Stones, 50, ontem em New Jersey. Confesso que…

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* Popload em New Jersey. Ou “New Joisey”, como dizem os locais.

* Ontem a Popload, na pessoa deste que vos fala, esteve no Prudential Center, em Newark, cobrindo para o blog e para a “Folha de S.Paulo” o penúltimo dos cincos shows comemorativos dos lendários Rolling Stones, da tour “50 & Counting”, a última série de apresentações ao vivo da história da banda, dizem uns boatos. Outros sopram na direção de que a banda de Jagger & Richards estão sendo “seduzidos” a levar esse mesmo show à América do Sul no segundo semestre de 2013. Enfim…

Sem querer fazer a abominável linha “Eu retuito elogio” ou “Eu vi o show-surpresa da banda X debaixo de uma ponte em Berlim antes de fazer sucesso”, acompanho os Stones ao vivo desde 1990. Acho que só perdi, entre as turnês “fáceis” de ver, o show deles no Pacaembu, no dia da “maior chuva de todos os tempos”. Ah, não fui também no da praia de Copacabana para trilhões de pessoas porque estava em viagem de trabalho. Mas, de resto, desde que eu pude ($$$), sempre procuro estar onde Jagger canta e Richards toca.

Dito isso, e dada a minha pouca paciência com coisas anciãs por preferir dedicar meu tempo a assuntos musicais mais novos, contemporâneos (sem perder o respeito ao passado, veja bem), fico à vontade para confessar a você que quase deixei de ver os Stones ontem para, estando em Manhattan, assistir ao delicioso show da banda-de-um-cara-só Totally Enormous Extinct Dinosaurs. O Yo La Tengo também era uma opção. E, “dinosaurs” por “dinosaurs”, estava tentado a ir conferir o animal sonoro mais novinho.

Não preciso dizer que eu seria um total estúpido se tivesse feito qualquer das escolhas diferentes da que acabei fazendo… O show dos Stones de ontem, com Jagger 69, Richards 68, foi tão especialmente genial que me deu gás para passar mais 50 anos indo atrás de bandas novas como o Totally Enormous Distinct Dinosaurs. Lição dada, lição aprendida.

E o que eu tenho a dizer sobre a apresentação dos Stones, conforme relato que mandei para a “Folha”, é mais ou menos assim:

Uma das muitas camisetas oficiais dos Stones vendidas no show em New Jersey

* The Rolling Stones – Prudential Center – Newark, New Jersey – 13 de dezembro
“A primeira vez que a gente tocou aqui em Newark foi em 1965”, disse Mick Jagger no começo do show de ontem em New Jersey, tentando lembrar o nome do teatro onde os Rolling Stones tocou naquela localidade, num verão dos anos 60. “Alguém daqui estava naquele show?”
Era a primeira conversa de Jagger com a ouriçada platéia do enorme e novo Prudential Center lotado, cerca de 20 mil pessoas, grande arena multiuso inaugurada quando só de palco os Stones já tinham 45 anos de existência.
A turnê “50 & Counting”, só pode sair do jeito que sai, porque Stones é Stones. Claro, também porque Jagger (69 anos), Keith Richards (68), Ronnie Wood (65) e Charlie Watts (71) estão incrivelmente vivos e num gás em cena de causar inveja nos Arctic Monkeys. E, óbvio, porque as músicas que a banda toca cobrindo todas as cinco décadas de sua trajetória são hits marcantes para cada uma de sua década de lançamento e para as seguintes. E contando.
Os convidados especiais de ontem não foram de nomes tããão hoje badalados como serão os do show do próximo sábado, que encerrará a tour e terá Bruce Springsteen, Lady Gaga e a banda Black Keys.
Mas tinham envergadura nobre. O ex-stone Mick Taylor, adorado guitarrista da banda em discos tão importantes na virada dos 70, e o guitarrista de blues John Mayer, 35 anos, ainda um prodígio no instrumento, no gênero que ocupa.
Taylor, em “Midnight Rambler”, e Mayer, em “Respectable”, fizeram um confronto de guitarras com Wood e Richards de justificar romarias ao túmulo de Les Paul.
Incrível ainda como o Jagger de 69 anos continua se movendo “like” o Jagger de 19. Com tanta estrela no palco indo e vindo, segue quase impossível tirar o olho dele.
Fiquei reparando. Quando a voz dele, que não vai mais aos lugares que ia no auge de vocal debochado, começa a dar uma falhada, pensei. “Esse senhor de 69 anos precisa parar de pular, andar, se mexer agora, para retomar o fôlego, para retomar o vocal na hora em que Richards e Wood parar de estraçalhar com a guitarra”. Jagger não estava nem aí para o que eu estava pensando. Não parou um segundo. Saísse como saísse, não parou de cantar um segundo.
Chega a parecer gozação, mas o show dos velhos Stones vai muito além das estripulias de Jagger e dos momentos “guitar heaven” perpetrados por Richards, Wood e convidados (Jagger também a toca durante o concerto).
O solo de baixo em “Miss You”, de Darryl Jones, os vocais de Lisa Fisher em “Gimme Shelter”, o piano de Chuck Leavell em “Honkey Tonk Woman” e, claro, Charlie Watts marcando a bateria para os amigos brilharem, dão pulso forte à forte apresentação dos anciões do rock.
Voltando à pergunta que Jagger fez ao público de New Jersey no começo do show, se alguém estava lá no primeiro show dos Stones na região em 1965, ouve uma gritaria zombeteira como resposta da plateia, em relação ao ano, à época em que o concerto aconteceu.
“Como assim?”, pareceu contraargumentar Jagger. “Nós estávamos!!!”
E, como é tudo íncrivel se tratando de Rolling Stones, ainda hoje estão!

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** O setlist do primeiro show de New Jersey

“Sympathy for the Devil” (com uma banda de tambores tocando na plateia. Os Stones não entraram no palco ainda)
“Get Off of My Cloud”
“The Last Time”
“It’s Only Rock’n’Roll (But I Like It)”
“Paint It Black”
“Gimme Shelter”
“Respectable” (com John Mayer)
“Wild Horses”
“Around and Around”
“Doom and Gloom”
“One More Shot”
“Miss You”
“Honky Tonk Women”
“Before They Make Me Run”
“Happy”
“Midnight Rambler” (com Mick Taylor)
“Start Me Up”
“Tumbling Dice”
“Brown Sugar”
“Sympathy for the Devil”
Bis:
“You Can’t Always Get What You Want”
“Jumpin’ Jack Flash”
“(I Can’t Get No) Satisfaction”

** Sábado que vem

No próximo sábado (já na madrugada de domingo no horário brasileiro), os Stones fazem o último da turnê comemorativa. Para esse, já está anunciado que Bruce Springsteen, Lady Gaga e a banda Black Keys se juntarão ao quarteto inglês, em apresentação que poderá ser assistida no mundo todo pelo esquema “pay-per-view”, via internet. O canal pago Multishow anuncia a transmissão do show ao vivo para o Brasil, à Oh.

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