Envelhecer costuma ser entendido como sinônimo de amadurecimento e autoconfiança ou algo do tipo. Na prática, a vida adulta meio que devolve essas expectativas de um jeito não muito amistoso e a realidade bate na cara com frustrações sucessivas, relações desgastantes, desencontros e uma constante sensação de exaustão emocional. É desse lugar que nasce “I Quit”, novo álbum das meninas Haim, lançado nesta sexta.
O novo trabalho de Danielle, Este e Alana consolida de vez uma transformação até certo ponto natural e que já dava sinais desde “Women In Music Pt. III”, de 2020. Se no início da carreira o Haim era quase a definição da coolness californiana, com três irmãs jovens, carismáticas, que misturavam indie, soft rock e R&B com uma leveza absurda, hoje elas assumem uma versão mais honesta, crua e vulnerável de si mesmas. E essa mudança não significa abrir mão do prazer de fazer música pop, veja bem.
A produção segue nas mãos de Danielle e do ex-Vampire Weekend, Rostam Batmanglij. O álbum também conta com parcerias pontuais de nomes como Justin Vernon (Bon Iver), Tobias Jesso Jr., Cass McCombs e Jack Hallenbeck, que ajudam a ampliar ainda mais esse leque sonoro. As referências aos anos 90 são evidentes, desde o sample de “Freedom ’90”, de George Michael, na faixa de abertura “Gone”, até os ecos industriais da subestimada “Numb”, do U2, que aparecem no encerramento com “Now It’s Time”.
Entre os grandes momentos do disco estão a anteriormente conhecida “Down To Be Wrong”, balada com pegada nostálgica e de refrão grudentinho e pronto para ser trilha indie do verão, e “Everybody’s Trying To Figure Me Out”, parceria com Justin Vernon que transforma inseguranças em melodia. “All Over Me”, o novo single que ganhou vídeo hoje, também é bem boa.
“I Quit” é o primeiro disco do trio em cinco anos e o quarto da carreira. Pouco, se a gente pensar que já as conhecemos há quase 15 anos. As 15 faixas podem ser conferidas abaixo, para embalar o final de semana.