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* Yes, nós temos nossos Jack White, Sonic Youth e Clash, tudo na alma de três grandes revelações do indie nacional, as bandas de teens Dis Moi, Garage Monsters e Wack.
* A “Folha de S.Paulo” me enviou a Curitiba e Porto Alegre para ver um bando de moleques talentosos que preferem guitarras a futebol, formaram interessantíssimas bandas para atrapalhar a vida escolar, aprenderam inglês na internet e devem dar o que falar no indie nacional em pouco tempo. Todas as três já foram mencionadas aqui na Popload, mas agora ganham uma reportagem própria e única embalada como “Escola do Rock” (lembra o filme?), que saiu publicada na Ilustrada nesta segunda-feira. E a gente replica a matéria aqui embaixo, com material “bônus” além do que saiu no jornal:
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Há alguns anos, a Ilustrada usou o título “Escola do Rock” para falar de três destaques adolescentes que estavam movimentando a cena independente com um certo barulho: Mallu Magalhães, Stephanie Toth e a banda Pop Armada, todos fazendo músicas e shows de “gente grande” mesmo sem ter idade para frequentar bares e clubes em que estavam tocando.
A primeira virou uma espécie de estrela da nova MPB, a segunda chegou a tocar durante um festival South by Southwest, em Austin, e se mantém na atividade indie até hoje e o grupo virou outro grupo (Inky) e já abriram show do LCD Soundsystem e foram para a Holanda participar de uma sessão musical com o famoso produtor inglês Steve Lillywhite, que já trabalhou com U2 e Stones.
Agora, sob o mesmo título, mas anos depois, o jornal saúda a chegada a essa cena de três bandas com adolescentes talentosíssimos, cada qual no seu perfil, que nos fazem evocar outra referência do rock: “The kids are alright”. São as bandas gaúchas Dis Moi e Garage Monsters e a curitibana Wack.
DIS MOI – O Dis Moi é a que foi “mais longe” dessas muito novas formações. Tocou no palco de crianças do Lollapalooza Brasil, no fim de março. Mas já têm a promessa da produção do festival paulistano que na edição do ano que vem estarão em um dos palcos grandes, se apresentando “para valer”.
A banda é formada pelo impressionante Erick Endres, gaúcho de Porto Alegre que tem uma ascendência francesa no sobrenome e no nome da banda, que em português significa “Diga-me”.
Aos 15 anos, ele é um verdadeiro guitar-hero. Os guitarristas Jack White e John Frusciante (ex-Red Hot Chili Peppers) são influências declaradas e isso não é uma mera citação. Com o instrumento na mão, ele se porta como os ídolos.
Erick diz, com jeitão de “veterano”, que toca desde os 4, por causa do ambiente familiar. O pai é o DJ e produtor Fredi Chernobyl, bastante conhecido na cena underground brasileira por ser integrante da banda Comunidade Nin-Jitsu e ter trabalhos com o Bonde do Rolê, entre outras estripulias.
Erick tem uma parceira na banda, Bela Leindecker, vocalista, que canta com asas de anjo nos shows e tem uma voz rouca personalíssima. Ela tem 13 anos.
Segundo Bela, eram “coleguinhas de escola” e perderam o contato, mas depois que passou a postar vídeos no Youtube com músicas próprias, que a mãe gravava, se reencontraram. Os dois formaram a banda com outros “amiguinhos” para participar de um concurso, o que não deu certo. Depois de alguns ensaios, descobriram que a competição era para maiores de 18 anos… Mas seguiram com o Dis Moi.
“Já me perguntaram se minha relação com a música atrapalha meus estudos. Acho que é o contrário”, diz Erick.
Completam o Dis Moi os não menos talentosos Lourenço, 15, baixista, o segundo da dir. para a esq. na foto, e Pedro, 14, o do canto direito, camiseta preta. A foto é de Marcelo Nunes/Divulgação.
No soundcloud você encontra o Dis Moi tocando seu single “Forget”, no https://soundcloud.com/dis-moi-band. E aqui a banda fazendo cover de “Level”, da banda americana Racounteurs, um dos grupos de Jack White. Mas a gente deixa eles aqui com uma nova, “Maracujá”.
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GARAGE MONSTERS – Já que estamos fazendo o joguinho das referências para “enquadrar” a nova geração indie, vamos chamar o incrível Garage Monsters, de Porto Alegre, de “o novo Clash”.
O grupo inglês Libertines, mais próximos, seriam melhor, porque além de também ter o parentesco sonoro punk com o Clash, o GM se assemelha à banda de Carl Barat e Peter Doherty no aspecto “brodagem”. Ou “bromance”.
O Garage Monsters é a banda dos amigos Nick e Kim, que se conhecem desde bebês. Nick tem 17 anos, canta e toca guitarra. É o segundo da foto acima (crédito Ovos e Llamas/Divulgação). Kim (o primeiro na imagem), também 17, faz a segunda voz e cuida do baixo. As músicas que compõem são em inglês, mas não porque tenham frequentado escola de idiomas ou morado no interior. Desenvolveram a segunda língua na internet e com videogames, típico da geração.
O Garage Monsters conseguem ir bem com a música e com a escola porque obedecem uma regra básica: se vão à escola de manhã, podem ir ao estúdio à tarde. Nunca mais faltaram às aulas.
Já abriram show do CJ Ramone (“Foi nosso primeiro show com cachê”), já sofreram mudanças na formação, já tentaram gravar em português, estão ensaiando para ver se sai um disco em breve. Ou não. Fazem músicas e as lançam na internet, onde já têm vârias. Confira o vídeo deles no Youtube para a música “Twenty Three”. É caseiro, mas emocionante.
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WACK – A cena indie de Curitiba anda tão movimentada pelas pencas de bandas que surgiram na cidade de uns anos para cá que já desenvolve um “lado B” do indie. Ou o indie-do-indie.
Nessa “profundidade” do som independente curitibano se encontra o Wack, banda-projeto de um garoto de 17 anos chamado Ian Joe (“É assim, mesmo. Pode ver na minha identidade. Sei lá, minha mãe gosta de nome gringo”) e obcecado por um barulho distorcido de garagem. Não precisa dizer, ele canta em inglês de internet.
Ian não toca nos bares onde os indies “lado A” tocam na cidade. Ensaia num sebo numa avenidona comercial não tão perto do charme do Batel (o “bairro dos bares”) e o Centro, onde circula forte o indie curitibano. E sua banda não é amiga de muitas outras bandas.
Aliás, Ian Joe começou o Wack tocando sozinho, aos 13 anos, porque ninguém queria tocar com ele. Foi, gravou sozinho o incrível EP “Bad Vibes Forever”, de cinco músicas, fez a capa e soltou na internet.
Depois, chamou a Tami Taketani, também 17, para tocar baixo com ele, “porque ela tinha uns sons maneiros no iPod dela”.
O Wack então virou uma dupla: um menino que solta do iphone uma base pré-gravada de bateria e toca guitarra distorcida por cima e uma japonesa loira para acompanhar no baixo estourado.
Para ouvir o Wack: Facebook da banda (http://www.facebook.com/wackx) tem um EP. Repare no “x” no endereço. No Face deles, vá ao setor “bandcamp”. A gente deixa uma do Soundcloud dele, aqui.
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