Top 10 Gringo – Silversun Pickups em primeiro, quem diria. Na cola, os finos Chet Faker e Disclosure (com o Leon Thomas)

Com o mar de listas de fim de ano e as recapitulações de todos os apps, talvez os gringos não queriam lançar mais nada até a meia-noite e um de 1° de janeiro do ano que vem. Daí que é difícil separar o ouro da semana, mas conseguimos mais uma vez, apelando só um tiquinho para uma “novidade” perdida lá em setembro. Mas tá tudo certo. 

Sabe onde o inglês Muse escorregou ao querer soar grandioso? O veterano grupo americano Silversun Pickups se arrisca no território dos hinários e o rifões, mas com uma esperta sujeirinha extra – toque da produção caprichada do velho Butch Vig. O resultado só vamos saber ano que vem, já que “Tenterhooks”, o disco, só chega em fevereiro do ano que vem. Mas é bem bacana esse single novo, “New Wave”, mais legal ainda o single anterior, a sujona “The Wreckage”. Estamos curiosos pelo que vem daqui.

Por mais delicada que fosse sua música até aqui, dá para dizer que o australiano Chet Faker nunca esteve tão exposto, tão Nick Murphy. Esse é o saldo dos singles lançados até aqui do seu próximo álbum. O auge dessa exposição é “Can You Swim?”. Ao transformar o amor na metáfora do mar, ele se vê em perigo. “Eu não sei nadar/ Meu pai nunca me ensinou/ E você sabe nadar? “A Love for Strangers”, o disco, está previsto para fevereiro do ano que vem. 

Ariana Grande? A grande revelação da série “Brilhante Victória” é Leon Thomas. Pouco falado aqui no Brasil, o ator e músico (ou vice-versa) vai ganhando moral com seu excelente álbum, “Mutt”, do ano passado, indicado ao Grammy, e a faixa-título se tornando um sleeper hit nos EUA. Nessas coisas da vida, o duo britânico do Disclosure descobriu que Thomas se amarrava neles e ligaram pensando em fazer algo juntos. Lógico que deu em parceria. “Deeper” confirma a boa fase da dupla inglesa. O hit “She’s Gone, Dance on” foi parar no Grammy neste ano e em 2026 eles voltam ao prêmio com “NO CAP”. Se pá, “Deeper” arruma uma vaguinha no Grammy 2027. Será que dá tempo? 

Sabe quando aparece uma música pirata no perfil do artista nas plataformas de streaming? É o que parecia quando vimos a capa de “Nothin”, do Guns. Não era fake. São os caras mesmo. Pavoroso. Anacrônico. Sei lá, viu?

Mais digna é a canção inédita liberada pelo espólio do saudoso roqueiro grunge Scott Weiland. Com os dez anos da morte do cantor, eles resolveram liberar uma inédita solo dele – que se envolveu com os gunners Slash, Duff e Matt Sorum no confuso, para dizer o mínimo, Velvet Revolver. “If I Could Fly” foi escrita há 25 anos para seu filho Noah, hoje com uma carreira musical ecoando muito da personalidade do pai na semelhança das vozes. 

Natal chegando e temos o Darkness, conhecido pelo seu glam rock poser engraçado, jogando um tantinho de drone no clássico natalino oitentista do Cliff Richard. Mas dá para tocar ela na ceia da família bem tranquilo. Capaz que não assusta ninguém. 

Vai achando que só no Brasil os nepobabies têm vez. Violet Grohl começa a dar os primeiros passos de sua carreira solo sem a presença do pai, Dave Grohl. O single duplo “THUM” e “Applefish”, lançado apenas no Bandcamp por enquanto, inclusive coloca ela bem mais independente e perto da sonoridade de bandas como Hole ou The Donnas – pense no chiclete “Take It Off” delas. É por aí. 

Enquanto o pop vai ficando cada vez mais exagerado, mais fácil é ele ser assimilado por gêneros que o repeliam. Só reparar nas conexões recentes com o metal. Nessa linha, ninguém melhor que a cantora e youtuber americana Poppy, chamada até de kawaii metal. “Empty Hands”, seu próximo álbum, pode ser bem capaz de voltar a botar o metal nas paradas de sucesso, tipo Evanescence. Ou não dá para chamar Amy Lee e companhia de metal?   

Não podemos garantir a qualidade do filme natalino “Oh What Fun”, que está disponível na plataforma Prime Video. Mas podemos assegurar a qualidade do cover da banda canadense The Band gravado pelo parça Jeff Tweedy para a trilha sonora do filminho. “Christmas Must Be Tonight” é do gigante Robbie Robertson presente no disco “Islands”, de 1977.  

Nas listas de fim de ano, pescamos um perdido deste 2025: a caixa “I Can’t Give Everything Away (2002-2016), parte de uma coleção que dividiu toda a carreira de Bowie relançando todos os discos e uma série de extras. O quente da caixinha nova é a pauleira ao vivo em Montreux. Bowie pegando fogo, de bom humor e emendando hits antigos com novidades da época, como na dobradinha de seu clássico “Ashes to Ashes” com a também brilhante “Cactus”, de um tal de Pixies!

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* Na vinheta do Top 10, a banda californiana Silversun Pickups.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix