Será que estamos exagerando se falarmos que talvez um dos discos do ano já esteja nesta listinha abaixo? É, somos assim. Acontece. Não vamos antecipar muita coisa, a empolgação dos textinhos vão entregar quem é nosso favoritaço de 2024.
Direto e reto. Já temos um favorito do ano. E não é álbum, é um Epzinho com seis músicas que está sacudindo nossa mente. “Like a Ribbon”, da esperta John Glacier, vai perto do sublime em seu mix poderoso de indie, introspecção e trip hop. Sabe quando algo soa muito novo? Glacier anda por território inédito, e tudo na sua obra parece um pouquinho fora do lugar, um tiquinho mais saturado do que deveria. Seu som tem essa beleza, carrega um senso pop de fim-de-mundo. É a resposta da Inglaterra a Billie Eilish. Não estranhe se algo tão estranho for a próxima sensação. O pop é feito dessas reviravoltas estéticas.
Por alguma razão misteriosa esquecemos de comentar semana passada sobre o novo álbum do IDLES. Agora parece fácil falar que “Tangk” é a incursão mais pop da barulhenta banda e rendeu até o topo das paradas britânicas. Mas a gente ia até traçar ou forçar, digamos, um paralelo deles com o U2 – sobre grupos que vão ficando mais calmos e populares com o tempo. Em alguns momentos, “Tangk” parece ser o “Achtung Baby” do IDLES – tanto no sentido de ser aquele momento em que uma banda que fez sucesso nos EUA e no Reino Unido se torna global quanto de realmente soar um pouquinho U2 no tom das canções mesmo. Com atraso, mas está dito. E que maravilha é essa “Pop Pop Pop”.
O MGMT vive em parte pela nostalgia dos seus hits que marcaram a segunda metade da primeira década dos anos 2000. Mas seria injusto reduzir a dupla americana apenas a este momento. Sem o mesmo estardalhaço do auge da popularidade, desde a retomada do grupo em 2018 com “Little Dark Age”, o MGMT segue interessante, n mínimo uma banda “diferente”. Este álbum novo “Loss of Life” é uma confirmação da fase inspirada e até mais madura, como dá para sacar na séria e reflexiva “People in the Streets”. Em uma entrevista para o NPR, Andrew VanWyngarden, metade do duo, deu uma declaração que comprova nosso ponto: “Cheguei aos 40 anos dizendo: ‘Hoje em dia, as drogas são meio ruins e a resposta para a vida é, na real, amor e estabilidade nos relacionamentos'”. Surpreendente, não?
Abrimos o ano falando aqui no top 10 que a Beyoncé queria provar algum ponto investindo em canções country. Dito e feito: na semana passada, “Texas Hold ‘Em” alcançou o topo de músicas country da “Billboard”, na primeira vez que uma mulher negra consegue tal feito – esta semana, a música chegou no topo da lista geral da publicação. Em sua proposta de discutir o racismo em torno do gênero que tem raízes negras, parece que ela já conseguiu explicar bastante coisa, né?
Não tire seu chapéu de cowboy ainda. Hurray for the Riff Raff, codinome de Alynda Segarra, com longa trajetória pelos caminhos do folk norte-americano, nunca soou tão country. Um country de quem foi forjado pelo punk de Nova York? Sim. Alynda andou pelo “wild side” e viu uma América do Norte bem diferente da idealizada por aí. Escute com essa chave ligada na mente e entenda tudo. Para ter uma frase de efeito, imagine que Lou Reed chamou o Bikini Kill para um álbum de música country.
Calma que não acabou a onda folk/country. Esse espírito permeia o novo álbum do grupo indie Real Estate – não por acaso gravado na terra sagrada do gênero, Nashville. As guitarras tortas da banda em disco passados dão lugar a guitarras limpas e um violão de 12 cordas que pontuam as faixas com uma tranquilidade quase reflexiva – só escutar a bela “Somedody New” e a supercaipira “Victoria”
Erika de Casier poderia nomear seu novo álbum se inspirando no brasileiro Marcelo D2: “À Procura do R&B Perfeito”. Embora vivendo na Dinamarca, Erika não está tão distante assim de qualquer um de nós que cresceu de olho na estética do R&B do começo dos anos 2000 a partir de altas doses diárias de MTV. E isso está dito em “Still”, seu terceiro disco de estúdio. Para entender um pouco do humor de Erika vale reparar na explicação que ela deu para o título do álbum: “I’m still Jenny from the block”, cravou aos risos para a revista “Clash”, citando o hit de Jennifer Lopez. Ninguém vira amiga e parceira da Dua Lipa por acaso.
Bem ao mood sonoro de “SOS”, SZA soltou um single que parece mesmo um pedido de socorro. Uma letra chorosa que sonha em encontrar um outro universo. Em um momento ela chega afirmar: “I hate this place”. Que será que tá pegando, hein? Apesar da letra hipertensa, o som é viciante e leve (!!!).
Norah Jones ganhou muito da nossa simpatia recentemente com seu incrível podcast “Playing Along”, onde recebeu de Dave Grohl a Rodrigo Amarante para conversar e tocar alguma coisa junto. O espírito despojado das gravações do podcast parece habitar um pouco seu próximo álbum, que vai se chamar “Visions”. Pelo menos é o que os singles lançados até aqui indicaram. “Staring at the Wall” é a música mais recente, mas “Running” é a mais gostosa de escutar.
Até o momento desta edição, o Lolla mantinha firme o King of Leon em sua programação – com tantas reviravoltas, estamos alertas aqui E não é que a banda reapareceu com um single inédito que soa como as primeiras gravações da banda. Bem menos produzido, com a voz bem mais “rústica”. Um movimento novo em contraste com o trabalho mais recente da banda, o OK e radiofônico “When You See Yourself”. Esta “Mustang” antecipa “Can We Please Have Fun”, nono álbum de estúdio dos Followill.
* Na vinheta do Top 50, a rapper inglesa John Glacier.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.