Licença, cuidado, hoje é dia de baile. Preparados para uma noite estonteante? Isnaipa essa porque estamos esperando por você. Entendeu nada? Juntamos todos os títulos das nossas novidades de um jeito poético nesta abertura de Top. Porque é a poesia que faz o mundo girar. E é a música brasileira que se apropria da poesia e devolve para o mundo algumas belezinhas raras. Semana a semana, a gente separa as joias mais brilhantes por aqui. Para ler, ver e ouvir.
O baiano Luisão Pereira, que fez parte da banda Penélope, tem em mãos um discaço solo. Mas muito mais que isso. Seu álbum “Fogo No Mar”, feito durante seu longo tratamento para se livrar de um câncer, marca justamente a passagem dessa fase complicada de sua vida. As canções escritas e gravadas durante o período versam sobre as dúvidas e certezas que surgem nesse momento de, inclusive, refletir sobre tudo. Há dor e a luz. E há sutileza, respeito e agradecimento para Xangô, como na doce “Licença”, cantada com Lívia Nery.
Nós somos tão fãs da genial Bebé que estamos de olho em tudo o que ela faz. A novidade foi ela aparecer ao lado de Alceu (@santoalceu) em um single de dadá Joãozinho, trabalho que anuncia o primeiro disco solo dele. O jovem artista de Niterói vai lançar seu disco por um selo gringo e já deu ideia de seu som novo até na BBC! Quente, hein. Cuidado! O bagulho é real.
Pegue duas jovens artistas da CENA e coloque numa sala para bolar umas músicas do zero. O que sai dali? As amigas YMA e Jadsa, apaixonadas uma pelo trabalho da outra, testaram essa fórmula em “Zelena”, EP construído em conjunto pelas autoras. Feito durante a pandemia, entre ligações, o disco mesmo foi todo arranjado na hora de gravar, com os timbres saindo do zero, inclusive para um cover de Tom Zé. Para quem já é apaixonado por uma das duas, vai na fé. Para quem não conhece ainda YMA e Jadsa, corre. Está marcando bobeira.
Xis chega pesadão com scratchs do melhor DJ do Brasil, o racional KL Jay. “Isnaipa” é produzida pelo próprio Xis com André Abujamra, beat de DJ Nato PK e arranjo de metais de Willbone. A música fala de São Paulo, em especial seu centro. De acordo com Xis, foi escrita em 2016, em dias quentes de outono, com o golpe contra Dilma se avizinhando – em 2023, tem seus sentidos amplificados com o aumento da degradação e descaso público com o centro de SP. A faixa também anuncia “Invisível Azul”, novo álbum do rapper. No clima quente, Xis soa nada frio. Sempre firme e forte.
A Rosalía não lançou nestes dias um EP com seu par romântico? Tasha e Tracie chegaram numa vibe parecida com os namos Kyan e Gregory em “Ying Yang”. EPzinho lançado no Dias dos Namorados e tudo, para marcar a data. O papo é que este som já é um esquenta para o novo disco delas e funciona como tiração de onda de casais celebrando a união, grana no bolso e um diazinho de rolê. Tanto que Tasha e Tracie descrevem o processo de feitura do disquinho como um reencontro delas com alguma paz para criar, após momentos de dúvida. Tendo os parceiros ao lado, a coisa se desenrolou e as meninas, que cogitaram abandonar a música, parecem prontas para novas aventuras.
Na pressa de tantos lançamentos e novidades, bom perceber quando uma banda toca o barco sem pressa. Caso dos meninos do Terno Rei, que só agora resolveram soltar um vídeo para a faixa de abertura de “Gêmeos”, álbum lançado no ano passado. Conseguiu aproveitar o lançamento na época? Hora de voltar lá, de experimentar pela primeira vez, quem sabe? Ou deixa para depois. Eles estão esperando você.
O alagoano Ítallo França lançou seu terceiro álbum solo, o íncrivel “Tarde no Walkiria”. A faixa-título é um dos destaque do disco, que passa por diversas sonoridades e amplia a boa mistura de MPB e experimentalismo que marca sua obra. Vale prestar atenção na conexão da canção com “Terra”, de Caetano Veloso, canções sobre prisão e a percepção que a ausência da liberdade traz sobre a própria noção de liberdade. Outra do álbum que merece um alô é “Dr. Manoel”, uma canção torta, sem métrica e de letra poderosa, que talvez seja das coisas mais certeiras da música brasileira neste ano, viu? Sincera em lidar com seus sentimentos e percepções. A gente fala mais dela em breve.
