Top 10 Gringo – Semana boa, de Arca a… Rihanna. Com a “nossa” Laufey no meio de tudo

Semana de lançamentos grandiosos. Tem single duplo da incrível Arca dominando o pódio, novidades da “nossa” Laufey, que vai tocar no Popload Festival (cóf) semana que vem, e uma inédita da grande Little Simz, que já tocou no nosso festival (cóf cóf). Semana tem até inédita da Rihanna, veja você!

No Instagram, Arca apresentou sua nova música assim: “Esta é para todas as guerreiras que se montam e desconstroem e brilham na alquimia de se permitirem a liberdade de brilhar sem medo”. São músicas importantes para a artistas venezuelana. Ela afirmou que trabalhou por anos até ficarem perfeitas. Não por acaso foram lançadas juntas, são ligeiramente parecidas no título e musicalmente. A distinção temática aparente, sexo e solidão, respectivamente, também se entrelaça, na medida em que a energia e agressividade da primeira conversam com a fragilidade e dor da segunda. É comum o relato de mulheres trans que sofrem por conta de parceiros, em geral homens cisgêneros. Eles não assumem os relacionamentos, as tratam como objetos e essas relações tóxicas violentas as afetam psicologicamente e fisicamente. Talvez é sobre essa dor que Arca canta, sobre esse conflito. Ambas as músicas funcionam como um abraço dela em todas essas mulheres. Elas não estão sós.

A quentura do Popload Festival está nos detalhes. A sensação Laufey cola aqui em São Paulo com álbum novo no radar. Foi anunciado para agosto “A Matter of Time”, terceiro disco da islandesa cujo nome, ela auxilia na pronúncia, é “Leivei”. Com a novidade do álbum veio “Tough Luck”, single que diz muito sobre os caminhos tomados neste novo trabalho. “É uma música intensa sobre um amor que deu errado. Quis mostrar um lado mais raivoso — um lado que esse relacionamento infeliz despertou em mim”, escreve Laufey. Dúvida? “Não sentirei saudade, tô feliz de te ver partir” é o verso de encerramento do refrão. Tchau, boy lixo. Laufey também afirma que por mais que siga escrevendo pensando em jazz e música clássica, cada vez mais quer deixar o coração guiar as composições, de olho em não seguir regras e formatos. Vale dizer que Aaron Dessner, o homem do National, colaborador da Taylor Swift, está por aqui também colaborando para o desarranjo do coro dos contentes.

A criatividade é muito associada com quanto mais maluquice melhor. Mas e quando voltar ao básico diz tudo? Little Simz está produzindo seu novo álbum, “Lotus”, com um novo produtor, Miles Clinton James. A mudança notável é o quanto seu instrumental ficou mais simples, básico mesmo. Seu novo single, “Young”, é basicamente uma bateria e um baixo meio desleixado. Influência punk? A leveza do som dá espaço para Little Simz brincar com os lugares comuns da cultura de juventude inconsequente. Cenas com baladas, drogas e ânimo infinito dão lugar a um personagem mais comedido, meio sem grana e desajeitado, mas que ainda sim quer viver seus “sonhos mais loucos”. É você achar que está em “Euphoria”, só que a sua série tem um orçamento bem mais baixo. Mas quem se importa? Também queremos curtir! A música é pura ficção, mas pode ser só ela olhando com graça e carinho para sua “eu” mais jovem e inocente.

Uma costela quebrada é a imagem perfeita para uma dor constante. A dor a cada respiro. Nada agradável. Mais uma imagem de dor? “You Heartbreaker, You” é o nome do segundo álbum solo de Jehnny Beth, ex-Savages. “Vivemos em uma época sombria, cheia de drama e barbaridades. Ficou claro para mim que, nestes tempos, ou aprendemos a gritar alto, ou aprendemos a sussurrar”, anotou a cantora/compositora. O disco chega em agosto.

O (atualmente) brasileiríssimo Evan Dando prepara o próximo disco do Lemonheads aqui pelo Brasil, com produção de Apollo Nove. Apesar das raízes cada vez mais brasileiras de Dando, os dois singles novos dão sinais de que o homem ainda tem o contato dos velhos amigos: Tom Morgan, seu parceiro de composição desde “It’s a Shame about Ray” está de volta, a ex-Lemonheads Juliana Hatfield colabora com os backing vocals e por fim J Mascis traz sua guitarra para o solo da música. O produtor Iuri Rio Branco (que você conhece dos trampos com Marina Sena e Jean Tassy) é creditado como percussionista da track (!!!). Uma turma brasileira também cuidou do belo vídeo da música, onde Evan atravessa uma longa faixa de pedestres, digamos. Sem dar spoiler do vídeo: o trânsito de São Paulo parece tê-lo assustado. Faz sentido.

“Sister Midnight” é uma comédia metade britânica e metade indiana sobre a vida de uma desajeitada personagem em um casamento arranjado frustrante. O filme rolou na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo do ano passado, ou seja, ainda não tá fácil de assistir. Mas Paul Banks, senhor Interpol, autor da trilha original, soltou dois covers de Iggy Pop presentes no filminho – “Gimmer Danger” dos Stooges e a própria “Sister Midnight”, da carreira solo do Iggy.

Sabe o amigo que casa, faz uns filhos, muda de cidade e você nunca mais o vê? Aconteceu com o britânico Jamie Lidell. O autor do hit “Another Day” e parte do neo-soul britânico bem falado ali por 2010 sumiu depois que foi fixar residência em Nashville. São nove anos de silêncio. Mas na pandemia ele teve aulas de piano, começou a escrever umas coisinhas e sua esposa foi letrando o material. Resultado: em breve teremos “Places of Unknowing”, seu novo disco. “The Center”, primeiro single, dá sinais de que as aulas de piano foram proveitosas. Deve ser a música mais dramática escrita por Lidell.

Da fossa de uma turnê flopada e do desmanche com seu antigo empresário, o Black Keys juntou seus pedaços, voltou a tocar em lugares menores e arrumou novos amigos para escrever um disco de inéditas para suceder “Ohio Players”, lançado ano passado. Os novos caminhos incluem escrever músicas com Rick Nowels, parceiro de nomes como Kesha, Madonna, Lana Del Rey… Sabe “You Get What You Give” do New Radicals? Tem o dedo de Rick.

Ano que vem chegaremos aos dez anos do último álbum da cantora Rihanna, “ANTI”. O álbum é seu melhor trabalho e não há sinal de que haverá um substituto, já que ela parece focada na família e nos negócios. É tanto tempo que a gente se conforma com um single qualquer nota para a trilha sonora do filme dos Smurfs. 100% aleatório. Capaz que é uma sobra de alguma coisa perdida em um HD externo da vida.

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* Na vinheta do Top 10, a cantora venezuelana-espanhola Arca.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix