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Lester Bangs, o famoso crítico musical, acertou quando cravou na primeira linha de sua crítica ao álbum de estreia de Patti, “Horses”, que ali estava uma artista no sentido clássico da palavra. Mais do que isso: o auê da mídia e dos que procuram a mais nova sensação iam passar, Patti ficaria.
Patti Smith logo deixou provado para o mundo que não era apenas uma compositora ou cantora. Poeta, fotógrafa, pintora, escritora, jornalista de rock, sendo que muitas dessas ocupações feitas antes do seu álbum de estreia, ela foi atrás de dar seu recado onde achasse que a mensagem coubesse. E mais importante que o meio, talvez até do que a mensagem, tinha a energia.
Talvez por isso ela estava presente quando o punk nasceu e estava muito além do punk quando o gênero encarou a decadência, de sua primeira fase, pelo menos. Patti Smith nunca ficou decadente. Teve a energia de saber pausar a carreira nos anos 80 e voltar com enorme repercussão anos depois apoiada em muito por nomes que existem influenciados por ela, como o Michael Stipe, por exemplo.
Tem a energia para ler 200 livros por ano, manter três cadernos de anotações, fazer uma parceria artística com Kevin Shields, o líder de uma de suas bandas favoritas, My Bloody Valentine – ou seja, energia para gostar de coisas que não aconteceram na época dela, justamente, por talvez nunca ter pensado no termo “na minha época”.
Patti Smith já veio ao Brasil, mas nunca tocou em São Paulo. Foram shows históricos e de carga política alta em véspera de eleição nacional, o distante 2006. Dessa vez, não deve ser diferente. Patti Smith deve aparecer em São Paulo ainda mais energizada e disposta a dar seu recado nos dois shows marcados na cidade, dia 15/11 no Popload Festival, e no dia seguinte no Popload Social, em show solo para cerca de mil pessoas no Auditório Simon Bolívar. As chamas pelo mundo não cessaram, pelo contrário. O recado sobre o poder estar nas pessoas só faz mais sentido a cada dia que passa.
Mesmo que não lance um disco novo desde 2012, Patti parece cada vez mais ativa e presente na estrada. Seu show atual está afiado. Em um repertório que mistura canções próprias e covers bem selecionados, onde reafirma sua história. Procure os vídeos atuais dela em apresentações quase intimistas em teatros pelo mundo. Não tenho dúvidas que a carga de um show de festival, uma multidão e uma sede por energia não renda um show ainda melhor que esses.
Falei de uma resenha histórica lá no começo do post e é bom lembrar que Patti Smith é a história ainda em curso. Energia. Movimento criativo. Suas músicas podem datar de muito tempo atrás, mas são a mensagem feitas para o presente e não uma sucessão de boas músicas do “rock clássico”. Um show de Patti Smith pode virar livro, uma crônica, uma nova música. O que ela tem a dizer, fazer de sua visita a São Paulo? Muita coisa, imagino. Quem não quer ter uma chance de ver isso de perto?
Por que você precisa conhecer a PATTI SMITH…
Setlist recentes
Patti Smith anda com setlists que alternam clássicos de seu repertório com covers de clássicos. Como mencionamos no texto de abertura, a disposição das músicas parece conservadora, mas as músicas não são e a postura de Patti no palco está bem longe disso.
O setlist colocado aqui representa a média dos 35 shows mais recentes que Patti Smith fez este ano.
Wing
Are You Experienced?
Redondo Beach
Ghost Dance
My Blakean Year
Beds Are Burning
Dancing Barefoot
Beneath the Southern Cross
I’m Free
After the Gold Rush
Pissing in a River
Because the Night
Gloria
Nossas Favoritas
A partir do setlist do show embarcamos em 50 músicas que te ajudam a decifrar a discografia da Patti Smith.
Top 5
As cinco músicas mais tocadas por Patti na atual turnê. Essas não devem ficar de fora.
A autora Patti Smith
Patti escreve livros desde o anos 70. Na maioria, livros de poesia. Porém são suas memórias, talvez seu material mais popular no campo da literatura, que ganharam versões em português. Por aqui, já temos “Só Garotos”, “M.Train” e logo chegam mais dois: “Devoção” e “O Ano do Macaco”, um livro de memórias mais recentes onde ela aborda uma turnê pelos Estados Unidos em 2016, ano em que Trump foi eleito. Um dia antes do show ela vai até o Sesc Pompéia para falar do seu trabalho literário.
Nesta quarta-feira, dia 30,a Companhia das Letras, o Popload Festival e o Trovadores do Miocárdio (coletivo formado por escritores, poetas e performers) vão celebrar a obra literária e a música de Patti Smith. O espetáculo vai revisitar as memórias e divagações poéticas em torno dos livros “Só Garotos”, “Linha M” e os novos “Devoção” e “O Ano do Macaco”. Serão duas apresentações (na sexta-feira o espetáculo acontece no Rio de Janeiro). Em São Paulo os ingressos estão esgotados!
A intérprete Patti Smith
Patti faz ótimas versões para algumas músicas. Algumas que parecem ter sido feitas para ela cantar e algumas que você nem vai acreditar que ela já gravou. Aqui um rápido Top 3:
“Everybody Wants to Rule the World”
“Gimme Shelter”
“Heart Shaped Box”
O CORAL TEM O PODER
Patti Smith como convidada ilustre do Choir! Choir! Choir!, coral canadense que faz versões marcantes de músicas que adoramos. O vídeo foi gravado em abril em Nova York e lançado em setembro. Detalhe para a participação especial de Stewart Copeland (The Police) na “percussão” improvisada (uma frigideira). Imagina esse coro no Memorial da América Latina, imagina:
Patti Smith nas redes sociais
Sessão de autógrafos? Imagina no Brasil
Setlist feito a mão. Ou seja, podemos ter músicas escolhidas no calor do momento?
Fotos com amigos importantes? Ela tem. No caso, Dylan.
Keanu
Steven Jordan. Só um dos melhores bateristas do mundo
ÚLTIMOS INGRESSOS!
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