the Name”, EM ITU, SÃO PAULO, em 2010, durante o festival de 2010. Show polêêêêmico e que “moveu barreiras” (galera invadiu a área vip em frente ao palco a pedido da banda, na primeira música).

A música fechou a apresentação, no bis junto com outra clássica, “Freedom”. A performance de “Killing in the Name”, assim como o show todo, foram dedicados “aos nossos amigos do MST”, disse Zack, se referindo ao Movimento Sem Terra brasileiro. Pensa nisso: o bis foi precedido com um trecho do hino da Internacional Comunista e logo após “Killing in the Name”, ao som de “Olê Olê Olê Olêêê, RRêigeeeee, RRêigeeee” do público paulista, se despediu aplaudindo geral os fãs e mostrando o punho cerrado de uma das mãos, gesto tradicional do grupo americano revolucionário Panteras Negras.

O Multishow, que transmitiu o show inteiro, nessa hora de “Killing in the Name” tirou as imagens do ar. Mas a galera filmou, né?

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