Top 10 Gringo – Quem diria? Stereolab no topo. A volta mellow do feroz Turnstile na sequência. E o adulto Sleigh Bells fechando o pódio

Tem semanas onde o mundo corre lento e tem semanas onde parece que tudo acontece de uma vez só. Estes últimos dias estão dentro do segundo caso. Teve de tudo. Em especial, retornos. O Stereolab (que vem ao Brasil!) voltou depois 15 anos. Tem também a volta do Turnstile e o de uma certa Lorde, sumidinha desde 2021… Ah, tem mais um disco do King Gizzard and The Lizard Wizard, que nunca sai de cena. 

Quando uma banda internacional querida anuncia que voltou é difícil que o Brasil esteja nos planos dela logo de cara. Desta vez a história foi diferente. Ao mesmo tempo, ficamos sabendo que o Stereolab vai lançar seu primeiro disco em 15 anos e que também toca no Brasil em 2025 dentro da programação do Balaclava Fest. “Instant Holograms on Metal Film” chega no dia 23 de maio e o grupo brit-francês toca no festival brasileiro alguns meses depois, no dia 9 de novembro. “Aerials Troubles”, primeira inédita, chegou a ser enviada em vinil para alguns fãs seletos e dá bons sinais de que a parceria entre Tim Gane e Laetitia Sadier, membros da formação original, segue afiada.   

O céu rosa da capa de “Glow on” dá lugar a um céu azul com um discreto arco-íris na capa de “Never Enough”, novo single e também o nome do novo disco da banda norte-americana. Estreando na formação a guitarrista Meg Mills, o time formado por Brendan Yates, Pat McCrory, Franz Lyons e Daniel Fang segue a proposta aberta no álbum anterior, de deixar o hardcore conversar com uma produção limpa, o que liberou a banda para explorar um lado quase dream pop. Quem gostou de “Glow on” vai amar “Never Enough”. Mas quem tapou o nariz para a nova fase do grupo pode continuar (bem) longe. 

O caos sonoro proposto lá atrás pelo Sleigh Bells, quando a banda bombava, ficou meio comum no pop atual. Thanks, Charli. Daí que talvez não soe tão estranho para geral a mistureba tudo ao mesmo tempo aqui agora em “Bunky Becky Birthday Boy”, o primeiro álbum do duo em quatro anos. “Wanna Start a Band?” reúne ganchos que poderiam estar num disco da Gwen Stefani com um bumbo duplo de bateria que não faria feio em um disco do Slipknot. Agressividade e carinho. É um balanço que eles dizem ter aprendido vendo os Pixes tocar toda noite em uma turnê conjunta. Também é o disco da maturidade do duo – Alexis Krauss virou mãe, Derek Miller está sóbrio pela primeira vez. 

Quando ouvimos “Relationships”, imaginamos que as irmãs californianas Haim iriam abraçar uma veia pop inédita em sua carreira. “Everybody’s Trying to Figure Me Out”, segundo single do próximo álbum, quebrou essa expectativa. Aqui temos uma música com a produção sequinha, básica, como se estivéssemos dentro da sala de ensaio das meninas. A bateria soa alta, tomando o lugar dos outros instrumentos, por exemplo. O tema da música escrita por Danielle Haim veio após um miniataque de pânico. Na sua avaliação, a causa foi porque ela andava querendo agradar geral e se esqueceu de si mesma.  “Everybody’s Trying to Figure Me Out” é como um aviso grudado na parede do quarto avisando que tá tudo bem seguir mais seu próprio coração.

Desde as sérias acusações de assédio sexual levantadas em 2022 contra Win Butler, líder do Arcade Fire junto com a esposa Régine Chassagne, o banda ficou bem sumida. Win pediu desculpas, admitiu os relacionamentos fora do casamento e negou que as relações foram sem consenso. Régine ficou ao seu lado e a história não ganhou novos capítulos.  A banda começou a reaparecer aos poucos, com muitos esquecendo a história toda. O momento mais notável foi a participação no show em homenagem aos 50 anos do “Saturday Night Live”. Agora vem aí o primeiro álbum desde o caso, “Pink Elephant”, puxado pelo belo single “Year of the Snake”. Cantada por Régine, a faixa fala sobre amadurecimento e sobre não sofrer com isso, entendendo que a dor faz parte do processo. Musicalmente não chacoalha em nada a trajetória do grupo. Vamos ver como o mundo entende esses novos passos. 

Ben Kweller perdeu o filho em 2023. Dorian Zev Kweller tinha só 16 anos, iniciava sua vida artística e sofreu um acidente de carro. Enfrentando o luto com sua companheira Liz, eles conheceram através de Wayne Coyne dos Flaming Lips os pais de Nell Smith, outra vítima de um acidente de carro com apenas 17 anos. Nell também era artista, fã do Flaming Lips e chegou a gravar com a banda quando tinha 13 anos. Ben atribui a esse encontro uma das razões para se manter firme. Se o isolamento do luto pode ser fatal, a união com as outras pessoas ajudam a seguir. Por isso, “Killer Bee” é dedicada a Nell e estará em “Cover the Mirrors”, sétimo álbum de Ben, disco que trata do luto. De acordo com Ben, desde a morte do filho ele se atirou em produzir música, sem projetar muito, só queria escrever e dali tirar algum conforto ou paz. “‘Cover The Mirrors’ me ajudou a lidar com minha nova realidade e essas músicas fazem parte desse processo”, escreveu o artista. 

É muito legal ouvir o novo álbum do Black Country, New Road e sacar que eles não só sobreviveram à crise de perder o vocalista e principal guitarrista, mas reformaram a banda em uma direção tão interessante quanto a anterior. “Forever Howlong” aponta menos para o pós-punk e mais para o pop barroco dos anos 60 – meio Beach Boys, meio Beatles. “Besties” tem um retrogosto de “Piggies” do “Álbum Branco” não por acaso. 

A inglesa Rachel Chinouriri é um fenômeno no Tik Tok e caiu no gosto da Sabrina Carpenter, que logo convidou Rachel para abrir alguns de seus shows. Seu som pode ser descrito como pop, mas é bem legal a carga de rock apresentada aqui também. Dá um balanço novo e vívido, tipo o que a Olivia Rodrigo fez, só que até mais legal. Rachel já tá acontecendo no Brasil para o público adolescente, tanto que já saiu entrevista com ela na Capricho e tudo. Pais e mães, ouçam agora porque em breve você serão arrastados para um show dela.

Disco novo dos australianos King Gizzard and The Lizard Wizard. É o 27° álbum deles. E como sempre eles implodem a sonoridade do disco anterior em busca de novidades, a da vez é um disco orquestrado! Além do álbum, a banda fará shows ao vivo acompanhado de uma orquestra em lugares espetaculares, tipo Royal Albert Hall e o Hollywood Bowl. Chique. 

A Lorde soltou um mini trecho de uma nova música. É um som que lembra muito a sonoridade do seu primeiro álbum e chega com os versos: “Desde os meus 17 anos, eu te dei tudo/ agora acordamos de um sonho, bem, o que foi isso?”. Ah, o trecho é seu primeiro post da vida no Tik Tok. E o seu site saiu do ar. Vem aí!

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* Na vinheta do Top 10,  banda Stereolab.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.