Tem banda que completa 30 anos, tem parceria entre artistas que ainda têm um disco só cada, tem uma homenagem a um dos nossos maiores bateristas feita por dois arquitetos das palavras. Novos e velhos nomes na música mais rica do mundo, que é a nossa.
Minas e suas bandas dos anos 80/90. Se o Skank se despediu dos palcos, o Pato Fu foi menos radical na hora de celebrar seus 30 aninhos. Sentou e fez um disco de inéditas que leva o nome “30” e traz uma porção de inéditas fortes. Quem segurou a onda do confinamento durante a pandemia com certeza vai se emocionar com “Fique Onde Eu Possa Te Ver” e seus versos: “Só peço que aguente/ Que não fique Doente/ Eu Quero Tanto Te Encontrar/ Lá Na Sorveteria/ Quando Tudo melhorar”. Nos papos de divulgação do álbum, a banda formada por Fernanda Takai, John Ulhoa, Ricardo Koctus, Richard Neves e Xande Tamietti conta que celebra a longevidade e tem planos para o futuro. É isso, turma. Não podemos perder mais bandas queridas, não. E uma coisa que a gente não pode se esquecer de comentar é sobre a arte do disco feita por Bruno Honda Leite. Que trabalho lindo! Ouvimos falar que vão vender camisetas com esses desenhos… Queremos.
Cinco anos após sua morte, o baterista Wilson Das Neves vai ganhar um disco em sua homenagem, reunindo regravações e canções inéditas suas. “Senzala e Favela” é uma dessas inéditas que o autor não conseguiu colocar a voz. Era para ser uma parceria sua com Chico Buarque. Por conta do destino, ficou para o Emicida complementar a ausência. Essa reunião de grandes arquitetos da “língua brasileira”, para citar Tom Zé, não é por acaso. Wilson foi o baterista de Chico por décadas; Emicida foi o jovem parceiro de Wilson em diversas colaborações. Um tributo mais do que justo a um dos maiores bateristas da história da música brasileira.
Aqui no Top 50 da CENA já celebramos muito YMA e Jadsa, duas artistas novas e gigantesca com álbuns de estreia potentes; “Par de Olhos” (2019) e “Olho de Vidro” (2021), respectivamente. Imagina a nossa felicidade em saber que elas resolveram se juntar, fazer uma duplinha e vão soltar um EP desse encontro especial. “Meredith Monk”, que celebra a compositora norte-americana, é o primeiro vestígio de Zelena, o disquinho colaborativo. Uma sonzeira para quem gosta de inverter as horas. E detalhe: a faixa tem duas das guitarras mais criativas do Brasil conversando; a guita da Jadsa, lógico, e a guita de um certo mestre chamado Fernando Catatau. Conhecem ele de algum lugar?
Dos mais criativos da cena de rap da Bahia, Rei Lacoste, que se movimenta também pelo campo do design e do audiovisual, resolveu escrever uma love song sobre a dificuldades de às vezes parear teu lance e intenção com aquela pessoa especial. A letra vem em uma levada de reggaeton com muito suíngue brasileiro. Para não falar de amor sonzinho, ele convidou a cantora Dunna, dona de um vocal marcante, tão diferente do habitual por aí e ao mesmo tempo tão pop. Difícil colocar em palavras a sensação que dá, vá escutar. Em breve Dunna lança seu álbum “Banal”. Ela tem tudo para conquistar uma audiência gigantesca. Que duplinha foda. E não é a primeira parceria deles: procure por “Bicho de Sete Cabeças”, um abraço em Geraldo Azevedo.
Ainda pela Bahia, vale dar uma sacada na novidade do GIO, que talvez você também conheça pelo nome de Giovani Cidreira. Pelo selo Máquina de Louco, GIO reuniu Russo Passapusso e Melly em uma produção de Sekobass, mostrando que o peso do BaianaSystem começa a se tornar mais e mais coletivo, já que o selo é idealizado por Beto Barreto – Beto, Seko e Russo são parte da banda. E, mais uma vez neste Top 50, o tema é desencontro amoroso, eita nóis. O verão parece ter machucado muitos corações. Aô, sofrência.
Depois de uma imersão no pagode, Ludmilla apresenta no álbum “Vilã” uma imersão no pop moderno/música eletrônica/hip hop em um disco de tons variados e bem diferente de seus momentos pop anteriores. É um disco mais dark, talvez. Mas o sucesso continua. A gente achou inclusive essa nova fase bem mais divertida que a anterior. As letras passeiam entre ostentação, tiração de onda e contam com muito bom humor. “5 contra 1” é exatamente sobre isso aí que você tá pensando mesmo. Um papo sobre o vacilão que fica literalmente na mão, se é que nos entende aqui. Com o lançamento, Lud se mantém tranquilamente como a rainha do pop nacional no momento.
