Quando o Daft Punk virou Daft Pink e Daft Puck

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* Uma das coisas mais embaraçosas para um jornalista ou para uma publicação é sair na seção “Erramos”. Quem nunca? Shit happens e um belo dia na história que você escreveu escapou alguma besteira grave que você não viu na hora de escrever, de reler, que passa pelo seu editor, pela checagem, enfim: sai publicado em milhares de exemplares ou vai ao ar errado. Aí não adianta você torcer para ninguém ter visto, porque alguém sempre vê. Alguém vê e reclama ao veículo. Aí sai lá seu erro divulgado, escancarado, corrigido, como se o jornal/revista estivesse pedindo desculpas à humanidade que você existe e, pior, trabalha lá. Pelo menos é a sensação para o jornalista que erra. A ca*ada corrigida nem sempre leva seu nome, mas você sabe que a reportagem era sua. Dureza.

E jornalista tem um prazer mórbido de ler a seção sempre, primeiro para ver as besteiras que escrevem e que, pior, saem publicadas. Talvez um alívio enviezado de que não tenha naquele dia nenhuma das suas.

Uma vez, fechando duas edições da Ilustrada ao mesmo tempo, troquei as bolas e fui responsável por um erro na primeira página da “Folha de S.Paulo”, sobre acontecimentos culturais do fim de semana. Veja bem, não era um erro no meio de um texto dentro de um caderno dentro do jornal. Foi na primeira página. Da “Folha”.

Não lembro direito, mas foi tipo chamar em uma arte na capa um show para o Milton Nascimento na sexta-feira quando esse show aconteceria no sábado. Fico imaginando alguém fã de MPB ou do Milton que só de olhar a capa da Folha tenha se programado para ir ao espetáculo na sexta quando o show seria apenas no dia seguinte. Por minha causa, a pessoa vai, toma banho, chama os amigos, pega um táxi, chega na casa do shows e…

Bom…

Acontece que ontem, no “Erramos” do “New York Times”, um dos mais prestigiosos diários da face da Terra, saiu a correção de um erro não tão grave, mas muito engraçado. Chegou a ser até esquisito. E envolvia o… DAFT PUNK.

Se você não está gastando 2013 em Vênus, deu para perceber que na música o Daft Punk está em todo lugar: recentemente, na capa da “Rolling Stone” americana, capa das inglesas “NME” e “Dazed & Confused”, disco já lançado no Brasil. O assunto é o álbum novo do duo francês, o ultrabadalado e cheio de participações especiais “Random Access Memories”, que já fez história. Entrou em primeiro lugar na parada britânica e, atenção, primeiro lugar na “Billboard” americana. Nos EUA, foi o segundo disco que mais vendeu no ano na primeira semana de lojas, cerca de 350 mil cópias, só perdendo pras 900 mil do álbum do Justin Timberlake. Até aí normal.

Nos EUA, só eu contribui com a vendagem de dois vinis.

Aí, como não poderia deixar de ser, o “New York Times” vem anteontem com um artigão bacana sobre o álbum: “É Feliz, É ‘Dançável’ e Vai Ditar o Verão Deste Ano”. É uma reportagem com a impressão de estudantes adolescentes de um colégio musical ouvindo “Get Lucky” pela primeira vez, sem saber o que é ou de quem é. Teenagers, segundo o jornal, que nasceram duas décadas depois que a disco music morreu. O artigo viaja por outras paradas, fala da performance do álbum em vendas, a estratégia usada para mostrá-lo desde o primeiro trechinho da música na internet até o famoso vídeo no Coachella e volta à molecada do colégio, pegando depoimentos de meninos de 15 anos sobre o disco e sobre o Daft Punk. E o que aquelas músicas e aqueles caras, franceses, que se vestem como robôs, representam para eles.

E aí chegamos no ponto onde este post ganhou razão de existir.

Nesse belo artigo, o “New York Times” errou três vezes. Vai saber como, saiu publicado no jornal os nomes “Daft Puck” numa hora e “Daft Pink” em outra.

Como se não bastasse, a legenda que identificava os robôs inverteu o caras. Chamou na foto o Thomas de Guy-Manuel e vice-versa.

Foi o assunto de ontem na internet, no meio musical. Deu no “New York Times”:

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Permita-me só o trocadilho, a favor do distinto jornal americano. Eles são “humans after all”. Ok…

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