Bandas que saem na mão, bandas que dão as mãos e retornam. Artistas que lançam o mesmo disco três vezes, artistas que divulgam seus álbuns à moda antiga. Bandaça que volta e a gente nem lembrava que existia. O Top 10 Gringo desta semana traz essa variedade de historinhas que percorrem as nossas músicas mais queridas lançadas recentemente.
Erramos e pedimos desculpas. Depois de “Guess” com Billie Eilish, falamos por aqui que “Brat” estava encerrado. Que nada. Vem aí “Brat and It’s Completely Different but Also Still Brat”, mais uma versão de… “Brat”. Que vai incluir o disco original, todos remixes com Lorde, Billie, e a recente “Talk Talk”, com Troye Sivan, e mais sons ainda sem nome divulgado – nas plataformas, as inéditas aparecem apenas com o nome de “Track Two”, “Track Three” e por aí vai. Um detalhe da nova versão de “Talk Talk” é a discreta porém marcante participação da Dua Lipa falando em francês e espanhol, chamando o menino para uma festinha – alguém no YouTube chamou ela de Dua Lingo e estamos rindo até agora.
A absurda banda inglesa Tindersticks, de Nottingham, que pertence àquela liga especial de grupos fenomenais em estúdio e ao vivo (tipo Radiohead, Portishead, Massive Attack), está de volta com um novo álbum, lançado na seta passada. Chama “Soft Tissue”, de onde fechamos os olhos e pinçamos esta fabulosa “Don’t Walk, Run”, como poderia ser qualquer outra. Tindesticks, sem som transcedental, seu acordeão rasgando músicas, a voz anasalada de Stuart Staples são coisas muito sérias para se rankear assim. Mas vamos botá-los humildes aqui em segundo lugar. Vai deixar a banda mais contente que botar em primeiro. “Assim está bom”, diriam. Pelo menos vamos dedicar à banda a foto que ilustra este top.
“Audacious” é o primeiro single do próximo álbum do Franz Ferdinand, “The Human Fear”, previsto para 10 de janeiro. Sim, 2025 chega com tudo! E, se visualmente a capa do single aponta para os 20 anos do álbum de estreia da banda, sonoramente Alex Kapranos e seus parças vão para um lugar meio novo. Apesar do riffzinho característico deles, a faixa tem orquestrações à la George Martin e um refrão grandioso meio redentor, tipo “All The Young Dudes”, sabe? Boa para cantar junto em shows da banda – quem vai em novembro?
Mais um disco programado para o início do ano que vem: “Eusexua”, da FKA Twigs, chega em 25 de janeiro. Será seu primeiro álbum desde “Magdalene”, de 2019, e da mixtape “Caprisongs”, de 2022. Sabemos pouco do que está por vir. A única explicação que FKA deu até agora é que é um disco inspirado em tecno, mas só em espírito. Ou seja, não vai soar o tempo todo como tecno, mas tem a essência do gênero. “Eusexua”, primeiro single, já mostra que é um trabalho de alto nível e que a explicação abstrata da FKA está correta.
Que emoção. Após todos os membros do XX construírem belas carreiras solos, o trio se reencontra em uma das músicas novas do álbum solo de Jamie. Nas plataformas de streaming, a música inclusive aparece como se fosse do trio The XX e é aí que a coisa fica interessante. Eles estão de volta? Eles estão com um novo som? Porque “Waited All Night” tem uma vibe totalmente outra… Mas o mais bonitinho foi o Jamie contando feliz de ter feito música nova com seus “irmãos musicais”. s2
Ginger Root é a persona artística assumida pelo multiinstrumentista Cameron Lew. E a sua missão na Terra, de acordo com o próprio, é produzir um “agressive elevator soul”. A gente gosta quando os caras inventam nomes completamente bizarros para o que produzem. E pior que você começa a entender as motivações: a música de Ginger é feroz, vai para cima, tem um toque de soul e também não tem medo de soar easy, tipo música de elevador mesmo. Ele quer só tirar uma onda, te fazer sorrir. E consegue.
“Moon Mirror” é o décimo álbum do quarteto nova-iorquino indie Nada Surf, velhos conhecidos. Entre altos e baixos, este é mais um trampo bom de uma banda que nunca mudou radicalmente seu som e sempre entregou um power pop honestíssimo – de vez em quando alcançado sucessos, como “Popular” e “Always Love”. “In Front of Me Now” é aquele típico acerto de conta com o passado com nostalgia engatilhada já no timbre da guitarra. Ah, se o Weezer tivesse a constância do Nada Surf…
Já reparou que muita gente quando vai elogiar a Billie Eilish foca muito no trabalho irmão dela, o FINNEAS? Sim, a gente sabe que é uma relação de parceria, mas falam como se ela não tivesse palavra final sobre a própria obra. E, aqui entre nós, ouça as coisas solos do FINNEAS para sacar o quanto Billie manda e é responsável na boa direção de sua obra. “Cleats” é um beleza demúsica, mas não tem o temperinho da Miss Eilish.
E, por falar na Billie, vale ressaltar sua estratégia para divulgar “Hit Me Hard and Soft”. Enquanto alguns singles ganharam o tradicional vídeo (“Lunch” e “Chihiro”), outras aconteceram em lugares diferentes. “Birds of a Feather” explodiu após ser tocada no encerramento das Olímpiadas e “Wildflower” começa a ganhar destaque ao ser a escolhida por Billie para aparecer no COLORS, popular canal de YouTube. Uma música por vez com toda a calma do mundo. Pensando bem, nada de novo, é só a velha tática repaginada e tocada sem pressa. Gostamos. A menina é boa.
Nestes dias reclamamos por aqui do sumiço do The War on Drugs e eles devem ter escutado a gente, pois lançaram imediatamente um disco ao vivo para compensar o tempão sem músicas novas. “Live Drugs Again” é uma coleta das melhores gravações ao vivo entre 2022 e 2023 e mostra como os caras expandem sua obra no palco. “Under the Pressure”, que já é superlonga em estúdio, chega aos dez minutos com toda uma nova construção. De arrepiar. Será que no futuro vamos olhar pro War on Drugs como olhamos para o Bruce Springsteen hoje? Faria sentido.
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Na vinheta do Top 10, a suprema banda inglesa Tindersticks.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.