Coldplay, o show, a confusão: desabafo de uma fã até o quarto álbum

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* Eu juro que gosto do Coldplay até o segundo disco (eles têm sete). Mas depois desencanei em velocidade impressionante, porque o “perfect pop” britânico deles, com o tempo, foi transformando em… em… em… outra coisa! O único motivo que me levaria ao show deles ontem, em São Paulo, na Allianz Parque, era para pedir para o público da pista pisar devagar, sem pular, no gramado do campo do Palmeiras, para o time voltar rápido a utilizar o lugar. Enfim.
Mas a Isadora Almeida, poploader beeeeeeeem mais fresh que eu, fã até o álbum número 4 do grupo do Chris Martin, foi ao show para ver o show, mesmo. E conta sobre a confusão que ficou na cabeça dela.
Porque, você sabe, hoje em dia o Coldplay causar uma confusão na cabeça de alguém já é uma coisa boa. Acho.
Mas, fala, Isa!

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Eu só queria ter uma linha de raciocínio…
Tem nove anos desde a primeira vez que vi um show do Coldplay, no finado Via Funchal. Fevereiro de 2007.

A comoção era grande. Segunda vez que a banda vinha ao país. E eles tinham passado pelo Glastonbury como headliners em 2005, ou seja, selo de aprovação garantido.

Aquele show foi vendido por cadeiras numeradas e os ingressos esgotaram com a mesma velocidade da apresentação de ontem, durando só algumas horas. Era a época em que o Chris Martin girava aquela lanterna suspensa no palco e eles se vestiam basicamente em cores neutras tipo preto e branco sempre. Porque a música era o que eles tinham de melhor para vender.

Ainda em 2007 foram distribuídas na entrada do Via Funchal umas tatuagens tipo aquelas de chicletes com o símbolo que representa igual (=), para alertar o público sobre o trabalho que a organização Oxfam faz para tentar um comércio mais honesto com os países pobres. O tímido Chris gostava de deixar claro seu envolvimento em prol de um mundo melhor, buscando de maneiras efetivas de despertar o público aos problemas do mundo.

Já em 2010, em outra passagem deles por aqui, no gigante Morumbi, eles estavam um pouquinho mais coloridos e o “presente” era um CD com algumas faixas ao vivo que estavam presentes na turnê em questão.

Ontem, no Allianz Parque, eles distribuíram pulseiras (pediam por favor que elas fossem recicladas ao final do espetáculo) que piscavam conforme a “vibe” da música. Outra firula foi a chuva de papel picado (em formas fofas tipo estrelas, pássaros, quadradinhos e bolinhas) que saía de potentes canhões deixando o céu do Allianz colorido e o chão, lotado de papel.

Bexigas gigantes coloridas também tiveram espaço ontem. Até levei um forte empurrão de um folião muito animado que estava mais preocupado em bater nas bexigas do que ouvir a banda.

Enquanto a banda tocava, fiquei pensando que neste ano o Coldplay ganhou no NME Awards o prêmio de “Godlike Genius”, e no agradecimento eles lembraram que já tinham sido indicados a “Pior Banda”, o Chris a “Vilão do Ano”, e agora em 2016 eles foram lembrados por sua história, tipo o Blondie, Noel Gallagher e o conjunto de sua obra.

Fiquei confusa na época desse prêmio grande, mas lembrei o quão incríveis são os discos “Parachutes” e “A Rush of Blood to the Head” e que a versão deles no Glastonbury para “Can’t Get You Out of My Head”, da Kylie Minogue, é das versões mais legais da década. E vale frisar que a humildade com que aceitaram o prêmio nos quebra ao meio.

Aí que o nome da turnê e do álbum mais recente é “A Head Full of Dreams”. E fiquei me perguntando que sonhos são esses, Chris Martin? A meu ver são sonhos confusos e básicos tipo ver um estádio inteiro cantando todos os “Ôôs” possíveis. E tentar criar essa atmosfera “””psicodélica”””, feliz e inocente em que hoje em dia o ex-vegetariano Chris Martin habita.

