Praia de um lado, montanha do outro. E um Radiohead ~diferente~ na frente

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* A extracultuada banda inglesa de som próprio, o tal de Radiohead, continua em plena turnê americana. Neste final de semana, fizeram seu segundo show no gigantesco festival Coachella. Mas, um pouco antes de encarar as apresentações no deserto, o grupo de Thom Yorke fez um concerto “íntimo” para 4.500 pessoas, uma plateia seleta em lugar lindo de morrer. E a Popload estava lá, sob os olhos do amigo carioca Luciano Vianna, que esteve no Santa Barbara Bowl no último dia 11 para esse show ~único~ do Radiohead.

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* por Luciano Vianna

Em plena turnê americana do álbum “A Moon Shaped Pool”, o Radiohead passou por Santa Barbara para fazer o show mais intimista dessas apresentações norte-americanas, que culminaram com a participação headliner no Coachella nos últimos dois finais de semana. O Santa Barbara Bowl é um anfiteatro grudado numa colina a uma hora e pouco de Los Angeles, de onde você vê a praia de um lado, a montanha do outro e o palco em frente. Com apenas 4.500 lugares, acústica perfeita e uma visão privilegiada de onde quer que vc se sentasse, todos esperavam que fosse o lugar onde a banda ousaria mais no seu repertório. E assim aconteceu.

Deixando de fora os hits fáceis como “Paranoid Android”, “Creep”, “Fake Plastic Trees”, “Karma Police”, “Idioteque”, o Radiohead por quase duas horas e meia nos levou a uma viagem sonora única, musical e visualmente falando. Com dois bateristas fixos (Phil Deamer, do Portishead, toca também em todas as músicas) e às vezes três (em “Bloom”, o guitarrista Jonny Greenwood arrebentou nas baquetas), a banda se mostrou mais eletrônica do que nunca, sujando canções antigas e pouco exploradas do seu repertório como “Let Down” e “Subterranean Homesick Alien”.

Esse foi o meu décimo segundo show do Radiohead e o primeiro que eu vi, desde os shows de lançamento do Kid A, onde não existiu aquela divisão entre a sonoridade das músicas antigas, mais rock, das músicas novas, mais eletrônicas. Dessa vez, a banda de Thom Yorke reformulou as canções antigas, dando uma cara eletronicamente suja ao show todo, criando uma uniformidade fascinante.

Ouso dizer que o Radiohead está em seu melhor momento criativo. Thom Yorke, aos 48 anos, parece ter alcançado a maturidade e a banda hoje pode se dar o luxo de, além de fugir dos seus hits óbvios, deixar para lá até mesmo o primeiro single do novo disco, “Burn The Witch”, que também ficou de fora desse show.

No final, depois de duas voltas para bis gigantescas com oito músicas, aplausos de pé de uma multidão privilegiada que sabe que assistiu a um dos melhores shows de uma das melhores bandas do planeta.

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* As fotos deste post são de Luciano Vianna.

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