A cadeirada do Sleaford Mods no Reino Unido. Ouça “Bang Someone Out”, que vem com vídeo “obra-de-arte”

Se é que você ainda não notou, saiba que o incrível duo britânico de malucos Sleaford Mods faz show único em São Paulo, no Carioca Club, no dia 2 de novembro.

Chamo os caras de dupla doida não é à toa. Banda daquelas inqualificáveis, a Sleaford Mods produz um som mecânico cujo único instrumento usado em estúdio e no palco é um computador. E o cara que canta não canta: ele fala.

Sobre os dois figuras que tocam o Sleaford Mods, são veteranos da cena underground de Nottingham, UK, que tem horas que você quer ser amigo deles e em outras se afastar deles para o mais longe possível.

Eles, Jason Williamson e Andrew Fearn, dançam no palco (e nos vídeos). Mas o “dançar” aí tem uma conotação peculiar. Melhor sempre nas aspas, mesmo. Eles “dançam” no palco.

É tudo tão bizarro à cerca desses britânicos que botá-los para fazer seu show electropunk politizado e único no Brasil em um clube como o Carioca Club, com uma banda mineira de thrash metal abrindo (os ótimos Black Pantera), passa a ter o maior sentido do mundo.

Dito tudo isso, e inevitavelmente não deixando de ter em mente a cadeirada do Datena no Marçal ontem no debate dos prefeituráveis paulistanos na TV Cultura, no fim de semana o Sleaford Mods lançou em vídeo uma performance para a música “Bang Someone Out”, em tradução livre “Socar Alguém”.

Você leu certo. Eles lançaram a “performance” (mais aspas para falar do Sleaford Mods). Porque a música mesma nem é nova, é de 2018, e só consta de um EP deles chamado… “Sleaford Mods”. Não está em nenhum dos DOZE discos deles, então nem está no último, “UK Grim”, que foi lançado no ano passado. Foi escolhida porque sim.

O vocalista spoken-wordiano Jason Williamson explicou que “Bang Someone Out” é… bom, deixa ele falar: “Ela é talvez a primeira de muitas músicas em que escrevi sobre a fantasia da violência e da agitação social. Começou a parecer cada vez mais claustrofóbico no Reino Unido, à medida que as guerras culturais dominavam os muitos portais das redes sociais, uma ferramenta pela qual o público se tinha tornado obcecado em 2016”.

Williamson continua: “Conheci o Chris [Floyd, o diretor do vídeo] numa entrevista para a [publicação inglesa] “Idler”. Ele apareceu para fotografar a entrevista. É um fotógrafo extremamente talentoso e sem sentido, e demo-nos logo bem. Alguns meses mais tarde, fui convidado para ir a um armazém em Birmingham para fazer umas filmagens de movimento com o Chris e a sua equipe. Escolhemos “Bang Someone Out” e, basicamente, filmaram-me a fazer o meu número de palco por todo este vasto armazém vazio. Foi um bom dia de trabalho”. Armazém sujo e com poças de goteira, bom salientar.

Ou seja, obra-de-arte por tudo o que envolve:

* Quer “Bang Someone Out” ao vivo de seis anos atrás?

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* Os ingressos para o Sleaford Mods no Carioca Club, dia 2 de novembro, podem ser encontrados aqui.