Toca então a grudenta “Paradise”, celebrada pelos fãs, que em certo momento vira uma balada EDM, tipo Coldplayland ou Electric Coldplay Carnival…

É estranho, a banda sorri pouco (normal, mas antes fazia mais sentido). Só Chris tenta uma aproximação com aquelas clássicas frases tipo “Vocês são os melhores”, para despertar o público que está anestesiado com tanta luz.

Vi fãs, casais apaixonados se divertindo (rolou até pedido de casamento no palco), crianças admiradas com tamanha produção e pirotecnia e também gente tipo eu que hoje em dia não se comove com isso, já que queria “apenas” ouvir (e ver) o show.

“Trouble” e “Speed of Sound” e das mais recentes “Magic” no palquinho menor no meio do público lembram o porquê eles conquistaram tanta coisa, mas “Yellow” e “The Scientist” ficam estranhas no palco principal, que de tão colorido chega a doer os olhos.

Seria talvez algo (esteticamente falando) entre o filme “Viagem a Darjeeling”, se você está louco de tanto usar bala, aquela colorida, a gominha dos ursinhos, e trombar com a capa do “Magical Mystery Tour”. Não faz sentido. Principalmente quando o show é do Coldplay.

A única coisa que vi de um Chris Martin ainda engajado foi a faixa no braço com os dizeres “Global Citizen”, mas acho que hoje em dia ele entendeu que salvar o mundo é tarefa quase impossível, então de forma confusa ele tenta trazer momentos de diversão ao público, mesmo que sacrificando sua principal função. Tipo isso.

Nosso herói sempre fala “Vocês nos dão o melhor trabalho do mundo! Nos vemos de novo em breve”.

Aguardemos para ver se este foi o próximo capítulo nessa confusa história do Coldplay, um “seriado” que começou bom, ficou ruim mesmo ganhando mais audiência, e anda fazendo de tudo para tentar se manter interessante, nem que seja com pulseiras de balada.

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** A foto de cima é do Instagram do Atlas Project, ‏@ColdplayAtlas. A da visão geral da galera no Allianz Parque é do Instagram do Fellipe Lucena (@fellucena).

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14 comments

  1. Poxa, se vc n queria ir e odiou tanto assim, deveria ter me dado seu ingresso, pq eu com ctz ia amar o show e ia me divertir bastante. Sempre amei todos os álbuns do coldplay e admito q os primeiros são os meus preferidos, mas continuo amando a banda imensamente e não fico inventando defeitos pros shows da mesma. Garanto q todos que estavam “anestesiadas”, não eram por causa da luz e sim pelo talento e por todo amor que o coldplay libera quando toca.

  2. Crítica fraquinha no estilo “eu já gostava deles antes de ficarem famosos 🙁 , mas agora que todo mundo gosta, vou gostar de outra coisa”. Chata pra carai…

  3. Olha,também concordo que o Coldplay mudou e tal,aliás mudou bastante.Mas não precisa dizer “todo amor que o Coldplay libera”,porque acredite,ele libera mais raiva do que amor.Raiva em perceber que a banda virou uma bosta,e que eles fazem de tudo para parecerem legais,quando não são.Você é do tipo que coloca amor em todas as frases que faz?Que patético isso.

  4. Só porque você não gosta do estilo atual quer dizer que a banda virou uma bosta, então? Desculpa aí se tem gente que gosta

  5. Bom,vamos lá:eu gostava da banda até o quarto disco,como a mulher que postou o post e a banda mudou muito desde então.Tudo parece uma festa,menos para a musica,que só parece até o momento uma “trilha sonora” ou uma “desculpa” para que as pessoas os vejam.Veja,eu acho legal bandas que tenham adereços que façam incrementar o som,mas quando estes atrapalham ou fazem dizer que não há musica,então tem algo errado.E seria legal você pensar nisso.Desculpa ai.

  6. Amor, você só falou bosta. Se você julga a música de uma banda inteira por meio opiniões baseadas em supostos fatos, sem fonte, que você ouviu em qualquer lugar, a sua opinião é totalmente irrelevante.

