Vamos ser diretos. Nesta semana tem dez novidades bem legais na nossa listinha, mas se a gente fosse um tiquinho mais ousado indicava mesmo todas do novo álbum da Jessie Ware. Que disco, galera. Estamos obcecados a ponto de quase só ouvi-la – tanto as novas quanto as antigas. Aí no tempo extra procuramos ouvir o que ela escutou para compor esse disco – e quando sobra umminutinho nesse caos, vamos ouvir Jessie Ware em seus podcasts. Sabia desse lado dela? Muito bom.
Uau. Será que temos o disco do ano? É impressionante o que a inglesa Jessie Ware faz em “That! Feels Good!”. O que era uma sugestão em “What’s Your Pleasure?”, seu álbum anterior, se torna realidade por aqui. Dentro de uma longa tendência atual de disco retrô-futurista, que anda reimaginando o gênero que fez história na virada dos anos 1970, Jessie emplaca não só no resgate/criação de sonoridade potente, mas nas canções que falam por si só. Cada pedacinho parece ter sido feito com muito esmero – trabalho de pesquisadora mesmo – de Donna Summer até Róisín Murphy. “Free Yourself” e seu crescendo tem potencial de ser uma música para as pistas de todos os tempos – ela adiantou essa ano passado em single, inclusive tocou no seu bombado show no Primavera Sound em São Paulo. Vale o destaque para produção segura do Stuart Price, um quarentão que aos vinte e poucos aninhos fez história junto com uma quase cinquentona Madona em “Confessions on a Dance Floor”. E qual a razão de mencionar as idades aqui? Porque esse é um mito do pop e sua tendência de querer sempre ficar mais jovem. Que nada. Jessie tem 38 anos e chegou agora ao seu álbum elogiado e provavelmente o mais popular.
A gente sempre fala por aqui do quanto a Phoebe Bridgers é a pessoa que mais trabalha no mundo da música, né? Carreira solo, banda, mil participações especiais. Vocês sabiam que ela também toca um selo próprio chamado Saddest Factory Records? A Claud é uma das artistas contratadas e seu novo single honra o nome do selo – tristinha que só ela. E tem um gostinho de “Wonderwall” que poderia até dar um processinho no pique desse que o Ed Sheeran tomou. Nem ouse, Noel!
Repetir a pegada do excelente “Songs for the General Public”, o disco de 2020 de Brian e Michael D’Addario, parecia bem improvável, mas o intrépido grupo nova-iorquino conseguiu, com este novíssimo “Everything Harmony”, lançado nesta sexta-feira. Pode pegar qualquer música desta banda of brothers que você encontra a profundidade emocional aliada à incrível sofisticação sonora da familiar dupla. A gente pegou esta ótima “What We Were Doing”, a mais Weezer delas.
E por falar em Noel, falemos dos britânicos Tom Rowlands e Ed Simons do Chemical Brothers, que sempre foram parças do Oasis e parecem ter aprendido com a banda o lance de enfiar em lado B de single músicas que merecem estar nos álbuns. A bola da vez é “All of a Sudden”, uma faixa que lembra muitos os bons tempos do duo para os mais saudosistas. Aproveita e já emenda com Noel mandando “Setting Sun” acústica.
Pois é, uma das nossas bandinhas mais queridas no mundo indie, o Best Coast resolveu entrar em hiato. Mas sem choro, sua líder Bethany Consentino já abriu os caminhos para uma carreira solo. Ela escreveu: “explorar um novo lado de mim mesma foi muito difícil de se tomar, mas parecia necessária para mim”. Faz sentindo. E “It’s Fine”, seu primeiro single, guarda muito do já rolava no Best Coast, especialmente no refrão, mas os versos tem uma pegada meio country inédita. Interessante.
Fora mais de dez anos sem músicas inéditas, mas os suecos do The Hives resolveram voltar a aparecer. Para quem não lembra, a banda foi uma das grandes sensação do começo deste século – quando o rock voltou a ser a bola da vez no pop. Quem gostava vai pirar no retorno, em seu novo álbum, “The Death of Randy Fitzsimmons”, eles prometem o mesmo rock imaturo de sempre. “Quem quer rock’n’roll maduro?”, questiona Howlin’ Pelle Almqvist, o carismático vocalista da banda. Tá certo. Gostamos de música que terminam com a guitarra apitando tamanha a distorção.
Quem diria que um dia a música mais popular do The National seria a participação da banda em “Coney Island” da Taylor Swift. Pois é. E Taylor retribuiu a parceria e agora é ela que aparece em um disco do National, o bom “First Two Pages of Frankenstein”. Uma balada ao piano bem da emocionante, tá?
Um dos maiores figuras sui-generes da música britânica, o dândi Baxter Dury vem com disco novo em junho e esta “Celebrate Me é o novo single. Nada vindo de Baxter Dury pode ser considerado normal, então este novo single vem um pouco diferente da mecânica homem sedutor + garotas backing vocals sexies. Até a cadência deste novo som de Baxter vem diferente. Mas o que vale é dizer que, como somos fanzocas do cantor inglês do sotaque mais legal da música inglesa, é claro que a gente “celebrate” ele.
Tá bonito de se ver essa amizade entre gigantes da música eletrônica: Fred Again…, Skrillex e Four Te. Nomes que a gente nem imaginava juntos de tão díspares que são seus sons, os caras tão fazendo set juntos, participando um do disco do outro. E seria só legalzinho, se eles não tivessem conseguido um potencial hit que é a viciante “Baby Again…”. Vamos esperar pelo álbum desse megazord do EDM.
Talvez você conheça os suecos do Little Dragon mais pela parceria da banda com o Gorillaz em algumas faixas do que qualquer outra coisa – se não conhece ainda, recomendados a deliciosa “Empire Ants”. Mas vale investigar a discografia dessa instituição da música eletrônica sueca que existe desde 1996! Se quiser começar pelo novo single da banda, ok. Musicaça. Ah, sabe quem participa do próximo álbum deles, que vai se chamar Slugs Of Love? Damon Albarn, lógico.
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* Na vinheta do Top 10, a cantora inglesa Jessie Ware.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.