Liberdade, paixão e uma tardezinha de domingo. Precisa de mais? É um pouco do que cantam as canções que separamos para dar destaque nesta semana. E, para que não acusem a gente de novidadeiro, recuperamos uma música de 2020 que volta por ter finalmente o show de seu álbum na rua. Vamo que vamo.
Entre o francês e o português, Loïc Koutana, artista afro-francês, que pode se orgulhar de também ser brasileiro, canta sobre sua liberdade – em amplos sentidos, da musical até a da vida pessoal, dos relacionamentos ao jeito de encarar o mundo. Em trânsito, em trânsito livre. Na canção, o sofrimento vem de outro que só o quer nos seus termos, de maneira irresponsável. Mas nem vem que não tem, amigo. O novo single de seu projeto L’homme Statue mantém bem a sonoridade apresentada em “SER”, lançado em 2021. Música eletrônica expansiva, aberta a abraçar o pop e de ser mais experimental quando dá na telha. “Tu nunca vai me prender”, ele canta no último verso com razão – a questão é que a gente que fica preso no som dele.
“100% black music” estampa um selo na capa do novo CD do ÀTTØØXXÁ. E aqui vale chamar o álbum de CD porque a banda baiana investiu na capa de “Groove”, em uma estética bem noventista que lembra os compact discs – com direito até aquele selinho brilhante que vinha nos “originais”, lembra? Escapa na arte até um marcador de preço que na real estampa o prefixo de Salvador, Brasil. E é um disco que remete à era de ouro das grandes gravadoras pela grife das participações especiais: Carlinhos Brown, Liniker, Negra Japa, Thiaguinho e Victor Leony. Entre as nossas favoritas está a deliciosa “Sai da Frente”, que gruda na cabeça imediatamente, e o instrumental quente de “Surra de Groove”. Mas aquela que é de cantar juntinho mesmo é o pagodão com Liniker – carona de hit. A mão de RDD, integrante do grupo e um dos produtores mais procurados no país, se faz notar na mixagem bolada. Pesadão.
Quem não quer viver de amor e sono? Só as más-línguas para chamarem isso de preguiça. E embarcamos com a turma do quinteto paulistano Holger nessa busca por felicidade que é o primeiro single de “Más Línguas”, novo álbum da banda após cinco anos do politizado “Relações Premiadas”. Uma canção apaixonada em tons de rosa e laranja de um fim de tarde.
Se você ainda não conhece Guilherme Held, ou anda lendo pouco nosso Top 50, ou está completamente desligado de acompanhar a MPB. É difícil pensar em artistas bacanas que não têm qualquer relação com Held. Tanto que em “Corpo Nós”, seu álbum lançado em 2020, ele reuniu 40 dos seus colaboradores frequentes – segura parte da lista aí: Criolo, Letieres Leite, Tulipa Ruiz, Juçara Marçal, Maria Gadú, Catatau e Romulo Fróes. Por ter sido lançado no auge da pandemia, “Corpo Nós” só vai ter seu show de lançamento em 2023, agora na quinta (25) no Sesc Pompeia. Sempre é hora. Por isso resgatamos esse álbum por aqui.
Em seu Spotify, Drvnk aparece na porta da antiga Love Story, a casa de todas as casas. Não precisa ser paulistano para entender o simbolismo todo, né? E é pela noite que ele investiga sua mente e sentimentos no novo EP “Goodbye Moon”. A alcunha Drvnk, inclusive, já é sobre essa encarada no espelho – o exagero com a bebida que quase custou caríssimo (ou custou mesmo). Aquele tipo de música que soa melhor a partir das 3 da manhã ou um tiquinho mais tarde. Sabe?
Que música viciante que os meninos do Viratempo inventaram. “Te Quiero” é hit demais, que delícia! Se no primeiro disco lançado lá em 2018, “Cura”, o dia era noite, agora a noite é dia e um clima ensolarado toma conta do ambiente. Frescor. Experimenta escutar “Te Quiero” nesse friozinho que estão os dias, pelo menos aqui no estado de São Paulo. O som de Vallada, Danilo Albuquerque, Hygor Miranda e Max Leblanc é capaz de te aquecer. No texto do disco, a banda se pergunta e também responde: “Dançar ajuda a esquecer? Acho que sim”. Concordamos, garotos.
“Meu Amor” é uma faixa que a carioca Mahmundi lançou em seu álbum de estreia, que leva seu nome artístico e foi lançado no (nem tão) distante 2017. Por lá, a faixa tinha uma base eletrônica. Em 2023, em “Amor Fati”, seu novo disco, cujo título é baseado numa expressão nietzscheana, a música aparece novamente, mas vestida ao modelo rock básico – guitarra, baixo e bateria. Um formato que Marcela tinha na mente antes de gravar seus primeiros álbuns e abandonou para experimentar coisas mais eletrônicas. Como boa canção que é, “Meu Amor” sobreviveu ao tempo e ganhou novos significados, mais solar aqui no arranjo que revaloriza a letra sobre estar bem consigo, chave para estar bem com o outro. Aceitação, um termo que cabe com o conceito do novo álbum.
