E a semana lá fora foi cheia de coisa, hein? Mas a gente traz para o topo do pódio uma banda muito querida e que pouca gente está lembrando de dar o devido destaque: o quarteto japonês CHAI fez um dos álbuns mais divertidos de 2023.
No Primavera Sounds do ano passado em São Paulo, ninguém conquistou a plateia de um jeito mais… fofo que o quarteto pop japonês, formado por Mana, Kana, Yuuki e Yuna. Em seu segundo álbum pela gravadora cool Sub Pop, elas expandem as fronteiras e buscam o mundo nessa mistura louca – como se a turma grunge de 1992 tivesse influências de j-pop. Rock não é um som, né? É uma atitude. E elas têm esse poder.
No Popcast mais recente, a Dora Guerra comentou que apreciou muito o novo da australiana Kylie Minogue enquanto corria na esteira. E a gente concorda muito com ela. É o álbum perfeito para exercícios tamanha energia despejada em cada faixa. “Tension” não guarda só um dos hits do ano, a viciante “Padam Padam”, mas tem muitos outros hits em potencial. Questão de dar tempo ao tempo.
A gente fica com a sensação de que já escreveu um monte sobre tal artista e vai ver até que não escreveu tanto assim. Pouco falamos da excelente Empress Of, artista com raízes hondurenhas que faz um dream pop espertíssimo. Atualmente ela é responsável pela abertura da turnê da bombada Rina Sawayama e teve a sacada de convocar a própria Rina para um dueto. “Kiss Me” é viciante, viu? Cuidado.
Os Stones têm algumas baladas de pegada meio soul/meio country clássicas. Quando ninguém esperava que eles tirassem mais uma da cartola, aparece “Sweet Sound of Heaven”, com participação de ninguém mais ninguém menos que Stevie Wonder e Lady Gaga. Vai te lembrar outras músicas? Vai. Mas rolou tanta inspiração no rolê que eles soltaram duas versões, uma “básica” de 5 minutos e outra que vai até os 7 minutos e tanto. E a Lady Gaga está um absurdo, repara? Canta muito.
Da velha guarda indie, digamos, os escoceses do Teenage Fanclub é a banda que nunca baixou a guarda. Mesmo com mudanças na formação, Norman Blake e cia são tão consistentes que chegam muito bem ao 13° disco da carreira, uma marca para poucos. E, entre os muito poucos que chegaram aqui, quase ninguém soou tão interessante e interessado. Diante de perdas e tragédias, a banda reflete sobre seguir adiante, sobre períodos luminosos do futuro. É tudo tão no lugar que a gente até indica duas músicas do disco que esquentam os corações.
Muita gente olha desconfiada para o Two Door Cinema Club hoje em dia. É, a banda nunca mais conseguiu nada na proporção dos hitaços que estão em seu álbum de estreia, “Beacon”, que até parece coletânea. Mas não dá para dizer que eles desistiram. “Sure Enough” busca esquentar uma pista indie como se fosse 2011/20122. Tenha boa vontade com eles.
E, por falar em coletânea, se liga. Já que vamos ter que se conformar em esperar mais algum tempo pelo Morrissey ao vivo, o jeito é curtir “Somewhere”, uma inédita do guitarrista do Smiths que adianta uma coletânea sua, que vai se chamar “Spirit Power: The Best of Johnny Marr” – justamente uma coletânea, uma coisa que lembra muito o Morrissey, que deve ter umas 200 coletas… Em todo caso, um bom jeito de rever a carreira solo bem-sucedida de Marr.
Pode lá não ser uma música incrível a nova do Blink-182 em sua formação (quase) original, mas ganha pela honestidade de expôr as dores do trio formado por Tom DeLonge, Mark Hoppus e Travis Barker. O afastamento rendeu muitos arrependimentos de parte a parte que são cantados por aqui. É sincero e, até, chega a emocionar quem é próximo à banda de alguma forma.
No aniversário de dez anos do clássico “Random Access Memories”, que viria a ser o último álbum do Daft Punk, a dupla francesa segue apresentando visões diferentes do disco. Após uma versão de luxo cheio de coisinhas especiais, vem agora uma versão do disco sem qualquer bateria. Dá para imaginar aquelas músicas tão vibrantes sem percussão? Vai ser interessante. A primeira mostra é da já não muito percussiva “Within”, mas já dá para sacar um pouco das mudanças que a falta da pulsação marcada provoca.
* Na vinheta do Top 10 Gringo, a banda japonesa CHAI.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.