Em meio à infindável contribuição da hoje já saudosa cantora Gal Costa para a música brasileira desde há muitos anos, tem uma enorme mais recente, que foi sua aproximação com essa nova MPB de hoje, mais independente. Meio que dando seu aval, meio querendo fazer parte. Ela, que ajudou a inovar a MPB lá atrás, queria ainda assim, mesmo no fim da carreira, estar perto do novo.
Na última década, Gal passou a viver uma nova fase pessoal, ainda disseminando sua história na música do país mas também construindo novos caminhos junto à crescente CENA. Esse link foi facilitado principalmente por seu envolvimento artístico com o produtor Marcus Preto.
O lançamento de seu álbum, “A Pele do Futuro”, em 2018, contou com composições de nomes da MPB contemporânea como Marília Mendonça e Tim Bernardes e trouxe uma marcada mudança de posicionamento para a cantora.
Nos anos que seguiram, além de extensa turnê solo para o álbum, Gal começou a se apresentar nos muitos festivais independentes pelo Brasil, como o SeRasgum, em Belém; o CoMA, em Brasília; e mais recentemente no Coala Festival, em São Paulo, sua última apresentação ao vivo – inclusive escrevemos aqui sobre esse show hoje mais histórico do que nunca.
Em suas andanças pelos festivais indies, a proximidade aos artistas expoentes na CENA a levou a muitas colaborações, como a participação de Rubel e Tim Bernardes em seu show no Coala. Essa conexão às novas vozes resultou em um disco de releituras de seus clássicos, o “Nenhuma Dor”, de 2021, gravado em sua totalidade em duetos com artistas como Criolo, Seu Jorge e Zé Ibarra.
Gal Costa, aos 77 anos, deixa um legado de mais de 50 anos contribuindo ativamente para a música brasileira, sempre abraçando as novidades de forma singular. Será sempre lembrada como a artista majestosa que foi, para qualquer geração em que ela emprestou sua voz única. A geração dela ou as que vieram depois, chegando até nossa CENA de agora.
Muito obrigado, Gal!