SIM SP traz para debate diretora do PrimaveraPro, responsável pelos negócios de um dos festivais mais cool do planeta, o espanhol Primavera Sound

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* Gigantesco com cara de indie. Elencando bandas históricas e populares e bandas gueto que podem ficar históricas e populares principalmente com seu aval. Com tantos palcos de tantos tamanhos que é difícil saber realmente o que está acontecendo e quem está tocando onde. A sensação de estar perdendo algo incrível é de deixar nervoso. Tudo com o Mar Mediterrâneo a sua frente e a linda Barcelona nas costas. No meio da cidade, perto de metrô e bem servido de táxis. Há poucos anos, era do mesmo tamanho que, digamos, o Popload Festival. Hoje é tão grande e cool quanto o, sei lá, Coachella. Começou num lugar para 350 pessoas, em 2001, e hoje arrasta 190 mil pessoas para uma das maiores áreas de eventos de sua cidade. O festival em questão é o Primavera Sound, de Barcelona, hoje a “região” mais importante do mundo para festivais e clubes e shows em parque e programações paralelas, já que o maravilhoso Sónar acontece lá e Benicássim e Ibiza são logo ali.

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Almudena Heredero, a diretora da parte de negócios do Primavera Sound, que lida com as convenções (feira, palestras, showcases, get-togethers do festival (PrimaveraPro), lado tratado com tanta importância pelo evento quanto a curadoria de suas bandas, está no Brasil para participar de debate na Semana Internacional de Música (SIM), que se encerra amanhã. Ela, que também usa o PrimaveraPro para promover a cena espanhola, fazendo intercâmbios com outras cenas, está na mesa que discutirá “Music Conventions ao redor do mundo”, que tratará de importância, estrutura e formato até o impacto socioeconômico na região onde acontecem feiras do tipo do PrimaveraPro e deste SIM paulistano. Começa às 19h, na sala Lima Barreto, do Centro Cultural de SP.

Almudena falou nesta semana com a Popload, sobre sua vinda à cidade e sobre sua atuação no Primavera Sound. Abaixo, algumas das frases da diretora espanhola na entrevista, feita por telefone desde Madrid, onde também tem escritório e atua na cena musical espanhola. Em alguns momentos, servem de ensinamentos para bandas, feiras e festivais daqui do Brasil. Por isso o debate do qual participará amanhã é importante.

* “A música espanhola passou por muitos anos de crise, acompanhando a própria crise econômica do país. Primeiro ouve um rearranjo pelo qual passou a maioria das cenas de todo lugar, com o entendimento da nova ordem musical quanto aos casos de pirataria, a agilidade da troca de música pela internet e a consequente falência da indústria do CD e das majors, onde as pequenas e independentes companhias conseguiram assimilar melhor a nova ordem. O que acontece que essa turbulência acabou fomentando os shows ao vivo. E de repente a Espanha se viu com quatro, cinco realmente grandes festivais. E a cena espanhola aproveitou para se mostrar e se movimentar melhor.”

* “PrimaveraPro foi criado em 2010 porque em pesquisas e ao analisar os frequentadores que compravam ingressos ou os que pediam entadas para convidados se percebeu que muita gente da indústria musical visitava o Primavera Sound, em busca de novidades. Então o festival decidiu fazer algo aproveitando essas visitas, a presença desse pessoal da indústria. Em 2010 o Pro era apenas uma pequena área dentro do espaço do festival. Mas foi crescendo ano a ano. Em 2015, foram 2700 os inscritos, entre gente da indústria e jornalistas, de aproximadamente 50 países. No fim, presentes no PrimaveraPro eram 50% espanhóis, 50% estrangeiros. A maioria vindo da Inglaterra, muitos de outros países da Europa e um grande e crescente número chegando da América Latina.”

* “O Primavera Sound até pouco tempo atrás era um festival pequeno para a garotada indie. Hoje é um dos maiores da Europa e um dos mais importantes do mundo. O que justifica esse crescimento tão grande em tão pouco tempo é que é um evento que sempre considerou a música em primeiro lugar de importância. Os quatro diretores do festival, já trabalhavam com música antes de criar o festival, então já trouxeram com eles o intuito de ter o melhor programa de festival possível, não só com nomes grandes mas também com um olhar cuidadoso na cena emergente em várias partes do mundo. Esse cuidado gerou uma confiança e uma fidelidade do público que permite o festival vender muitos ingressos antes mesmo de divulgar sua escalação. Geralmente anunciamos quem toca no Primavera no final de janeiro. Nessa época o festival já tem muitos de suas estradas compradas.”

* A gente vem trabalhando no PrimaveraPro já há algum tempo com algumas representações brasileiras de música, como A Construtora de Música (Goiânia) e mais recentemente com o selo Balaclava. Ambos têm trazido bandas brasileiras para o Primavera Sound e o que a gente tem percebido com esse intercâmbio é que a qualidade da música independente brasileira está muito alta, do mesmo nível da cena indie europeia. Claro que as pessoas comum na Europa ainda pensam em música brasileira como sendo MPB e outras sonoridades típicas do Brasil passado, mas vemos que a cena independente daí, festivais como o Bananada e a própria indústria independente é bastante relevante hoje em dia. Acredito mesmo que o que está sendo feito no Brasil em termos de música pode ter muito espaço hoje em cenas como a da Europa e dos EUA.”

“Acho importante para o PrimaveraPro ter também a participação brasileira para dividir conosco como se faz música no Brasil, não só pelas bandas. Somos localizados numa região que é colada em Portugal. E os dois países são muito interessados em suas raízes com a América Latina. Claro que precisamos ver muito o que está acontecendo musicalmente nos EUA, na Alemanha, no Japão. Mas queremos saber, como interessados, o que acontece em Brasil, Argentina, Chile, México. Para nós isso é muito importante. Até porque esses países da América Latina virou um importantíssimo mercado de música nos últimos anos, com muitas bandas para exportar e muitos festivais para dividirmos experiências.”

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