Já falamos muito por aqui do movimento de rebolar enquanto protesta. Dançar enquanto se pensa criticamente no mundo é normal, né? Clarice Falcão ligadíssima nisso avança e explora em “Chorar na Boate” a possibilidade de a pista de dançar ser espaço para uma forte reflexão existencial. Por que está feliz? Por que tudo acaba? É. Está liberado chorar na pistinha: ninguém vai ver. O single antecipa o próximo disco solo de Clarice, que ao que tudo indica deve explorar mais ainda a música eletrônica, como proposto em “Tem Conserto”, seu álbum de 2019.
Na rica cena de rap de Belo Horizonte, desponta a turma do Ruadois, formado por Well, Mirral ONE, georgeluqas e AKILA. Eles acabaram de lançar o live set “Proibido Estacionar Vol. 2”, que traz ar fresco ao gênero. Boas letras em flows originais, batidas inspiradas em diversos gêneros – garage, drill e grime – e bordões que todo mundo quer passar a usar: “Tamô ônlineeee”. Eles afirmam que o “bagulho tá sincero” e está mesmo, turma.
Impressionante onde leva e é levado o som da persona solo de Bertoni, cujo lado A é (é?) a banda Scalene, o oooootro rolê dele. Esta música aqui encerra seu recém-lançado quarto álbum sozinho e serve como uma aterrissagem de uma viagem ambient dirigido por piano que ele criou em sons melancolicamente delicados. O disco foi gravado em Los Angeles com o produtor Mario Caldato, que carrega os Beastie Boys atrelados ao seu currículo. E tem o nome de “I Got My Eyes Fixed”, que remete tanto a um exame nos olhos que o fez dilatar a pupila quanto a enxergar a vida de forma mais simples. Conceito e resultado redondinhos.
11 – Astrud Gilberto – “Água de Beber” (1)
12 – Anttónia – “Me Leva” (com Giovani Cidreira) (6)
13 – Dj RaMeMes – “Vamo Fuder” (7)
14 – Zé Ibarra – “Vou Me Embora” (8)
15 – Marcelo D2 – “1967” (9)
16 – Rincon Sapiência – “XONA” (10)
17 – TUM – “DTF” (11)
18 – L’homme Statue – “Espírito Livre” (12)
19 – ÀTTØØXXÁ – “Dejavú” (com Liniker) (13)
20 – Holger – “Domingo de Sol” (14)
21 – Drvnk – “Leaving Downtown” (16)
22 – Viratempo – “Te Quiero” (17)
23 – Mahmundi – “Meu Amor – Reprise” (18)
24 – BIKE – “Além-Ambiente” (19)
25 – Volver – “Volver de Novo” (20)
26 – Majur – “Tudo ou Nada” (21)
27 – Jards Macalé e Maria Bethânia – “Mistérios do Nosso Amor” (22)
28 – Marina Sena – “Meu Paraíso Sou Eu” (23)
29 – Mateus Fazeno Rock – “Indigno Love” (com Brisa Flow) (24)
31 – Lirinha – “O Campo É o Corpo” (26)
32 – Edgar e Nelson D – “”Três Palavras” (28)
33 – Domenico Lancelotti – “Quem Samba” (29)
34 – Giovanna Moraes – “Fala Na Cara” (30)
35 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Que Meus Venenos Sejam Mel)” (31)
36 – Julia Mestre – “do do u” (32)
37 – Aláfia – “Cadê Meu Pai?” (33)
38 – Os Tincoãs – “Oiá Pepê Oia Bá” (34)
39 – João Gilberto – “Rei sem Coroa” (versão ao vivo no Sesc Vila Mariana, 1998) (35)
40 – Iara Rennó – “Iemanjá” (36)
41 – Juliano Gauche – “Ondas Que Acordam” (37)
42 – Pato Fu – “Fique Onde Eu Possa Te Ver” (38)
43 – Emicida e Chico Buarque – “Senzala e Favela” (40)
44 – Rei Lacoste – “Pareando” (com Dunna) (41)
45 – Gio – “Dois Lados” (com Russo Passapusso e Melly) (42)
46 – Sant – “SSA” (com Luedji Luna e VANDAL) (43)
47 – Gab Ferreira – “Forbidden Fruit” (44)
48 – Jambu – “Caso Sério” (45)
49 – Terraplana – “Me Encontrar” (46)
50 – Carolina Maria de Jesus – “O Pobre e o Rico” (com Nega Duda) (47)
* Na vinheta do Top 50, o baiano Luisão Pereira.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.