Nestas semanas todas que passaram as músicas nos derrubaram legal. Falaram com a gente direto na alma. Em diferentes âmbitos, claro. Nem tudo é choro. Também tem um calorzinho, se é que nos entende. Só nomes bons na lista, hein? Repara só.
Lágrimas nos olhos. O Blur está oficialmentede volta! E com uma música linda. “The Narcissist” abre com uma guitarrinha meio “Dancing with Myself” que nos leva a se encarar no espelho em uma letra bem reflexiva sobre as multidões que habitam uma pessoa só. O single antecipa “The Ballad of Darren”, o primeiro álbum do Blur desde 2015, quando a banda britpopiana se reuniu meio que depois de já ter acabado para descobrir que nunca ia acabar propriamente. E os “tiozinhos” tão inspirados. Até as capas “esquisitamente feias” do Blur voltaram hehe. E aí, Oasis? Não vai se mexer?
Esta semana está falando ao coração, hein? Não tem como não se emocionar com Westerman (aka Will Westerman) e seu novo álbum “An Inbuilt Fault”. É difícil definir seu som. Se pudermos oferecer uma viagem, que tal imaginar um jovem Nick Drake que ouviu Radiohead e resolveu fazer umas músicas? Elocubrar essa influência reversa parece explicar um pouco da doçura cativante das construções de Westerman. O disco todo é lindo, mas vai com “Give”.
Não se assuste com o dog da capa de “Good Lies”. Ele parece meio bravo, mas vai ser difícil você achar um disco tão convidativo quanto a estreia da dupla de música eletrônica formada pelo irmãos galeses Tom e Ed Russel. Chamando a atenção de nomes como Thom Yorke e Rosalía, que ficaram encantados com os edits da dupla para músicas suas, havia uma alta expectativa por esse primeiro lançamento dos caras. E “Good Lies” atende a todas elas. Sampleadores talentosos, eles parecem em cada faixa original atender duas expectativas muito diferentes: nos dar algo que é fresco e instantaneamente clássico. O álbum também faz duas entregas difíceis: parece perfeito para a pista ou para ser escutado no quarto com as luzes baixas. Interessante.
Se tem uma música que transportou geral para outra realidade nos últimos dias foi a do single novo da Janelle Monáe. Com seu vídeo restrito para maiores de idade, bastante adequado para o single de álbum que vai se chamar “The Age of Pleasure” (“A Era do Prazer”, em tradução livre), a norte-americana esquentou o clima legal. Delícia de som. Dispensa mais palavras.
A gente já tinha ficado de cara com “Seaforth”, primeiro single que o inglês King Krule soltou para seu novo álbum, “Space Heavy”. A mesma coisa acontece com “If Only It Was Warmth”, o segundo extrato do disco e que respeita a questão conceitual levantada por Archy Ivan Marshall, o nome real de King Krule: um estudo sobre o “espaço entre as coisas”, seja o tempo, a distância física. Esse tal “espaço” que é preenchido por sonhos, pesadelos, ambições, vontade. Tanto que a nova música é toda espaçada por intervalos bem silenciosos e sugestivos. Fino, viu? Tem muito de Blur aqui, aliás.
Com uma sonoridade limpa que lembra os primeiros discos, o mais novo single do Foo Fighters, o segundo que antecipa seu novo álbum, que vai se chamar “But Here We Are”, é uma canção puro coração. A letra capricha ao criar uma leitura dupla – funciona como um papo sobre superar um relacionamento partido ou como uma carta lotada de saudade de Taylor Hawkins, baterista da banda que morreu em 2022. É mais inspirada que a primeira mostra do novo trabalho, “Rescued”, que lembrava demais outras coisas já feitas pela banda. “Under You” tem uma sonoridade nostálgica, mas não parece uma colcha de retalhos.
É um pouco engraçado para os brasileiros ver Billie Eilish finalmente lançar oficialmente seu cover de Drake. Se ele deu perdido no Lolla, a apresentação de Billie ainda provoca sorrisos de boas lembranças – até porque ela soltou um vídeo da apresentação no seu canal de YouTube que ajudou nossas memórias. A versão de Billie para o hit do canadense é um clássico seu de Soundcloud e já tinha sido lançada em um esgotado single em vinil. Voltou à tona por viralizar no TikTok e ganhou esta versão nas plataformas de streaming com um edit esquisito de um minuto… Por que será? No Soundcloud ainda dá para ir atrás da versão completa.
Sempre é bom achar uma banda de emo/math rock nova. E a gente descobriu o Forests de um jeito inusitado. A banda de Singapura virou notícia nos Estados Unidos ao ter seus instrumentos roubados. Levantando uma vaquinha, conseguiram completar a tour – e agradaram a gente com esse simpático título de música, que atiçou nossa curiosidade. Descobrimos que chegamos até que tarde: tem uma música dos caras em uma lista da Vulture de melhores músicas emo de todos os tempos!!!
Tem que respeitar a maluquice dos australianos do King Gizzard and the Lizard Wizard. Não basta a banda lançar trocentos álbuns por ano, a sonoridade do grupo é tão mutante que é impossível imaginar que os mesmo fãs gostem de tudo – embora eles certamente existam, lógico. Se em “Changes”, lançado ano passado, eles tentaram alcançar aquele pop perfeito de estúdio dos anos 60, a onda da vez é o metal! E não é metal indie, não. É metal sem concessão – talvez com um pouquinho de ironia. Sonzeira heavy que eles já experimentaram lá atrás, diga-se
Tem um tempinho que a Jorja Smith declarou finalmente estar fazendo a música que realmente deseja. Uma frase que ficou meio no ar. O que será que a impedia antes? Fato é que nas novas canções, que estarão em seu próximo álbum, “Falling or Flying”, previsto para setembro, a pegada de pista prevalece bem. Para bons entendedores, “Little Things” poderia ser traduzido por “Baguncinha”.
* Na vinheta do Top 10, a banda Blur em seus áureos tempos de britpop.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.