Interessante esta nova casa da Popload, hein? Tudo bonito e novo, mas algumas tradições têm que permanecer. E uma delas é o Top 10, esta seção aqui mesmo, que segue firme e forte na busca de listar as músicas internacionais mais importantes da semana. Ou das últimas semanas. Ou das próximas semanas. Como a casa ainda está em obras, a gente precisou adiar um pouquinho nossa última edição. Resultado: temos músicas acumuladas para comentar, algumas que estamos guardando para a semana que vem, então não estranhem algumas ausência ou faixas lançadas em diferentes períodos. Logo estará tudo em ordem.
Uau. Parece que o Wilco chegou firme em seu novo álbum, lançado de maneira bem discreta, hein? “Cruel Country” é duplo, extenso e vai merecer uma atenção mais minuciosa ao longo deste futuro próximo. De cara, a gente destaca a tensa faixa-título, que aborda uma certa apatia de quem abraça um nacionalismo cego pelos EUA – ainda que a abordagem possa ser extendida ao Brasil, por exemplo. You know… Jeff Tweedy afiou bem a caneta aqui: “Tudo que você tem que fazer é acompanhar o coro/ Se matar de vez em quando/ E cantar com o coro”.
Será que a gente pega muito pesado se dizer que não curtimos tanto assim o novo disco do Harry Styles? Em seu terceiro álbum solo, parece que o talentoso popstar britânico errou um pouco a mão no apelo à nostalgia e mirou em um pop feito para ser trilha sonora de lojas – o fato de ter uma música que leva o nome de “Música para um Restaurante de Sushi” não ajudou muito, é verdade. Ou na real “ajudou”, vai saber. Nos trabalhos anteriores, tudo parecia mais ousado. Dito isso, não tem mau humor nosso com o disco que resista à excelente “As It Was”, que ironicamente (ou não) lamenta que as coisas não são mais como antes…
Para não falar só de “escorregadas”, fiquemos com a super Ravyn Lenae, cantora de Chicago dona de um R&B moderno e sofisticado, pique disco e revelação do ano, daqueles nomes capaz de sacudir o gênero e estabelecer novas regras. A gente promete falar mais do álbum dela, que ainda está passando despercebido até pela crítica gringa… Estávamos ansiosos por “HYPNOS”, que fomos acompanhando single a single por aqui. Essa cumpriu bem a promessa.
E temos um Liam Gallagher mais maduro em seu novo álbum, “C’mon You Know”? Yes. Pelo menos neste som se apresenta um Liam mais reflexivo, que vê seus tempos mais irritados com o mundo no passado. E tenta até a aconselhar quem ainda é jovem sobre querer tudo para agora – não é assim que o mundo funciona. Então, se não quiser se machucar, ouça o “experiente Liam”, d’ you know what i mean?
A maravilhosa cantora americana Santigold, que chegou na gente através de um feat que fez com os Beastie Boys (lembra de “Don’t Play No Game That I Can’t Win”?), andava sumidinha. Pensa aí que seu álbum mais recente é do longínquo 2016, um outro mundo. Teve um feat. ali e tal, mas desapareceu mesmo. A volta começa acontecer a partir deste super-single, que de acordo com Santi é um punk rock futurista. Pega essa ideia. Forte.
Será que a Charlotte conta como CENA ou Top 10 Gringo? Vamos explicar. Ela é uma cantora de jazz brasileiro-norueguesa, daí fica fácil fazer qualquer confusão. Ela chegou a morar em quatro países diferentes em um período de três anos. Mas entre dúvidas, a certeza é que seu som é lindíssimo e parece carregar um pouco dessa experiência de diferentes cantos do mundo – ou não teria agradado gigantes como Big Boi, do Outkast, e o radialista e pesquisador musical Gilles Peterson.
Quem lê a Popload há mais tempo sabe quanto somos apaixonados no art-rock do Everthing Everthing, banda bacana de Manchester. E a experiência do novo disco do grupo é bem maluca, “Raw Data Feel”, que em tradução livre significa “Sentimento de Dados Brutos”, teve o auxílio de uma inteligência artificial para que Jonathan Higgs, principal compositor da banda, evitasse lugares comuns de temas sócio-políticos, ”abandonando o cérebro humano”, disse ao jornal inglês “The Guardian”. Em partes, né, Higgs? Do material criado pela IA, parece que só 5% efetivamente entraram no disco. Em todo caso, a ideia é intrigante, vai.
Nem só de pós-punk vive nossa querida Dublin. Tem um pouco do lo-fi/bedroom pop da Kayleigh Noble, dona de um super (sub) hit chamado “Tokyo”. Seu novo EP pesa um pouquinho a mão mais no pop, mas ainda pode te agradar, se ser pop é um incômodo para você.
É um pouco chocante se tocar que “I Follow Rivers”, maior sucesso da sueca Lykke Li, que demorou a acontecer por aqui através de vários remixes, tem mais de 10 anos. E esse aniversário foi ano passado. Para 2022, Lykke tem um disco totalmente novo, “EYEYE”, que pode surpreender desavisados pelo tom mais intimista – a não ser que alguém pense num remix…
A gente direto reclama um tiquinho dos algoritmos, mas de vez em quando eles nos pegam. É o caso desse quarteto dinarmaquês que chegou aqui porque emplacou um feat. com a inglesa lindinha Nilüfer Yanya, uma das nossas roqueiras favoritas e figurinha constante aqui no Top 10. São bons meninos. E sabem referenciar o passado de um jeito mais equilibrado que o Harry…
* A imagem que ilustra a vinheta do nosso ranking internacional é da banda poploader Wilco. O crédito da foto é de Jamie Kelter Davis.
** Este ranking é formulado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.