Uma semana beeeeeeeeeem chocantemente triste para a música brasileira. A notícia da morte de Gal Costa aos 77 anos foi um susto para seus milhões de fãs. Uma artista gigantesca. Que transgrediu por gerações, sempre conectada ao presente no repertório que abraçava para interpretar. Ou inventar e reinventar, que seriam verbos mais justos para seu ofício. Do amor a João Gilberto até a admiração por novos valores da música brasileira, como Tim Bernardes, passando por revelar Luiz Melodia ou por abraçar Marília Mendonça. Seriam milhões de recortes possíveis do seus feitos, como os tantos bonitos recortes que vimos imediatamente depois da bad news pelas redes sociais. Neste triste momento, um intervalo modesto para lembrar com carinho dessa voz tamanha. Este Top é para Gal.
A dimensão do material que Gal Costa gravou ao longo de sua carreira daria conta de muitos e muitos Top 50. Da bossa nova, tropicália, Tom Jobim, Caymmi, seus álbuns recentes. Escolhemos três músicas queridas nossas na dor da perda, só como recomendação para que você passe horas e horas com Gal nos fones. Para os velhos fãs, para quem só entendeu sua importância agora. Não tem quem não seja bem-vindo a escutar essas belezas. Muda vidas.
Esquadrão indie formado por Luccas Villela na bateria, Gabriel Arbex na guitarra e Fernando Dotta no baixo. O primeiro, baixista do grupo post-rock E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante; o segundo, produtor do Terno Rei; o terceiro, capo da Balaclava Records. A música é instrumental e dá as caras da nova banda, burilada desde 2018 e que logo mais lança o álbum completo, obviamente via Balaclava. Além de se aventurar nas apresentações ao vivo em lugares tão novos quanto o Dozaj. Sobre “Parede Alta Vista Curta”, a música “é torta, mas não é.”
“Um sonho antigo acaba de se realizar.” Olhando de longe até parece um verso muito simples esse. Mas em 2022 ele pode ter tantos sentidos que se torna um verso gigantesco, dentro do contexto musical da banda paranaense. E esse é só um dos muitos bons versos que o trio Tuyo apresenta em seu novo EP, “Depois da Festa”. Nas palavras deles, “um EP de fim de ano. Simples, sem grandes pretensões de mudar os rumos da música no Brasil”. Se é assim, sem querer querendo, a banda celebra seu bom momento e compartilha essa festa íntima com os fãs. Para ouvir pensando em um bom 2023.
E, por falar em versos com amplas interpretações, Passapusso abre o álbum “Alto da Maravilha” com “Estava esperando a poeira baixar”. Entenda como quiser. Nesse encontro de gerações que já vinha se desenhando há algum tempo, já que Antonio Carlos e Jocafi participaram de coisas do BaianaSystem, ganha o ouvinte. “É a síntese da união musical entre o nosso afrofunk e o afrobeat, com a poderosa e potente atmosfera ancestral e afrofuturista de Russo Passapusso”, escreveu Antônio Carlos. É um disco de explosão e reflexão. Por isso, escolhemos a abertura potente de “Aperta o Pé”, mas já de cara recomendamos ainda a sutileza em forma de canção que é “Olhar Pidão”.
Lançamento quente do selo produtor Música Quente botando de novo a cena mineira em destaque. “Sixteen” é o nome de uma das faixas do bom disco de estreia da banda algo nova Sci Fi, de Belo Horizonte, do conhecido da cena Bruno Faleiro, que já nasce forte inclusive com ligações com outros nomes do som independente do país, tipo Ale Sater, do Terno Rei. Muitas faixas a destacar, mas vamos a que nos dá o Pavement como ligação umbelical direta.
