Top 10 Gringo – Sky Ferreira livre no nosso ranking. Sharon Van Etten pronta para dominar 2025. E a amiga da amiga da Cootie Catcher. Nosso top começa assim!

Enquanto as listas das publicações internacionais já chancelam quem foram os melhores de 2024, alguns corajosos de plantão ainda lançam novidades. Tudo bem, a maioria são singles de discos que prometem dar o que falar em 2025. É isso, a saideira do ano segue e mesmo com pouquíssima coisa para escutar. Arrumamos as novidades que valem a pena. Enquanto isso, nossa playlist semanal vai atingindo a marca de 500 das músicas principais de 2024.

Desde sua estreia, com o bom “Night Time, My Time”, lá de 2013, fãs já esperam pelo próximo disco de Sky Ferreira. Mas desde então, ela lançou pouca coisa e foi revelado seu choque com sua antiga gravadora, a Capitol – que embaça o lado da artista antes mesmo de “Night Time, My Time”, disco que eles queriam que fosse mais pop. Esse embargo chegou a gerar um movimento “FREE SKY FERREIRA” entre os fãs. Muito sofrimento depois, “Leash” marca finalmente o primeiro lançamento musical de Sky desde a separação com a Capitol. Parte da trilha do aguardado filme “Babygirl”, a faixa dá a dimensão do que andávamos perdendo: uma Sky Ferreira poderosa. Agora é saber se o material feito por ela dentro da gravadora finalmente será lançado. Em uma entrevista super-sincera na “Vogue” americana, ela revelou que não tem recursos financeiros para regravar tudo ao modo Taylor Swift, sugestão de muitos fãs.  

É absurdo o que promete o próximo disco da Sharon Van Etten, que sai em fevereiro. Esta “Southern Life (What Is Must Be Like)” é uma pancada e tanto, aquele tipo de música que o bumbo da bateria e o baixo falam alto e comandam todo o sacudir. São os efeitos de Sharon pela primeira vez abrir seu processo criativo em parceria com sua banda de sempre, formada por Jorge Balbi (bateria), Devra Hoff (baixo) e Teeny Lieberdson (piano e sintetizadores). A turminha ficou mais à vontade para pesar a mão. Democracia nem sempre é de todo ruim, veja só! Contém ironia, claro. 

“Cootie catcher” é o nome em inglês para aquela brincadeira com origami que você fazia na escola para descobrir seu futuro, mas também é o nome desse fofo quarteto de Montreal que faz um lo-fi meio Belle & Sebastian. Em outras palavras, temos aqui um violão que soa “arranhado” com bonitas harmonias vocais entre vozes masculinas e femininas. É meio rock de garagem, mas tem um lance inusitado: uma das integrantes às vezes se arrisca em um sintetizador ou pega uma CDJ básica e dispara uns samples. É bem esquisito, mas funciona. Olho neles, o álbum “Shy at First” sai em março. 

Essa é uma entrada dupla, lista de gringos e lista nacional. A inusitada parceria entre a dupla Trent Reznor e Atticus Ross com Caetano Veloso está na trilha do novo filme de Luca Guadagnino, “Queer”. A obra é inspirada no livro de mesmo nome do beat William S. Burroughs e por isso Reznor e Atticus escreveram a música com versos emprestados da última entrada do diário do famoso escritor e crítico social americano. “Como pode um homem que vê e ouve ser diferente de triste?”, é o verso repetido e repetido ao longo da música. O choque de ouvir Caetano e Trent em dueto provoca a imaginação. Pensa eles dividindo os vocais em músicas conhecidas deles – “Hurt” e “Terra”, que tal? Lançamos a ideia. 

Se tem uma banda hoje totalmente “descontrol” é a noise punk Ekko Astral, um trio de Washington DC, a “capital do Universo” (?!?). Uma coisa em que o underground de DC ferve é no punk doido e no hip hop perverso, dizem. De vez em quando escapam uma banda ou artista para a “superfície”. Desta vez foi o Ekko Astral, que alguns bons tão dizendo ter lançado um dos melhores discos de 2024, “Pink Balloons”, que saiu no meio do ano. Esta “Pomegranate Tree” já é single novo pós-álbum, lançado agora em outubro. Banda formada só há uns três anos, com tudo para mostrar. E logo. O mais rápido e barulhento possível.

No pós-punk inglês dos dias de hoje quem fala mais alto é o duo Lambrini Girls. Seja pela porrada do som, seja pelas porradas nas letras – que batem sem dó em homens toscos, na cultura neoliberal, no extremismo religioso e nos nepobabys ricaços. Os riffs de guitarra e o baixo de Phoebe Lunny e Lilly Macieira, respectivamente, são de deixar Joan Jett orgulhosa. E a coragem delas é exemplar. Recentemente em um show na Alemanha elas defenderam o estado Palestino em uma fala e tomaram uma negativa da maior parte da plateia. Em vez de se intimidarem, elas pediram gentilmente para eles “get the fuck out” e a plateia de 200 pessoas virou uma turma de pouco mais de 30 pessoas. Elas sabem o que estão fazendo.  Ou, melhor, acreditam muito no que fazem.

2022 foi o ano do trio Horsegirl, de Chicago, formado por Nora Cheng, Penelope Lowenstein e Gigi Reece. Ou não lembra o álbum incrível “Versions of Modern Performance”? Em 2025, elas chegam com “Phonetics On and On”, disco novo que terá produção de ninguém mais ninguém menos que Cate Le Bon. “Julie” é o single mais recente, conduzido por uma guitarrinha abafada que conversa com outra guitarra cantante que fica fazendo barulhinhos. Do jeito que gostamos demais, diz aí?  

Para muita gente deve ser uma surpresa que o grupo britânico hardrock Darkness ainda exista. Mas a banda, que se notabilizou com seu bom humor, visual extravagante e paixão pelo glam rock, ainda está de pé e lançando música nova. Divertida e roqueira, como eles sempre fizeram, “I Hate Myself” não faria feio no repertório do Queen (ou do Mika). Ano que vem a banda estará na estrada e de disco novo, “Dreams on Toast”. Curtimos Darkness. Ainda. 

Tudo que está no escopo da loja-selo Third Man Records, de Jack White, costuma ser bacana. E é legal que as bandas que não chegam a soltar seus álbuns de estúdio com eles acabam conseguindo fazer projetos bacanas, como esse disco ao vivo do Interpol gravado direto no acetato – uma daquelas nóias do senhor White com o poder do vinil! Aliás, honrando o vinil, é um disco ao vivo curto. Oito músicas muito bem escolhidas de diversos períodos da banda. Para ficar com saudade de um showzinho deles. 

Já começou a mentalizar sua tardinha no Ibirapuera ouvindo a bossa maneira da Laufey no Popload Festival. A gente está muito nessa, curtindo um pouco do seu som no álbum “Everthing I Know about Love” (2022) e lendo sobre sua amizade com Olivia Rodrigo, que nasceu a partir de um SMS da Olivia. Sim, SMS! Olivia Rodrigo é retrô nesse ponto. A Laufey então…

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* Na vinheta do Top 10, a baixista, cantora americana Sky Ferreira.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.