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* Senta que lá vem história. La vêm histórias, na real.
A Popload estreia agora a seção #TBT POPLOAD, uma maneira de recontar nossa trajetória desde 2000 como coluneta “Download” na “Folha de S.Paulo”, virando colunona “Popload” na Ilustrada e uma parte da seção Pensata na extinta Folha Online, saindo do jornal para os portais, primeiro IG e depois UOL, ficando independente, crescendo nos shows, nos festivais e sendo cooptado para fazer parte da Time for Fun, a maior empresa de shows da América Latina.
21 anos de jornalismo musical diário, um sem-número de festivais visitados no planeta, mais de 60 shows da série Popload Gig, 7 edições do Popload Festival, a gente tem algumas coisas para contar. E vamos procurar lembrá-las conectando com fatos do nosso presente, quando possível.
Por exemplo, esta estreia do #TBT Popload tem a ver com o morte do Daft Punk, obviamente.
A gente estreia nosso #TBT indo até o Coachella de 2006, quando o festival “era só mato” e areia e coqueiros e esculturas lindas e… E principalmente as selfies não competiam com as bandas do line-up. Era ainda um final de semana só, em dois dias apenas, ainda por cima. No sábado e no domingo. Nem tinha a sexta para “sextar”. Sdd, Coachella true.
2006 foi o ano em que o Daft Punk viria ao Brasil, meses depois o Coachella, para se apresentar no Tim Festival duas vezes, no Rio e enfiado no antigo Tom Brasil/HSBC Hall. Com um Yeah Yeah Yeahs e um TV on the Radio no pacote. Não vou nem mencionar o ótimo Thievery Corporation. Ops.
O Coachella 2006 foi ousado no seguinte ponto. Botaram dois nomes enooooormes do line-up não para tocarem no palco principal para 40 mil pessoas, chutando. Mas, sim, na tenda dance, a maravilhosa Sahara Tent, que cabia umas (chutando 2) 5 mil pessoas. Os fãs que lutem. Os nomes para essa “loucura”? Madonna e Daft Punk.
Fazia algum sentido essa ousadia coachellica. A Sahara Tent era um mundo à parte dentro do mundão do Coachella. Era o lugar para fãs de eletrônica com as melhores atrações de eletrônica do mundo. Quem ia lá para a tenda dance passava o dia todo nela, nem ligando para as atrações indies, do hip hop e do pop que dominavam os quatro, cinco outros palcos do festival californiano. E o Daft Punk era eminentemente dance. E a Madonna tinha lançado seu disco mais cluber, que pelo nome justificava a tenda eletrônica: “Confessions on a Dance Floor”.
E lá fui eu respirar o pouco ar que sobrava da tenda dance ver o Daft Punk (eu viria a Madonna também, no dia seguinte), entrando na tenda na carona da onda humana, saindo da tenda cuspido pela onda humana. Ouso dizer que tinha quase o mesmo número de gente fora da tenda que dentro. No domingo, na Madonna, com certeza tinha mais gente fora. Tanto que para os dois shows botaram telão para fora da tenda, para os muitos que não conseguiam chegar perto do palco.
Trago agora, para justificar este #TBT POPLOAD, quatro coisas: umas fotos desse show “especial” do Daft Punk na tenda do Coachella; um vídeo do show no festival californiano na íntegra, gravado por um fã bem localizado DENTRO da Sahara Tent; o setlist daquela performance; e o que saiu sobre o show na Popload naquele 2006 aprazível, quando a gente era feliz e sabia.
Repare no começo do show do Daft Punk no Coachella. Era da tour da pirâmide de led e eles entram em cena recebidos pelo tema do filme “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, aquelas inesquecíveis peça de cinco notas, manja?
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“…Falando em sexy, o Daft Punk no Coachella foi mágico. Uma vez tinha ido a um show deles na França, em um festival, em que a dupla simplesmente não apareceu para tocar. Visualmente não apareceu. O som eletro-robótico estava lá, mas no palco só tinha duas picapes. Foi assim o show inteiro. Sonzão rolando, todo mundo sem tirar o olho das picapes vazias. Desta vez, no Coachella, quando as luzes se acenderam e as cortinas negras se abriram, apareceram dois robôs numa pirâmide imensa, depois de que as famosas cinco notas do tema de “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”recebeu a dupla.
A música de largada foi “Robot Rock”. Talvez em homenagem ao caráter roqueiro do Coachella, o princípio escolhido foi o de intermitentes riffs de guitarra à lá heavy metal. Depois de muitos anos sem fazerem shows, lá estava a dupla francesa Daft Punk, em carne e osso metálicos.
Estava tudo certo. Noite linda no meio do deserto e dois caras tipo robôs-ETs numa pirâmide colorida com telão moderníssimo.
Este é meu terceiro Coachella seguido e poucas vezes no festival eu vi uma comoção geral como em “Technologic” e principalmente como em “One More Time”, quando essas músicas foram tocadas.
Quase não estava dando para respirar dentro da tenda. Dali até o final arrebatador, com a extensa “Human After All”, eles, humanos enfim, bateram palmas para o público.
E todo mundo, com uma felicidade incrível na cara, saiu da tenda meio rápido para respirar o oxigênio que dá vida ao planeta. Sim, estávamos na Terra, apesar do Daft Punk ali, e after all.”
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