Top 50 da CENA – É Carnaval, já. Jup do Bairro domina o ranking, Papisa traz o indie para a folia, Jorge Aragão apronta um mafuá em terceiro, com o Rappin’ Hood

Com o Carnaval chegando é natural que o tema começa aparecer em canções novas. Jup do Bairro apareceu com um batidão meio lamento de sacudir as paredes com seu grave. Papisa surge mais roqueira, mas também menciona a palavra carnaval. Enquanto isso, Jorge Aragão convida rappers para revisitar seu samba e Chuck Hipolitho dispensa as palavras para produzir talvez seu projeto mais popular (e quase secreto).

Para celebrar o Carnaval, a incrível Jup do Bairro buscou a lenda Maria Alcina e a turma do Pagode da 27 para uma daquelas doloridas canções que te pegam no final da Quarta-Feira de Cinzas. Mas os desamores pós-festa não chegam como lamento. Na real, vêm com tamborzão num mix de música eletrônica com a instrumentação tradicional do samba. Ainda em 2024 tem o primeiro álbum da Jup do Bairro. Estamos no aguardo.

Mais um álbum aguardado em 2024 é o segundo da Papisa, que em seu segundo single lançado como prévia chega quase indie rock com uma deliciosa guitarra distorcida dando a frequência de uma história de amor em pedaços. “Eu plantei flores no quintal/ amores no verão/ dores virarão/ roupas no varal”. Mais uma música que fala em Carnaval, ainda que sutilmente. Das coisas da carne.

Devagarinho, delicado e elegante, Jorge Aragão pergunta como quem sabe a resposta: “Por que samba não se diz que é MPB?”. O verso está na antiga “Dobradinha Light”, uma de suas fortes canções repaginada agora como “Mafuá” e com novos versos de Rapin Hood. A faixa estará em um novo álbum que trará Jorge em parceria com rappers de várias gerações, como BK, Emicida, Djonga, L7nnon, Negra Li e Xamã. A mistura deu samba, lógico.

Chuck Hipolitho revelou dia destes que sob o codinome Zarolcomzê vem lançando por aí, há anos, músicas instrumentais. No Spotify, as músicas com nomes engraçadinhos tipo “Rou Leed” e “Pecazagodinho” acumulam milhares de plays para o músico “desconhecido”. É um material calminho que serve de boa companhia para momentos que exigem concentração. Quem sabe o CSS, onde Chuck atualmente é baterista, não coloca um pouco de Zarolcomzê na trilha da van que vai percorrer os EUA em turnê.

Geralmente as aberturas de novela da Globo ficam restritas a vozes já consagradas ou muito bombadas da música brasileira, sem qualquer ousadia na escolha. Ver a dupla Luedji Luna e Xênia França ganhando merecido espaço no horário nobre é de orgulhar geral que acompanha a música brasileira com um tiquinho mais de atenção. Fora que a interpretação delas para a composição de Ivan Lins e Victor Martins ficou nota dez. 

É carnaval! E o China lançou um frevinho cheio de bom humor, como quem puxa uma marchinha de velhos carnavais. A historinha envolve o roubo de sua jóia, que no caso de China pode tanto ser uma jóia mesmo, uma moça ou até seu bordão na TV: “E aí, minha jóia?”. Pra rachar o bico, feliz.

“Descobri que não tem como competir com o tempo.” Esse é o verso que abre e já machuca a gente na nova da banda paranaense Tuyo. Diante da descoberta gigantesca e terrível, uma tranquilidade se apresenta. O encontro do recomeço lá no fim do mundo. Produzida por Lio, Lay e Machado com a parceria de Lucs Romero,”Infinita” é mais uma música para o álbum novo, previsto para o primeiro semestre deste ano. Sonoramente é mais um passo em direção a um pop muito particular do trio. É radiofônico sem ser óbvio, experimental sem ser hermético – algo que já se apresentava em “Chegamos Sozinhos em Casa”. O cuidado com a melodia é absurdo: os versos têm a força de um refrão, mas sem a pressa de jogar o refrão na frente de tudo – uma obsessão moderna por atenção. E a belezinha da nova etapa fica mais completa com a participação de Walter Firmo clicando a capa. Firmo é um dos gigantes da fotografia brasileira. Não manja? Procure saber, diria o Gil.