Uns 20 e tantos anos do último disco de inéditas, os cariocas do Planet Hemp resolveram chegar tacando fogo na cena (além de em outras coisinhas mais…). A banda, que voltou aos palcos, tem um bom período junta ensaiando esse disco e mostra que a espera valeu a pena – a coleção de canções é uma pancada. Seja sonora, seja no bolsonarismo. E, quando o papo é maconha, como não?, a conversa vem atualizada, mirando na esperta jogada da indústria farmacêutica em liberar a erva em doses homeopáticas para agrados da política, que não parecem interessada em interromper a guerra às drogas. Guerra que é perdida todos os anos e… bom, conhecemos bem essa história.
Novo single do grande produtor e beatmaker mineiro VHOOR, o cara do baile moderno. Tanto que vai buscar suas referências no baile (funk) antigo, que por sua vez buscou no Afrika Bambaataa. Sururu formado. VHOOR redesenha as pistas de hoje. Melê interessante de funk carioca, hip hop e electro. Rapaz… que bala!
Sabe quando a letra dispensa explicações nossas? Esta inédita do Pato Fu está bem nessa linha. E que saudade que a gente estava desses mineiros…
“A besta lá vem, deixando pegadas
Das coisas terríveis de tudo que faz
A besta lá vem, fazendo piadas
Com hipocrisia arrebanhando imorais”
Se ficou na dúvida, outra música desta leva nova do Pato Fu se chama “Curral Mal-Assombrado”.
11 – Lucas Santtana – “Vamos Ficar na Terra” (4)
12 – Marina Gasolina – “Know Nothing” (5)
13 – Trupe Chá de Boldo- “Ouça Onça” (6)
14 – Gab Ferreira – “Laughing” (8)
15 – Joy Sales – “Signos Fincados” (9)
16 – Far from Alaska – “Olha (com Lenine)” (10)
17 – Wry – “Contramão” (11)
18 – Djonga – “Até Sua Alma (com Tasha e Tracie) (12)
19 – Number Teddie – “Poderia Ser Pior” (13)
20 – Mestre Môa do Katendê – “Veía Coló (com Edgar e BNegão)” (14)
21 – Janu – “Vey” (15)
22 – ÀVUÀ – “Bentivi” (16)
23 – Xênia França – “Ânimus × Anima (com Arthur Verocai)” (17)
24 – Giovanna Moraes – “Caixa de Pandora” (18)
25 – Do Amor – “Nefelibata” (19)
26 – Jup do Bairro – “Pelo Amor de Deize” (20) (com Deize Tigrona)
27 – Deize Tigrona – “Sururu das Meninas” (21)
28 – Luedji Luna – “Nova Deli” (com Oddisee) (22)
29 – Tulipa Ruiz – “Novelos” (23)
30 – Cecília Cecilina – “O Canto dos Sapos” (24)
31 – Vanguart – “Oceano Rubi” (Estreia) (25)
32 – Chico César – “Bolsominions” (26)
33 – Marina Gasolina – “Struck” (27)
34 – Spainy e Emicida – “Rap Pagode” (28)
35 – Vírus – “Foice Facão e Peixera” (com EVYLiN e Urias) (29)
36 – Criolo – “Charlie Brown” (30)
37 – Ubunto e Nara Gil – “Abafabanca” (31)
38 – Tim Bernardes – “A Balada de Tim Bernardes” (32)
39 – Rashid – “Não Sabem de Nada” (33)
40 – Ombu – “Pare” (34)
41 – Jonathan Ferr – “Lá Fora” (com Coruja BC1, Zudzilla, Lossio) (35)
42 – Josyara – “MAMA” (36)
43 – Valciãn Calixto – “Adoção” (37)
44 – Maglore – “Para Gil e Donato” (38)
45 – José Miguel Wisnik – “O Jequitibá” (39)
46 – Black Pantera – “Isolamento Social” (40)
47 – Tom Zé – “Pompeia – Piche No Muro Nu” (41)
48 – João Donato – “Órbita” (42)
49 – Rico Dalasam – “Guia de um Amor Cego” (com Céu) (43)
50 – Nobat – “Beira do Mar” (com Luli) (44)
* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, a inesquecível Gal Costa.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.