Quem escolheu passar a noite da última sexta-feira, 12, no Cine Joia, deve estar com um sorriso no rosto até agora. A americana Sharon Van Etten aqueceu a noite fria em São Paulo com a delicadeza de sua música e muito bom humor em um show superconsistente.
“Obrigada por quererem ouvir minhas músicas deprimentes no Dia dos Namorados”, brincou a cantora, logo após cantar as primeiras faixas. A banda toda entrou no palco nitidamente empolgada com a apresentação na casa e o clima despojado se manteve do início ao fim. Sharon passou a noite toda fazendo piadas sobre ela mesma e interagindo com o público que, é claro, era composto em grande parte por casais de fãs dela.
A voz doce e o estilo sóbrio da nova sensação do indie-folk não deixaram a desejar na estreia da artista no Brasil, que havia começado na noite anterior, no Rio. O repertório foi bem equilibrado e misturou hits mais antigos com as músicas do álbum “Are We There”, lançado no ano passado, e do novo EP, “I Don’t Want To Let You Down”.
Ainda no início do show, alguém na plateia gritou que “Are We There” havia sido o melhor disco do ano (2014) e ela respondeu, divertidíssima: “bem, poderia ser, se não houvesse o disco do Bon Jovi”. Como não se encantar com uma artista que conversa nesse clima com seu público enquanto testa sem medo a afinação dos instrumentos?
A plateia cantou junto todas as faixas intimistas e românticas, mas soltou mesmo o grito quando ela apresentou os sucessos “Your Love Is Killing Me”, “Break Me”e “Give Out”. Mesmo com um setlist longo, o público queria ainda mais – dela, do som, daquela noite – e sacudiu o Cine Joia com um caloroso pedido de bis.
Sharon e sua banda voltaram ao palco e encerraram o belíssimo evento com “Everytime The Sun Comes Up” e os aplausos dos paulistas mostraram instantaneamente que eles haviam adorado o que viram (e ouviram).
A noite com Sharon Van Etten foi como um abraço – e não apenas porque havia incontáveis casais curtindo o show agarradinhos. Foi excelente perceber que, como a cantora mesmo declarou no palco, ela é uma pessoa leve e alegre, mesmo com um trabalho que passa uma imagem mais soturna, pelas letras densas. Afinal, todo mundo pode viver as intempéries da vida amorosa, ter um discurso existencialista e, ainda assim, soltar gargalhadas e brincar sobre o Bon Jovi.
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