Sunday Bloody Sunday: o Slipknot insano de sempre e o coitus interrompidus do Mastodon em SP

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* No último dia de “rock do diabo” em São Paulo, ontem, nosso colaborador e poploader Fernando Scoczynski estava lá, claro. Nessas de botar em SP diversas bandas que se apresentaram no bizarro Rock In Rio, restava ao Mastodon e ao Slipknot a tarefa de fecharem esse longo fim-de-semana de shows. A primeira delas, em sua primeira passagem pelo Brasil, havia tido recepção impressionante no Rio; a segunda, trouxe a legião de fãs de costume, como já fez outras três vezes aqui.

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Apesar das pouquíssimas camisetas do Mastodon na plateia, a banda da Georgia se encontrava um pouco mais alinhada ao som do Slipknot do que a combinação da noite anterior, que juntou Deftones e System of a Down na sexta-feira. A grande maioria da plateia recebeu o quarteto Mastodon surpreendentemente bem, pulando em todas as músicas e entoando o nome da banda quando possível, arrancando sorrisos dos músicos. Estava tudo indo bem, até o solo da faixa “The Motherload”, quando caiu uma chuva fortíssima. Por algum motivo, a plateia fez o oposto do esperado. E decidiu reagir ainda melhor ao show. Foi um momento único de se presenciar, banda e público motivados pela chuva épica, que até combinava com o som.

Seria ótimo se continuasse assim, mas logo o vento começou a levar a água para o palco, chegando até o baterista Brann Dailor e encharcando todo o equipamento do show. Após concluir a faixa “Aqua Dementia” (bela ironia), os músicos se despediram rapidamente e saíram do palco, pois era impossível continuar com tamanha chuva. O guitarrista Brent Hinds até ameaçou uma volta, com guitarra na mão e sem camisa, ovacionado pelo público, até um roadie avisar que realmente era o fim do show. Foram 30 minutos excelentes, mas deixando um gosto amargo de pocket-show. Cerca de minutos após o fim abrupto do Mastodon, a chuva já tinha parado. E não voltou mais.

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A apresentação do Slipknot é basicamente aquela coisa insana que muitos já viram pela televisão – e quem não viu deve fazê-lo o mais rápido possível. Ver o grupo de palhaços do mal de Iowa em carne-e-osso é ainda mais impressionante, claro, já valendo o espetáculo só pela quantidade de labaredas de fogo que usam na apresentação sem causar incêndios descomunais. Infelizmente, nem tudo está tão bom quanto nas vezes anteriores que a banda tocou aqui, em especial o palco: agora, é uma mistura bizarra de cafonice e parque de diversões barato, com luzinhas coloridas e uma escultura de cabeça de bode gigante que perderia fácil para um carro alegórico de uma escola de samba qualquer. Do Carnaval de São Paulo, ainda.

Mesmo com o palco semi-ridículo, a banda sonoramente entregou o que se esperava. Os músicos audíveis fazem o som complicado do Slipknot parecer fácil de se tocar, e os músicos inaudíveis aumentam o espetáculo visual. Em uma jogada esperta (porém manjada), a banda saía completamente do palco a cada duas ou três musicas, voltando então somente o vocalista Corey Taylor para massagear o ego da plateia e criar suspense para a próxima canção. Dava certo, mas o tempo ocioso irritava, bem como a história de “Vocês são uma das três melhores plateias do mundo”. Você diz isso para todas, né, Corey?

O setlist foi competente, mas focou demais no último disco do Slipknot, “.5: The Grey Chapter”, que, no geral, está muito aquém do material mais antigo da banda. Apesar disso, as novas “The Devil In I” e “Custer” vingaram, com esta última fechando o set principal de forma explosiva. Já as músicas antigas tiveram a reação esperada: muito mosh e coros em todas as letras. Em “Spit It Out”, a famosa paradinha para fazer todo o público sentar e pular ao mesmo tempo (e funcionou). Em “Surfacing”, não teve a famosa plataforma de bateria que gira, mas o show já estava ganho faz tempo àquela altura. E ninguém pareceu se sentir desfalcado.

Vale notar que a plateia do System of a Down, de dois dias atrás, parecia ser um tanto mais respeitosa, sem tentativas descaradas de machucar outros fãs, coisa que vi acontecer com fãs do Slipknot. Para dois públicos que já beiram a faixa etária dos 30 anos, o do SOAD ganha, tanto em participação no show quanto em educação.

Todo mundo sentou. Daí todo mundo pulou. É pra isso que serve a câmera lenta do celular. #Slipknot

Posted by Fernando Scoczynski Filho on Sunday, 27 September 2015

* A foto do Mastodon é do Reduto do Rock. As do Slipknot (deste post e da home da Popload) são de divulgação.

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