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* Vamos direto ao ponto. O Arcade Fire fez uma daquelas músicas de emocionar. Não teve chance para os outros. Mas o Top 10 está todo emocionante, já que o assunto parece ser “sentimento”. Impossível não se comover com a evolução do Fontaines D.C. ou com a manha do Jay-Z em, um verso, contar cinco histórias. Ou com a gente descobrindo mais uma banda irlandesa maravilhosa. Fora a Porridge Radio. Bom, vamos à nossa lista da semana (e, claro, à playlist absurda que resulta disso tudo).
1- Arcade Fire – “Unconditional I (Lookout Kid)”
E só cresce a empolgação com o novo disco do Arcade Fire. Neste novo single de “WE”, lançado nesta semana, a banda entrega um pouco de sonoridade que ficou de lado desde “The Suburbs” e manda uma letra com uma supervibe de motivação. Se liga em alguns versos em tradução livre:
– “Você não tem que atuar a partir do que escreveram para você/ Apenas seja verdadeiro”
– “Se você perdeu, não fique mal, é ok ficar triste”
– “Nada é perfeito, ninguém é perfeito. Vou repetir: ninguém é perfeito”
Tudo bem, pode achar tola a mensagem da música. Em tempos tensos como os nossos, ela parece ter a energia de tirar muitos de seus calabouços pessoais. Na dúvida, vá ver os comentários sobre ela no YouTube.
2 – Fontaines D.C. – “I Love You”
É interessante quando o Fontaines D.C. pensa na discografia do Nirvana como horizonte. Ou quando nós pensamos pelo Fontaines. Fazer bons três discos é uma missão e tanto. E ambas as bandas conseguiram. Daí que é interessante também extrapolar a intenção dessa declaração. A atual banda de Dublin é relevante no mundo desde sua estreia. “Bleach”, estreia do Nirvana, não teve essa sorte – e isso conta um pouco sobre como a música se espalha hoje em dia. Ao passo que “A Hero’s Death” talvez nunca alcance a popularidade de “Nevermind” – um capítulo e tanto sobre a presença do rock no mainstream atual. Coincide que “In Utero”, terceiro álbum do Nirvana, e “Skinty Fia”, terceiro do Fontaines, sejam suas obras mais viscerais e complexas e fora da ordem. “I Love You” é a canção que carrega essa paixão e complexidade, ainda que bem menos cifrada que as coisas que Kurt Cobain escrevia. Coloque “I Love You” ao lado de “Big”, primeira música do primeiro disco do Fontaines. Os garotos cresceram mesmo. A energia é até parecida, mas o desenvolvimento é outro. Quatro discos relevantes é uma treta, mas o Fontaines D.C. parece pronto para a tarefa.
3 – Sprints – “Modern Job”
E já que estamos falando de uma banda irlandesa… Vamos ficar por Dublin mais um pouco. O Sprints é um grupo novinho dessa cena local deles lá. Mas, se o Fontaines D.C. olha para um lado mais contemplativo do pós-punk neste momento, o Sprints está mais na fase de agitar. Esse é o pique. “Modern Job” mira na família tradicional. “Em seus anos de formação, você é bombardeado com mídia, livros, notícias que retratam o que deve ser uma vida “normal”. Viva a família nuclear”, ironiza a vocalista Karla Chubb.
4 – Pusha T – “Neck & Wrist” (com Jay-Z e Pharell)
Semana passada a gente falou que ia continuar falando do Pusha T… E, bom, se a faixa anterior trazia Kanye West, essa tem a participação de Jay-Z, com uma estrofe todinha naquela linha “por que vocês duvidam tanto de mim?”. Para os haters, ela manda: “I blew bird money, y’all talkin’ Twitter feed”. Um verso que se especula ter no mínimo cinco sentidos diferentes, já que bird pode significar drogas, pode ser uma referência ao próprio símbolo do Twitter e pode até ser uma indireta para outro rapper, entre outras possíveis conclusões nada conclusivas. Adoramos que a opção que a tirada seria: “Vocês são ricos no Twitter, eu na vida real”.
5 – Porridge Radio – “End of Last Year”
Não sabemos nem o que falar desta música nova linda de morrer (pronto, soubemos!) da especialíssima banda inglesa Porridge Radio. O jeito que a maravilhosa Dana Margolin canta é daqueles que deixa na gente dois sentimentos controversos nao mesmo tempo, como se isso fosse possível: o da mais profunda tristeza ou da mais suprema alegria. A gente que se entenda na hora de ouvir Porridge Radio.
6 – Bloc Party – “Traps”
Chegou bem esse novo disco do Bloc Party, após seis anos de silêncio da banda inglesa em relação a novidades sonoras. Energia, boas letras. A historinha de “Traps” dá conta disso, um pouco. A linha de baixo é tão chamativa que a equipe da banda parava para ouvir toda vez que eles testavam a música em passagens de sons. Rolou com a gente a mesma cena. Você está ali escutando um disco de boa e de repente “opa, tem algo aqui”.
7 – Melody’s Echo Chamber – “Looking Backward”
Conhece a historinha básica do Melody’s Echo Chamber? O projeto tocado pela francesa Melody Prochet começa quando ela tromba Kevin Parker do Tame Impala em uma turnê, com seu trabalho anterior. Resultado do encontro: Kevin produziu seu primeiro trabalho e, de acordo com Melody, ajudou a tirá-la de uma zona de conforto. De lá para cá são mais dois álbuns, incluindo a novidade “Emotional Eternal”. A recepção lá fora foi um tanto quanto fria, mas vai agradar muito fãs de Tame Impala, sem dúvida, pela levadinha gostosa.
8 – Mahalia – “In the Club”
Lembra “In Da Club”, clássico hip hop do 50 Cent? A Mahalia, jovem britânica que arrepia em um R&B moderno, usa a construção do marcante refrão para mandar um recado para aquelas amizades que só querem colar quando as coisas vão bem, manja? Tem quase 20 anos a música do 50 Cent… Tem quem não vai pegar a referência de cara. De todo modo, pegando ou não, esta música é bem boa.
9 – Wilco – “Falling Apart (Right Now)”
A gente achando que o grande Wilco ia viver de relançamento, que nada! Tem disco novo vindo por aí: o duplo “Cruel Country”. O nome entrega: é a banda ainda mais imersa no country, mais in que alt, saca?
10 – Lady Gaga – “Hold My Hand”
Lady Gaga escreve a música do novo “Top Gun”, que tem a difícil missão de conquistar mais corações do que “Take My Breath Away”, do Berlin, que levou um Oscar para casa pelo filme, lá nos anos 80. Não sabemos se ela vai chegar a tanto…
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* As imagens que ilustram as vinhetas do nosso ranking internacional são da banda canadense Arcade Fire.
** Este ranking é formulado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.
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