A cada vez mais internacional paulista banda Bike logo na abertura de seu novo álbum , “Arte Bruta”, deixa a gente com a mente ligadíssima. “Além-Ambiente” bebe em “Fuga N°2” dos Mutantes – da qual pega emprestada a melodia -, o que torna a faixa uma homenagem subliminar a Rita Lee – tributos que não param nesta faixa. A emoção bate de cara e segue no forte álbum que tem produção do superguitarrista Guilherme Held (olha ele de novo!) e faz uma reflexão sobre a situação brasileira em faixas de temática índigena – uma exploração temática e sonora.
Clássica banda do indie rock brasileiro, o grupo de Bruno Souto, Fernando Barreto, Zeca Viana e Thiago Reis honrou seu nome (hehehe) e retomou seus trabalhos com uma canção que também se aproveita da piada para falar de um retorno a um velho amor. Uma música de reconciliação – com os fãs mais fiéis da banda!
O tempo anda voando e conturbado pós-pandemia, hein? Parece que foi ontem que Majur soltou seu álbum de estreia “Ojunifé”, mas o lançamento foi lá em 2021! E por isso já é boa hora para novidades e elas chegam no pop “Arrisca”, que como o nome entrega se aventura por explorar uma nova sonoridade na carreira de Majur, mais pop, eletrônica e mais festeira – “Tudo ou Nada” lembra as farras da Kesha.
11 – Jards Macalé e Maria Bethânia – “Mistérios do Nosso Amor” (6)
12 – Marina Sena – “Meu Paraíso Sou Eu” (7)
13 – Mateus Fazeno Rock – “Indigno Love” (com Brisa Flow) (8)
14 – Tim Bernardes e Rodrigo Amarante – “Leve” (9)
15 – Lirinha – “O Campo É o Corpo” (10)
16 – Tasha & Tracie com Mc Luanna – “Combate” (11)
17 – Edgar e Nelson D – “”Três Palavras” (12)
18 – Domenico Lancelotti – “Quem Samba” (13)
19 – Giovanna Moraes – “Fala Na Cara” (14)
20 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Que Meus Venenos Sejam Mel)” (15)
21 – Julia Mestre – “do do u” (16)
22 – Aláfia – “Cadê Meu Pai?” (17)
23 – Os Tincoãs – “Oiá Pepê Oia Bá” (18)
24 – João Gilberto – “Rei sem Coroa” (versão ao vivo no Sesc Vila Mariana, 1998) (19)
25 – Iara Rennó – “Iemanjá” (20)
26 – Juliano Gauche – “Ondas Que Acordam” (21)
27 – Pato Fu – “Fique Onde Eu Possa Te Ver” (22)
28 – YMA e Jadsa – “Meredith Monk” (23)
29 – Emicida e Chico Buarque – “Senzala e Favela” (24)
30 – Rei Lacoste – “Pareando” (com Dunna) (25)
31 – Gio – “Dois Lados” (com Russo Passapusso e Melly) (26)
32 – Ludmilla – “5 contra 1” (27)
33 – Sant – “SSA” (com Luedji Luna e VANDAL) (28)
34 – Selvagens à Procura de Lei – “O Verão Passou, Mas o Sol Continua Aqui” (29)
35 – Gab Ferreira – “Forbidden Fruit” (30)
36 – Jambu – “Caso Sério” (31)
37 – Alice Caymmi – “Desfruta” (32)
38 – Terraplana – “Me Encontrar” (34)
39 – César Lacerda – “Nítido Cristal Puro” (37)
40 – Carolina Maria de Jesus – “O Pobre e o Rico” (com Nega Duda) (38)
41 – Rodrigo Campos – “Atraco” (com Mari Tavares) (39)
42 – Rubel – “Lua de Garrafa” (com Milton Nascimento) (40)
43 – Assucena – “Nu” (41)
44 – Sessa – Vento a Favor” (42)
45 – MC Tha – “Coisas Bonitas” (com Mahal Pita) (43)
46 – Pabllo Vittar – AMEIANOITE (com Glória Groove) (44)
47 – Tagua Tagua – “Pra Trás” (45)
48 – Nina Maia & Chica Barreto – “Gosto Meio Doce” (46)
49 – Maria Beraldo – “Truco” (47)
50 – Jonathan Ferr – “Preterida” (48)
* Na vinheta do Top 50, o cantor afrofranco-brasileiro Loïc Koutana, o L’Homme Stature.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.