“Labirinto da Memória” é o décimo álbum de estúdio do grupo de harcore capixaba Dead Fish, lançado já neste 2024 do agito. O número é uma marca e a banda celebra isso ao fazer um disco de investigação das memórias. O resultado é uma navegação onde cenas do passado e do presente se fundem e dão noção do que foi crescer no Brasil entre o período de ditadura militar e a redemocratização – que apesar de ser um sonho de liberdade trouxe junto um processo neoliberal que manteve as classes mais pobres do país em um lugar marcado por violência de todos os tipos – da brutal policial até a econômica, capaz de roubar almas, como canta a banda. Discaço. “11 de Setembro” marca isso ao lembrar a data de um ponto de vista diferente do que talvez você esteja imaginando.

Pabllo foi até o hitaço “Listen To Your Heart”, lançado pelo duo sueco Roxette no final dos anos 1980, para fazer uma versão sem medo de se embedar do brega, honrando o espírito original da canção, afinal de contas. Destinada a tocar muito no Carnaval e no resto do ano em bons jukeboxes de buteco.

A gente nunca sabe se bota o Apeles, projeto indie-arte do talentoso multibandas Eduardo Praça, no nosso top gringo ou neste top nacional. Mas vamos aqui. Seu novo single aqui é o quinto de seu projeto global (viu?), que vem sendo lançado a conta-gotas desde o ano passado, pra se juntar num grande álbum a sair agora neste semestre. “Todos os Santos Permitidos”, uma linda confluência de sons em loops e vocal e barulhinhos, traz um feat. delícia com a argentina Fransia. Coisa linda.

11 – Jambu – “Lentamente” (5)
12 – Vandal – Violah (6)
13 – Clara Bicho – “Luzes da Cidade” (7)
14 – Parteum – “’12 6 10” (8)
15 – Psirico – “Música do Carnaval” (9)
16 – GRIYÖ – “Afropenobeat (10)”
17 – Rico Dalasam – “Jovinho” (11)
18 – Ogoin & Linguini – “Quando Tudo Começou” (12)
19 – Marabu – “Algo Me Diz” (13)
20 – Wado – “Dente D’ Ouro” (9)
21 – Tangolo Mangos – “Glauber Rocha” (10)
22 – Don L – “Tudo É Pra Sempre Agora (com Luiza de Alexandre)” (11)
23 – Giovani Cidreira e Luiz Lins – “Amor Tranquilo” (12)
24 – João Gomes – “Mais Ninguém” (13)
25 – Mart’nália – “Lobo Bobo” (14)
26 – Perdido – “30+” (15)
27 – Lori – “Me Dói, Boy (com Matias e FBC)” (19)
28 – Juyè (com Thiago Jamelão e Alisson Melo) – “Seguir” (20)
29 – tttigo e dadá joãozinho – “SEM SEGURO” (21)
30 – Rodrigo Campos e Romulo Fróes – “Um Amor Cantando” (22)
31 – Amiri – “Limbo” (23)
32 – Duda Beat – “Saudade de Você” (24)
33 – Apeles – “Lábios Mentem À Distância” (25)
34 – Giovanna Moraes – “As Mina no Poder” (27)
35 – Nelson D – “Defensor Assassinado” (28)
36 – Bruno Berle – “Tirolirole” (23)
37 – Ebony – “Espero Que Entendam” (25)
38 – Jaloo – “Pra quê amor?” (26)
39 – DJ RaMeMes, DJ Pretinho de VR, DJ Ramom, DJ LC da VG – “Putaria em Volta Redonda” (27)
40 – Papisa – “Melhor Assim” (28)
41 – YOÙN e Carlos do Complexo – “Não Vou Dançar Sozinho” (29)
42 – Tuyo – “Eu Vejo o Futuro” (30)
43 – Ana Frango Elétrico – “Boy of Stranger Things” (31)
44 – TUM – “Rainha da Sumaré” (32)
45 – Fabiana Cozza e Leci Brandão – “Dia de Glória” (33)
46 – Monna Brutal – “Esse Puto” (34)
47 – MC Carol – “Só de Passagem” (35)
48 – Rodrigo Ogi – “Aleatoriamente” (36)
49 – Assucena – “Reluzente” (37)
50 – Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo – “Quem Vai Apagar a Luz” (com Negro Leo) (38)

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*  Na vinheta do Top 50, Jup do Bairro.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.