Ver de perto um show de Paul McCartney continua sendo uma das melhores experiências do pop

Depois de ficar quase duas décadas sem visitar o Brasil entre os anos 90 e o início deste século, Paul McCartney vem ao país bater ponto quase que anualmente desde 2010. E por mais que boa parte do show seja “mais do mesmo” – como o visto pela Popload na noite de ontem, em Belo Horizonte – estar diante de um beatle é sempre um acontecimento. Ainda mais quando a experiência vem carregada daquele medo chato de ser uma potencial última oportunidade.

Última oportunidade porque, acima de tudo, Paul é um senhor de 81 anos. Saudável, no pique, profissional como nunca, com a voz no lugar, carismático como poucos e atento a tudo o que acontece ao seu redor, ao ponto de parar o show porque um fã estava passando mal na pista. Ou seja, uma lenda. Mas, um senhor de 81 anos.

Um sujeito que continua entregando uma experiência de mais de 150 minutos, quase 40 músicas, e que se tudo der certo estará em um palco aos 100 anos, provando que, além de ser esta lenda, ainda sente paixão pelo que faz.

O primeiro dos dois shows da “Got Back Tour” na capital mineira rolou na Arena MRV, novo estádio da cidade, e teve os 42 mil ingressos esgotados em poucas horas. Para o segundo show, que acontece na noite de hoje, ainda restam poucos tickets.

Paul chega ao estádio, em BH. Foto: Marcos Hermes

Em sua terceira visita a BH, Paul dedicou algumas falas em português e inglês aos mineiros. Falou “trem bão” e disse que havia voltado para falar “uai”, ressoando uma campanha dos fãs que começou em 2013, ano de sua primeira aparição na cidade. Na plateia, uma figura especialíssima: Milton Nascimento, também com seus 81 anos e já aposentado dos palcos, e que foi ovacionado quando chegou ao estádio. Ele acompanhou a apresentação de seu ídolo a convite da produção da turnê e viu cada detalhe de um setor vip posicionado na divisa da pista premium com a normal.

Milton também acompanhou o baterista Abe Laboriel Jr. dar seu tradicional show a parte, desta vez com um agravante: com um problema no pulso esquerdo, o músico tocou as 2h30 de show só com a mão direita, pensa.

Abe Laboriel com uma proteção no pulso esquerdo. Foto: Marcos Hermes

O setlist de Paul mesclou canções de diversas fases de sua carreira com as clássicas dos Beatles, claro. As homenagens à Paul e George estão lá, como sempre. Os “na na na” de “Hey Jude” continuam sendo um dos pontos altos, assim como a pirotecnia absurda de “Live and Let Die”. Os momentos acústicos para clássicos como “Love Me Do” e “Blackbird” dão um tom intimista e faz todo mundo viajar no tempo, sejam os fãs da velha guarda ou os (muitos) da Geração Z.

Inclusive, continua sendo incrível o poder de Paul em rejuvenescer seu público, atraindo pessoas de 7 a 70 anos para os seus shows. Tudo bem que quem está na casa dos 70 e “cresceu” com o Paul sai do estádio com o sentimento de sonho realizado. Quem ainda nem chegou aos 18 provavelmente vai entender tudo melhor quando chegar aos 70. Em ambos os casos, veja bem, pode ser uma oportunidade única.

Mas, o sentimento é unânime: ter a chance de respirar o mesmo ar junto a um beatle continua sendo uma das melhores experiências do pop. Sorte de quem puder marcar presença nos próximos shows.

*** Além do show desta segunda, em BH, Paul ainda tocará em São Paulo (dias 7, 9 e 10), Curitiba (13) e Rio de Janeiro (16). Os ingressos estão esgotados.