Quem precisa de mais um show do Paul McCartney no Brasil? Nós e ele!!!!

Fregueses de carteirinha dos Beatles e, por extensão, da imensa carreira de Paul McCartney fora deles, estivemos em MAIS UMA apresentação do nobre inglês no Brasil, que deu início na terça no Allianz Parque, em SP, se repetiu ontem na mesma arena, e agora acontece no sábado próximo em Florianópolis, SC, no estádio da Ressacada.

Paul também é nosso freguês. Ele tem vindo seeeeeempre aqui ao país, basicamente com o mesmo show e o mesmo setlist. O primeiro concerto no Allianz, o da terça, esgotou rapidinho quando anunciado em junho. O segundo, o de ontem, demorou para encher, o que levantou um questionamento na linha “Precisamos mesmo de mais um show de Paul McCartney no Brasil?”.

O poploader Alexandre Gliv Zampieri foi ao Allianz na terça-feira e responde definitivamente essa questão.

Em muitas das divertidíssimas listas tipo “top 10 bandas prediletas”, várias pessoas, talvez malandramente para ter um espaço a mais no ranking mas de maneira totalmente justa e compreensível (eu incluso), separam os Beatles em outra categoria.

Também dá para entender que décadas desse amor intenso e máxima devoção cada vez mais tenha ajudado a esgotar a paciência de quem “só” gosta da banda ou, óbvio mais ainda, dos que não se importam e os que nem suportam.

Para muitos de nós, os quatro cabeludos de Liverpool são, de fato, incomparáveis. 

Talvez já até tenha passado da hora de também isolarmos e colocarmos Paul McCartney em uma categoria bem distinta no ranking de espetáculos ao vivo.

Por já ter passado diversas vezes pelo nosso país, alguns podem questionar o que Paul ainda tem a oferecer, a esta altura da vida dele e da nossa.

Ok, a voz do ex-beatle já não é mais a mesma de anos atrás, assim como a minha e a sua (a diferença é que a nossa nunca foi lá essas coisas). Tudo fica mais perceptível especialmente em momentos mais altos como “Maybe I’m Amazed”. Porém, absolutamente nada que comprometa a experiência. E em tempos de shows cheios de auto-tunes, backing tracks ou simplesmente inteiramente dublados, essa extinta arte do cantar realmente ao vivo deve ser é muito valorizada e preservada.

Do DJ de abertura com seus remixes dos Beatles, levando para a introdução nos telões de aproximadamente 30 minutos com montagens de fascinantes imagens de toda a carreira. Do momento “dancinha” do carismático baterista Abe Laboriel Jr. até a simulação de um atordoamento de Paul com os dedos nos ouvidos pós explosões da (sempre bombástica) “Live and Let Die”. Embora ainda funcione bem, muito do show é, sim, repetido, manjado e coreografado. 

Mas ainda assim, nos breves espaços de interações entre as canções, de pequenos problemas técnicos às trocas com o público, curiosamente é exatamente nesses momentos que percebemos que no coração de Paul ainda tem, bastante intacta, aquela verdadeira genialidade e uma espontaneidade que só poderia vir de alguém que ainda gosta muito do que faz.

A esta altura da carreira, um show bem mais protocolar e contido, de uma hora e meia, provavelmente já seria mais que o suficiente para ele sair ovacionado, com a sensação de serviço entregue. Mas, não! São aproximadamente duas horas e meia de apresentação com o nível lá no topo.

Com certeza, resgatar alguns dos diversos hits adormecidos ali dos anos 80, fora outras canções aleatórias do catálogo dos próprios Beatles, cairiam muito bem ao repertório.  Salvo raríssimas exceções, como a “nova” “Now and Then”, o setlist no geral é basicamente o mesmo em anos. Porém, sejamos justos. É assim também com 80% dos sets de 90% dos artistas de basicamente qualquer geração, origem e estilo.

E, para quem já viu algumas vezes, por mais alinhada que esteja a sua expectativa e por mais preparado que você pense estar, não tem jeito. A inevitável rasteira da turbulência emocional certamente vai te atingir a qualquer momento e,  quando menos perceber, você vai acabar se pegando bem emocionado em vários momentos.

E, além da apresentação espetacular do Paul em si, ainda tem a plateia, que sempre acaba sendo um show à parte. Em sua maioria, composta pelas mais variadas gerações, famílias e amigos se abraçando, cantando, dançando e se emocionando ao som de cada uma das músicas, completando o pacote da “tal experiência”.

Quando “mais do mesmo” é dos mais altos patamares, Paul segue sendo um dos maiores e verdadeiros mestres. E, já dito antes e repetindo, o seu show segue sendo um dos melhores e mais emocionantes da história não só do rock, mas da música!!!

Paul McCartney Setlist Allianz Parque, São Paulo, Brazil 2024, Got Back

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* As fotos do show do Paul usadas para este post são do fera Marcos Hermes.