Prestes a se reencontrar com os companheiros de Talking Heads, após duas décadas, David Byrne reconhece que “era um jovem c*zão”

Foto: Legacy

Uma das maiores e mais inventivas bandas de todos os tempos, o Talking Heads conquistou o mundo na década de 80 e chegou ao fim em 1991, de um jeito nada amigável a ponto de uma reunião do grupo continuar no status “remota” mesmo depois de mais de 30 anos.

No entanto, um novo capítulo na história do grupo está alimentando, mais uma vez, especulações sobre uma possível volta da banda.

Como falamos por aqui mês passado, o icônico filme “Stop Making Sense”, lançado originalmente em 1984, será relançado dia 29 de setembro em cinemas ao redor do mundo. A produção foi restaurada em qualidade 4K pela A24, famosa produtora que conquistou nove estatuetas no Oscar com “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”, que tem David Byrne na trilha sonora com a banda Son Lux.

Mas este novo capítulo tem data específica para acontecer: dia 11 de setembro, os quatro integrantes originais do grupo – David Byrne, Chris Frantz, Tina Weymouth e Jerry Harrison – participarão juntos de uma entrevista com Spike Lee no Festival Internacional de Toronto, onde o filme terá sua premiere. Será o primeiro encontro do quarteto desde a indicação ao Hall da Fama do Rock, em 2002.

Em nova entrevista para a revista People, David Byrne fez um exercício de sinceridade e assumiu sua culpa pelo fim da banda no início dos anos 90. “Eu era um jovem c*zão. Quando eu trabalhava em alguns dos shows do Talking Heads, eu era um pequeno tirano. Só depois aprendi a relaxar e entender que se ganha mais ao trabalhar de forma colaborativa. Creio que o fim da banda foi bastante feio”.

A declaração de Byrne vem poucos meses após a baixista Tina Weymouth, em artigo publicado no jornal The Sunday Times, descrever Byrne como uma pessoa insegura.

“Pela minha experiência, tudo com David é transacional. Ele vai usar você até não ter mais utilidade. Ele sempre parecia muito inseguro sobre si mesmo e frequentemente tentava culpar outras pessoas se as coisas dessem errado. Chris e eu o amávamos muito e fizemos o nosso melhor para ignorar essas falhas de caráter desastrosas, mas parecia óbvio que o Talking Heads não iria durar.”

Chris Frantz, ex-baterista do grupo e marido de Tina, também chegou a escrever sobre a fase final do Talking Heads em outra ocasião. “O fim da banda foi confuso e triste. David parou de se comunicar. Essa foi outra vez em que ter Tina comigo foi tão benéfico. Conversamos sobre o futuro. Continuamos a fazer música como Tom Tom Club”.

“Stop Making Sense” foi filmado durante três apresentações do Talking Heads no Pantages Theatre, em Hollywood, e teve direção assinada por Jonathan Demme, que poucos anos mais tarde ganharia o Oscar com o clássico filme “O Silêncio dos Inocentes”.

A releitura ganhou nesta sexta uma versão atualizada e remasterizada da trilha sonora, que será lançada em vinil com edição limitada. Entre as novidades, duas gravações inéditas: “Big Business / I Zimbra” e “Cities”. A versão deluxe do projeto ainda terá um livro com 28 páginas de fotos nunca antes publicadas e comentários dos quatro integrantes originais do grupo.