  7. A vdde é q nunca nda vai agradar ngm, eu fui ao show e amei, o penúltimo álbum eu n curto, mas ainda assim amo coldplay e amei o show, to cagando pra essa crítica e pra quem fala mal, sempre vai ter um pra apontar mil defeitos e críticas, mas pra mim o que vale é o respeito a quem gosta e admira, isso ñ é só com o coldplay, vale pra outras bandas e estilos musicais… Graças a Deus o mundo tem pessoas diferentes, pq senao o que seria do branco se tdos gostassem de preto! Mas acho que independente de qualquer coisa respeitar é um ato de inteligência, ñ precisa gostar, mas ñ vá ao show e pronto. Ir pra falar um monte e ainda tirar o lugar de quem iria e estava desesperado pra comprar um ingresso e realmente se divertir, é perda de tempo, qual o propósito de sair de casa se vc vai a um show que pra vc ñ agrega nda? Confusa na minha opinião é você e os demais que ficam falando mal, mas pagam por um ingresso.

  8. A maioria das pessoas que ouviam coldplay no inicio desistiu da bandas alguns albuns depois. Uma pq a proposta da banda mudou e infelizmente mudou para um lado em que a maioria de antes não está. A banda hoje soa tão pop como um One Direction versão adulta. O show deve ter sido lindo ? Ninguém duvida, mas musicalmente falando provavelmente iria dar sono em quem viveu a época de ouro deles. Que bom que a nova geração gostou…um dia ela também vai amadurecer.

  9. Quem acompanha a banda desde o começo, quem foi nos primeiros shows, desistiu deles a um bom tempo. Musicalmente eles se tornaram inferiores. O show deve ter sido bem estruturado, muito colorido e bem bonito aos olhos. Mas é perceptivel que isso se tornou mais importante que as musicas que eles fazem hoje, que todos sabem (e aposto que até eles) que estão abaixo daquilo que eles foram um dia.

  10. Uma pena ver o Coldplay se transformar em trilha sonora de comercial da C&A ou fundo pra reportagem do Caldeirão do Huck. Parece que concentraram tudo o que de bom poderiam fazer no decorrer da carreira em seus dois primeiros discos, principalmente em A Rush of Blood… Até o quarto album, há alguns bons lampejos mas, infelizmente, preenche-se o disco com coisas mornas. Daí pra frente, virou apenas o ápice de quem tem Imagine Dragons e Capital Cities como referência. Assim como o Capital Inicial é a banda de rock pra festival de axé, o Coldplay virou aquilo que frequentadores de Tomorrowland ouvem quando estão em casa. Triste

  11. Triste mesmo. Toda banda evolui ou muda de certa forma mas é complicado quando se perde a essência ou mesmo se involui. Quem gostou de Coldplay quando a banda surgiu, gostou daquele estilo introvertido, um tanto melancólico. Eu mesmo gosto demais de Parachutes e um bom tanto de A Rush Of Blood. Eles eram de fato uma banda de rock britânico, tinham uma pegada de Radiohead. Quando a gente comenta que não gosta mais, tem sempre um fã que chega se doendo “ainda bem que gosto cada um tem o seu, eu AMO a banda, todos os CDs, Paradise é minha favorita”. Se vc colocar Bigger Stronger pra tocar pra essa pessoa, capaz que ela só reconheça pq a voz do Chris Martin é um tanto inconfundível. O que nos fez gostar da banda lá no início dos anos 2000 ficou pra trás. Não é ser chato, é só que Coldplay virou uma outra banda. Mesma coisa se o Radiohead de hoje pra amanhã ficar igual ao Maroon 5. Quem gosta da banda certamente vai torcer o nariz. Radiohead sempre experimenta coisas novas mas dentro de um contexto e de um estilo específicos e que não se perdem. Já o Coldplay despirocou e virou essa coisa carnavalesca aí. A maioria dos fãs de hoje é gente que ficava berrando “OOOOooooOOOOOOoooOOOOHHHhhh” com Viva la Vida, que diga-se de passagem marcou o início da descida rumo ao fundo do poço do pop sem vergonha.

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