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* Tivemos uma semana interessante na música gringa, de poucos e bons lançamentos, ainda que nada grandão. Mas que também deu oportunidade de fazermos o que curtimos bem: recuperar sons legais não necessariamente muito novos ou até bem velhos e que de alguma forma formaram a trilha sonora dos últimos sete dias. Nos dois primeiros lugares, temos duas das músicas mais pesadas do ano, cada uma com seu tipo de peso. E uma série de bandas “antigas” que ainda estão por aí ressurgiram com novidades. Fora o “polêmico” caso da Cardi B no Grammy, que impactou nosso ranking. A playlist mais importante para entender o que aconteceu lá fora na semana está no ar.
1 – Lucy Dacus – “Thumbs”
Talvez uma das narrativas mais pesadas do ano. Sem pensar na letra, “Thumbs” já tem uma história interessante. Era tocada em shows e proibida pela própria Lucy de ser registrada pelos fãs, que pedia para não botar a música na internet. Que era para aguardar por seu lançamento oficial, mas que no momento Lucy não se sentia preparada para lançá-la. Na letra, a narradora seria capaz de matar o pai da amiga, se ela permitisse. A razão? Não é contada, mas algo nada bom aconteceu nessa relação pai e filha. Agora entendemos a solidariedade e expectativa dos fãs para a música, que então agora saiu.
2 – The Horrors – “Lout”
O Horrors não dava as caras na música desde 2017, quando lançaram o álbum “V”, ainda que sem a repercussão dos bons tempos da banda na década retrasada já. Mas aí temos que Faris e os Horrors estão de volta com uma música nova de… metal industrial. Tipo horror mesmo, mas o gênero, não que ela seja ruim. Muito pelo contrário. É perfeita naquilo que se compromete.
3 – Cardi B – “WAP” (feat. Megan Thee Stallion)
Música mais falada do último Grammy, Cardi B apresentou “WAP” com um trecho do remix em ritmo de do brasileiro Pedro Sampaio. Acabou sendo a deixa para uma daquelas polêmicas xaropes de Twitter: “Mas o funk brasileiro não produz boa música?”. De novo isso? Se a Cardi B soube celebrar, ainda mais com a Megah Thee Stallion, a gente celebra junto.
4 – Imelda May – “Made to Love”
Este som da cantora irlandesa vizinha do Bono e amiga do Noel é um upbeat com participação do Ronnie Wood, dos Stones, sobre “lutar por amor”. E a horas tantas da letra, junto a nomes como Martin Luther King, John Lennon e Buddha, cita a brasileira Marielle Franco, vereadora do Rio que foi assassinada há três anos, junto com seu motorista, Anderson Gomes, em um atentado político. Aproveitando, a gente repete uma pergunta que está por aí nestes três anos: Quem mandou matar Marielle?
5 – Dry Cleaning – “Strong Feelings”
Novíssima banda inglesa de pós-punk tipo 1979, 1980 com sinais de influência de Siouxsie & The Banshees, perto de lançar seu primeiro álbum. Essa guitarra Magazine/Gang of Four é de matar. O vocal falado da bonitona Florence Shaw também.
6 – Lake Street Dive – “Hypotheticals”
Quer escutar um som bem alto astral? Aposta neste. A introdução climática engana até a chegada de um bom suingue. De gringo, mas está valendo. A Lake Street Dive é uma banda de Boston com longa estrada, mas até agora nem um disco deles parece ter tido o sucesso com a crítica que o mais recente, “Obviously”, recém-lançado. Vale dar uma atenção.
7 – Grouplove – “Deadline”
Os californianos do Grouplove frequentam há anos a Popload. Sempre queridos, desde o seu primeiro álbum. Se a banda não virou tão popular quanto a gente esperava, não importa. Ele seguem firmes e “Deadline” é um musicão que agitaria muita pista indie que está fora do ar nessa pandemia. Baixo na cara, um pique e tanto. Nosso amor grupal pelo Grouplove.
8 – Everything Everything – “Supernormal”
A banda Everything Everything, de Manchester, entrou nessa nova linha de artistas que lançam um single inédito pouco tempo depois de soltar um álbum lotado de possíveis singles. A novidade é “Supernormal”, música escrita durante a produção do álbum “Re-Animator”, de 2020. Vale assistir o vídeo da música, dirigido e animado pelo vocalista Jonathan Higgs, que aprendeu um monte de funções para dar conta de criar sozinho uma das obras audiovisuais mais bizarras do ano.
9 – Teenage Fanclub – “The Sun Won’t Shine on Me”
A música de sempre, da adorada banda de sempre. Desde o comecinho dos 90, como é bom ouvir Teenage Fanclub. Já contamos como conhecemos esse quinteto inglês lá em 1990? Pergunta que a gente fala. Este é um doce novo single o próximo álbum, “Endless Arcade”, que sai agora em abril. Só bota para tocar.
10 – Bernardo – “Almost a Mother”
Bernardo é Sonia Bernardo, algo como uma portuguesa que nasceu em Londres e foi e voltou de suas duas pátrias até se achar na música. Dentro da enorme cena londrina de soul alternativo com pegadas jazzísticas, Bernardo fez essa “Almost a Mother” para armar um bullying musical em garotos estúpidos sendo estúpidos com uma menina, pelo que eu entendi da letra. A música em si é ótima e tem na produção o Dave Maclean, do Django Django. Olho em Bernardo.
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* A imagem que ilustra este post é da cantora e guitarrista Lucy Dacus.
** Repare na playlist. A gente inclui as 10 mais da semana, ou quase isso, mas sempre deixa todas as músicas das semanas anteriores. Pensa no panorama que isso vai dar conforme o ano for seguindo…
*** Este ranking é formulado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.
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