#IndieAmnesty: perdoem os indies, eles não sabem o que fazem…

>>

Perdoem os indies (e também um post com um “Melhor do Twitter” longo e fora de hora). Algumas hashtags nos tocam mais que as outras, diz aí. E a que está rodando o Twitter desde quarta-feira nos diz respeito. Aliás, se você está na faixa etária entre Strokes-lançando-Is-This-It e o batuque-indie do Vampire Weekend, você tem alguma roubada para contar. E não que a gente se envergonhe. Muito pelo contrário.

Você certamente usou uma calça skinny que não te deixava respirar, imitou o cabelo do Julian Casablancas e sofreu desarrumando o look por horas antes de sair, tentou ter cabelo Joan Jett e ficou parecendo um/a argentino/a, comprou aquela camiseta ~baby-look~ (quem inventou esse termo?!) do Franz Ferdinand por dez reais que encolheu na primeira lavada, machucou o pé andando a Augusta inteira de All Star, fez bate-volta para ver o Wilco no Rio de Janeiro e tirou foto com o Caetano na plateia, foi ver o CSS na pista de azulejo do Atari, pediu Grandaddy para o DJ no Milo-de-Quinta, assistia ao Lado B do Massari, arranjou #treta na Poplist porque achou “OK Computer” melhor que “The Bends”, mentiu que viu a Cat Power naquele show do SESC, decorou trechos do livro “Alta Fidelidade”, chegou a cantar “Yellow” do Coldplay, ouvia o programa Garagem e riu da Ana Maria Broca, morreu de frio na Pedreira vendo o Pixies em Curitiba, já tentou fazer sotaque de Glasgow cantando Belle & Sebastian, tatuou Libertines no braço, usou terninho e gravata na balada, desistiu do preto e acertou um glowstick no Klaxons, usou jaqueta de couro (ou camisa de flanela) no verãozão, lia a coluna “Escuta Aqui”, desligou o air-pedal depois do air-guitar em “Wolf Like Me” do TVOTR, assobiou com “Young Folks” e “chorou dançando The Rat, do Walkmen”.

Assim como você, que lia a Popload ainda no papel, temos amigos (cóf cóf) que preenchem algumas ou todas as alternativas acima. Talvez neguem, mas, que foi divertido, isso foi.

Vários fãs e bandas estão confessando suas roubadas no Twitter usando a hashtag #IndieAmnesty, depois que Rowan Martin, metade do duo londrino The Rhythm Method, resolveu falar ao mundo sobre uma letra horrorosa que havia escrito. Ele pediu que seus amigos compartilhassem suas histórias “daquela época” e as loucuras que eles já fizeram por um ídolo que esqueceriam semanas depois. Apesar de ter um pouco mais de 400 seguidores, a avalanche de tweets que ele recebeu uniu o Twitter em uma corrente de vergonha alheia. Atingimos o #Norvana e unimos nossa tribo. Quase uma terapia em grupo que envolveu desde o ex Vice-Primeiro-Ministro britânico John Prescott ao Alex Kapranos do Franz Ferdinand. Se Rowan estava procurando uma maneira de divulgar o pop-eletrônico da sua dupla para as “massas”, conseguiu.

O “Guardian” foi além e botou logo um título dramático: “#IndieAmnesty: como uma hashtag reviveu a última grande cena musical pré-redes sociais”. O convidado Fred Macpherson, da banda Spector, fez um relato fofo e emocionado para o jornal inglês de como o Strokes mudou a sua vida (e de amigos que ele conheceu por causa da cena indie). Uma foto do grupo de Julian Casablancas fez com ele aos 15, ainda na escola e proibido pela mãe de ir ao Reading Festival, decidir que aquele era o seu lugar (sem nem ter ouvido a banda ainda, ok?) e que aquela era a sua “cena”. Todos os amigos de Macpherson acabaram trabalhando com música de alguma forma, seja nos bastidores, escrevendo sobre ela ou em bandas. Strokes gerando empregos, formando gerações, movimento o business, vejam só. Tem momentos bem interessantes no relato dele, vale a pena ler.

Selecionamos os melhores desabafos #IndieAmnesty abaixo, começando por aquele que desencadeou o meme:

Pensando bem, é como se o Twitter estivesse fazendo uma versão anos-00 em tempo real da série “Vinyl”. A gente já sugere desde já o nome “MP3” para esse spin-off maravilhoso e queremos crédito. 😉

***O que VOCÊ já fez em nome do *levanta as mãos para o céu* #INDIE?

Se quiser escrever para o lucio@uol.com.br contando seu causo, com a linha de assunto “#INDIE”, eu compilo se tiver número suficiente e publico aqui na semana que vem, aproveitando para revelar alguns de meus váááários casos de roubada indie. Oh, god!

>>

2 comments

  1. Já corri atrás do carro onde estava Brian Molko na sua primeira vinda ao Rio e ele dizer algo do tipo “bixa, pare!” #indie

  2. Mesmo não vivenciando a fundo época “Strokes-lançando-Is-This-It e o batuque-indie do Vampire Weekend”, gostaria de compartilhar sobre o ano passado, quando menti para o pessoal do trabalho que eu iria num congresso da faculdade e peguei um busão do interior do PR até SP de madrugada para ir no show do Iggy Pop no Popload Festival, consegui segurar a mão dele durante o show e no começo música Dum Dum Boys ele esticou o microfone na minha boca e eu berrei “WHAT ABOUT JAMES? HE’S GONE STRAIGHT!”, recebendo um sorriso do vovô em troca.

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *