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THE MAN
Você deve estar acompanhando por aqui que Nick Cave, nosso ídolo do post-punk, volta a sua São Paulo para uma apresentação única e exclusiva no Popload Gig, em outubro. Ao lado do seu fiel The Bad Seeds, esse é um show que tem sido considerado imperdível não só pela Popload, mas por todo mundo que importa: “Rolling Stone”, “The New York Times”, “The Guardian”, “Pitchfork”… não sobrou uma só crítica meia-boca para a recente e catártica turnê “Distant Sky”. Nick Cave chora, grita, se emociona com as músicas de perda e morte, deixa ser levado pelo público, se ajoelha, entra em transe… É emoção demais para um palco só.
Por aqui, você pode passar por essa experiência única no dia 14 de outubro, no Espaço das Américas! Os ingressos estão à venda (e voando) aqui.
Daí que tem “Distant Sky”, o show, e tem o “Distant Sky”, o filme, na verdade o concerto da Dinamarca filmado que teve exibições recentemente em alguns cinemas do mundo, nesse fuzuê de anúncio da turnê de Nick Cave. Brasil estava na rota, mas por algum motivo, as sessões por aqui foram canceladas.
Então convidamos Marco Lockmann, fã entendido de Nick Cave e de muitos outros assuntos que nos dizem respeito, a falar sobre a recente exibição do filme-concerto “Distant Sky” lá em Nova York, onde mora. E a experiência que ele teve vendo o filme do show do Nick foi a seguinte:
O ápice depois do ápice
Nick Cave ao vivo (nos cinemas) com o show de sua última turne “Distant Sky”
Em 2013, quando Nick Cave e seus Bad Seeds lançaram “Push The Sky Away”, o décimo quinto (!) disco da banda – que além de ter reviews extraordinários entrou direto como #1 na parada independente Inglesa – a conversa que cercava o disco era que este era o ápice da carreira de Cave, o ponto onde ele ganhou “legitimidade” (se é que existe algo assim em música) como herdeiro direto de seus ídolos Leonard Cohen e Bob Dylan.
Com “Push The Sky Away”, Cave teve uma audiência gigantesca, passando a tocar em estádios (sem depender exclusivamente de “hits antigos” como muitos contemporâneos) e passou de performer errático (nos tempos do Birthday Party e nos early days dos Bad Seeds) para comandar multidões em estádios numa tour que durou mais de um ano e que emendou com a gravação do disco seguinte “Skeleton Key”.
No meio da gravação do disco, a morte acidental do filho de Cave e a decisão dele de continuar gravando e indo em turnê como um meio de lidar com a perda, trouxe à tona uma outra versão do músico australiano, ainda mais madura e intensa do que a do disco anterior (mostrada em “Once More Time with Feeling”, filme que documenta a gravação e a reação de Cave com a perda mostrando uma vulnerabilidade única).
O show capturado em “Distant Sky”, baseado neste último disco de Cave, “Skeleton Key”, é diferente da turnê anterior – mais emocional, mais pesado e ao mesmo tempo mais vulnerável. Além da performance intensa de Cave, Warren Ellis, o multiintrumentisca e atual braço direito de Cave em todos seus projetos musicais (de Grinderman às inúmeras trilhas sonoras que tem composto), cria uma atmosfera única, misturando pianos, guitarras distorcidas, percussão e cellos….alternando momentos violentos como a nova versão do “clássico” “From Her to Eternity” até baladas longas como “Jubilee Street”, onde a plateia (e Cave) entram num semitranse (“I am transforming. I am vibrating. I am glowing”).
Num dos pontos altos do final do show, Cave canta “Girl in Amber”, a principal balada do disco com a imagem de Susie Bick (sua esposa) andando na praia em Brighton projetada no fundo com a mesma intensidade insana que canta uma das suas “Murder Ballads”. Para quem não acompanha de perto essa mudança na vida/carreira de Cave e a quase-violência com que ele entra nessas novas “baladas atmosféricas”, pode soar estranho, mas cabe aqui uma das suas falas em outro documentário recente sobre sua carreira (“20,000 Days on Earth”):
“In the end, I’m not interested in that which I fully understand”.
Cave está (mais uma vez) no ápice da sua carreira e talvez seja o mais importante live performer no mundo hoje. Ache um modo de vê-lo ao vivo…..
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* Pois então. Só para lembrar…
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