Não é a primeira vez que falamos isto em 2023: Sant, rapper da Zona Norte do Rio de Janeiro, tem tudo para ser o nome do ano. Ele está emplacando single bom atrás de single bom, assinou com uma gravadora grande e tem um jeito de rimar e escrever bem diferente do que está em voga na CENA. Vai dar bom essa mistura. Quem acompanha o rap nacional já cansou de ouvir falar do Sant, mas nossa previsão é a de que agora ele fura essa bolha. Esta nova com participação de Luedji Luna e VANDAl é uma love song daquelas com cenário em Salvador. Atento aos clássicos da música brasileira, Sant repete aquela dica essencial: “Você já foi à Bahia, nego? Então vá…”
Enquanto trabalham em uma extensa turnê pelos Estados Unidos, a turma do grupo paulistano Bike vai dando mais pistas do seu quinto álbum, que vai levar o nome de “Arte Bruta”. “Filha do Vento” é o segundo single e mantém a fina produção do guitarrista Guilherme Held, um herdeiro do grande Lenny Gordin, que garante aquela textura derretidinha e pegajosa. A letra é bem enigmática, mas isso não é uma barreira. Ela é tão encaixadinha na melodia que vai ficar na sua cabeça mesmo que você não entenda qual é a conversa ali.
Tem essa banda do Rio de Janeiro formada por Gael Sonkin e Vitor Terra que ainda tem pouquíssimas músicas lançadas, mas parece bem interessante. Na real, são apenas duas canções reveladas… Mas pelo que pesquisamos eles são amigos de artistas que já admiramos, como a Gab Ferreira e o Bruno Berle. Isso é sempre bom sinal para saber se um grupo está num caminho certo. Inclusive, o single novo conta com o Bruno nos vocais. Bem bom. Tem aquela vibe retrô futurista tão presente em nossos tempos.
A turma cearense do Selvagens à Procura de Lei acumula mais de 10 anos de estrada e já experimentou de tudo um pouco em sua sonoridade. Mas sua raiz sempre foi o rock numa linhagem mais indie. E é esse som que a banda foi resgatar justamente em uma música sobre nostalgia. O verão passou, mas esta é uma canção sobre verões e verões e verões. É tão nostálgica que já tem pegada de hit, de um som que você sempre cantarolou.
11 – Gab Ferreira – “Forbidden Fruit” (6)
12 – Jambu – “Caso Sério” (7)
13 – Alice Caymmi – “Desfruta” (8)
14 – Getúlio Abelha – “Voguebike” (9)
15 – Terraplana – “Me Encontrar” (10)
16 – ÀIYÉ – “Diablo” (11)
17 – Mahmundi – “Sem Necessidade” (12)
18 – Cícero – “Longe” (13)
19 – Kamau – “Classe” (14)
20 – César Lacerda – “Nítido Cristal Puro” (15)
21 – Rogê – “Pra Vida” (16)
22 – Carolina Maria de Jesus – “O Pobre e o Rico” (com Nega Duda) (17)
23 – Jards Macalé – “Coração Bifurcado” (18)
24 – Rodrigo Campos – “Atraco” (com Mari Tavares) (19)
25 – Rubel – “Lua de Garrafa” (com Milton Nascimento) (20)
26 – Assucena – “Nu” (21)
27 – Sessa – Vento a Favor” (22)
28 – Tetine – “Spaced out in Paradise” (23)
29 – Marina Sena – “Tudo pra Amar Você” (24)
30 – MC Tha – “Coisas Bonitas” (com Mahal Pita) (25)
31 – Bin Laden e Gorillaz – “Controllah” (26)
32 – Pabllo Vittar – AMEIANOITE (com Glória Groove) (27)
33 – Mateus Fazeno Rock – “Melô da Aparecida” (28)
34 – Tagua Tagua – “Pra Trás” (29)
35 – Nina Maia & Chica Barreto – “Gosto Meio Doce” (30)
36 – Chico César – “Ligue o Foda-se” (31)
37 – Gustavo Bertoni – “Marionettes” (32)
38 – Danilo Cutrim – “Vai Cair” (33)
39 – Maria Beraldo – “Truco” (34)
40 – Jonathan Ferr – “Preterida” (35)
41 – Mu540 – “Jatada Nostálgica Automotiva” (36)
42 – Jup do Bairro – JUP ME” (37)
43 – Betina – “O Coração Batendo no Corpo Todo” (com Luiza Lian) (38)
44 – Karen Jonz e CSS – “Coocoocrazy (com CSS) (39)
45 – 2DE1 – “Sin Perder La Ternura Jamás” (40)
46 – Sara Não Tem Nome – “Agora” (41)
47 – Letrux – “Esse Filme Que Passou Foi Bom” (42)
48 – Marcelo D2 – “POVO . DE . FÉ” (43)
49 – Lurdez da Luz – “Devastada” (44)
50 – Anelis Assumpção – “Rasta” (com Mahmundi) (45)
* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, a banda mineira Pato Fu.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.