XX, Grimes, Best Coast, Gossip. Popload no Treasure Island Festival, em San Francisco

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* Não pense que os festivais pelo mundo já acabaram em 2012 e agora só restam o Planeta Terra, o Airwaives da Islândia, o Coachella do navio e mais dois ou três Popload Gig. Neste final de semana agora aconteceu em San Francisco, na Califórnia, o Treasure Island Festival, evento de dois dias numa ilha artificial criada aos pés de uma das pontes de San Francisco, numa região que no total tem 4 km quadrados e onde moram perto de 3 mil pessoas somente. E que ainda sim tem um bom espaço para eventos culturais. Pensa no visual.

Olhos e ouvidos da Popload no festival californiano, a leitora Isabela F Teixeira, foi ao Treasure Island Festival e conta um pouco do que viu, o que inclui shows do XX, Best Coast, Gossip, Grimes etc. A Isabela diz que e mostra que…

O Treasure Island Festival são dois festivais diferentes em cada um de seus dois dias. O cenario é lindo, uma ilha em San Francisco que dá nome ao festival. Do centro de SF para lá, com o shuttle bus do evento, dava aproximadamente 20 minutos em um caminho de belas paisagens.

DIA 1. Sábado
No primeiro dia, um público teen empolgado dominou o festival, experimentando todas as novidades musicais, a onda dubstep e o que for diversão. No início do sábado não havia multidão, tudo tranquilo e pequenos grupos se amontoavam perto dos dois palcos, o Bridge Stage (principal) e Tunnel Stage, onde os shows se intercalam sem um palco “atravessar” o outro.
A primeira artista a levar um pouco mais de gente para a frente do palco foi a Grimes, no menor deles. Claire Boucher e suas eletronices empolgaram. Ali na frente dava para ver que o público era de fãs: as letras na ponta da língua e danças frenéticas. Para o horário, cedo, um sucesso.


Na sequência, o músico de eletrônica vanguardista Matthew Dear entrava no palco principal. Eram 3 da tarde e o sol estava forte. O show foi incrível, mas um pouco sombrio para o horário. A galera não estava muito aí para o som.
O bom deste festival é que a área geral não era muito grande, nao havendo necessidade de andar longas distâncias entre um palco e outro. Acabando Matthew fui direto conferir Toro Y Moi, onde a garotada se divertiu, dancando sem muito ritmo, fazendo graça entre uma música e outra, cantando alguns poucos refrões. Ali deu para notar qual era a do festival, pelo menos em seu primeiro dia. Não importava muito conhecer, entender ou se dizer entendido de música, o que importava lá era se divertir com os amigos!
Nessa, uma surpresa boa foi Araabmuzik, uma mistura de hip hop instrumental, eletrônico. Experimental para viajar, dançante na medida, fizeram do pôr do sol mais bonito do que já estava. Uma mistura das cores vermelha, laranja, amarela desenhavam o céu no fim de tarde californiano.

Depois disso dei uma volta pela área do festival, onde havia a tenda da “Silent Disco”: pista de dança onde todos usam fones de ouvido e sintonizam canais diferentes de música. Se você tirar o fone no meio da pista, não ouve nada, a não ser as várias batidas de pés dancando! Todos interagindo na pista, mas ninguém se comunicando efetivamente!
De volta aos palcos, vi o Presets, uma grande expectativa da minha parte! A plateia já estava tomada antes de entrarem em cena e surpreenderam com a grandeza do show. Os vi algum tempo atrás em Sydney e agora eles estão grandes!
Teve o SBTRKT, bem pesado e com gente dancando sem parar com uns passos esquisitos, e para encerrar a noite o Girl Talk e seus mashups meio baguncados, meio interessantes, bastante movimentados! Meus pés não me deixariam ficar o show inteiro. Voltei a San Francisco.

DIA 2. Domingo

O segundo dia parecia outro festival. O lugar é o mesmo, mas público e som, bastante diferentes. Cheguei relativamente cedo e dei aquela vasculhada, nas barracas de artesanato: muita pena, muita pedra em brincos e anéis. Nas de roupas, só as extravagantes. Estamos em San Francisco.
E sol na cabeca. Muito mais gente que no sabado em relacao ao horário, tipo antes das 2 da tarde. Uma considerável multidão já estava lá: casais, famílias, grupos de amigos, avulsos, gente de todos os estilos e razoavelmente mais velhos que do dia anterior.
Logo começou o Wild Belle. Que delícia de show. Agradável, com um vocal suave da Natalie Bergman, que foi simpática com o público e cantou docemente. Depois, o Youth Lagoon, que era uma curiosidade minha ver de perto. Ouvi que o dono do projeto, o Trevor Powers, é um geniozinho de 21 anos. Faz um eletronico-indie esquisito. Esquisito de diferente, bom de ouvir, para ouvidos mais agucados e apreciadores de eletronico acho que é uma ótima pedida. Dream pop.

Mais para frente, no palco principal, entrava o Best Coast. Com o sol ja se pondo num cenário encantador, soltavam a voz com seu surf rock lo-fi. De cara, “When I’m with You” fez todo mundo cantar e em uma de suas falas os californianos agradeceram ao “eterno verão” de seu estado.
Mas ja nao estava assim tão quente e o outuno mostrava a cara. Nao sei se a minha expectativa era muito alta com relacao ao show, pelo fato de eu não estar no Brasil para assisti-los no Planeta Terra, mas queria vê-los de novo para formar uma opinião mais concreta. Espero que o show de São Paulo empolgue mais!
Se teve uma banda que irei acompanhar e ouvir mais é a M83. Sério! Fez todo mundo dançar. Nao sabia da sua popularidade por aqui, mas o francês parecia bem à vontade com seu repertório e com o publico da Califórnia. Dancei e pulei junto!

Eis que veio Gossip no palco menor e todas as atenções foram para Beth Ditto. Ela não se incomodou ao esquecer letras, dizer que estava bêbada e a cada “deslize” seu a galera ia ao delírio. E afinada hein?! Desenvolta, dançava enquanto cantava, cantava enquanto dançava. Eu, que já me programei algumas vezes para vê-la e nao vi devido a cancelamentos de shows no Brasil, tinha uma pontinha de raiva da fofa. Porém o show contagia, a galera danca, canta, literalmente “sai do chão”!
Mas, como eu nao podia ter tudo ao mesmo tempo e festival muitas vezes temos que abrir mão de certas coisas, decidi por não ficar até o final do Gossip e garantir um lugar bom no show de encerramento: The XX! (foto abaixo)

O grand finalle mesmo!!! O trio inglês abriu com “Angels” lindamente. Daí eles mesclaram músicas do novo álbum, “Coexist”, com o antigo, modernizaram algumas batidas, ousaram com mais eletrônico mesmo nas mais calmas (tipo “Basic Space”), poucos e bons efeitos visuais, máquina de fumaça com lasers, um clima um pouco sombrio e o “duas-vozes” que juntas fazem qualquer um arrepiar!
Finalizaram com “Stars” e dedicaram a um amigo Kevin. Não explicaram quem é Kevin, alguém sabe?
Fim do festival mais easygoing em que eu estive presente. Shuttle bus de volta pra San Francisco e muitas memórias boas para guardar!

Texto e fotos Isabela F. Teixeira, da Agência Nossa

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