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* Olho na nota, ouvido no streaming. O belo grupo britânico Django Django
lançou sexta-passada “Glowing in the Dark”, seu quarto disco, que carrega entre outras delicinhas os singles “Free from Gravity” e “Waking Up”, com participação certeira de Charlotte Gainsbourg. Com o disco novo, o Django Django segue com seu indie-dance atualíssimo buscando às vezes roçar o pop perfeito. E, se não conseguindo, em alguns momentos chegando perto.
* Outro álbum de destaque lançado na sexta-feira, que merece nossa orelhada atenta, é “New Fragility”, do Clap Your Hands Say Yeah, banda indie outrora grande do circuito nova-iorquino, capitaneada pelo insistente Alec Ounsworth, o sujeito que em algum momento teve a melhor voz da música independente numa época de grandes e marcantes vozes. Se vale nossa indicada, além de “CYHSY, 2005”, o primeiro single, dê uma chance para a faixa “Thousand Oaks”, para entender de onde vem o feliz paralelo do indie americano viajante proporcionado por bandas como o Clap Your Hands, o War on Drugs, Cake e Future Islands, para citar só algumas, “novas” ou mais antigas. Como disse uma resenha que eu li na “Rough Trade”, a loja, a respeito do disco, o Clap Your Hands Say Yeah confronta as doenças modernas com espiritualidade.
* Um dos mais reconhecidos engenheiros eletrônicos da história das gravações e da música, o britânico Rupert Neve morreu no sábado aos 94 anos, no Texas, onde vivia com a esposa. A causa apontada foi de pneumonia, seguida por um ataque de coração fulminante. De suas muitas criações eletrônicas, talvez a mais reconhecida seja a mesa de mixagem analógica Neve 8078, cujas poucas unidades estiveram pelos estúdios mais famosos do mundo. No filme “Sound City”, de 2013, onde Dave Grohl conta a história do Sound City Studios em Los Angeles, a mesa Neve de Neve é uma das protagonistas, já que por ela passaram álbuns como “Nevermind”, do Nirvana, e “Pinkerton”, do Weezer. Dave Grohl comprou a Neve do Sound City para o seu próprio estúdio.
* Em 1980, o músico Peter Gabriel, ex-Genesis, gigantesco à época, lançou “Biko”, uma música de protesto que inundaria rádios e estaria em seu terceiro álbum de enorme vendagem, disco com uma famosa capa que tinha metade da cara derretendo. “Biko” foi uma canção de posicionamento de Gabriel, superativista, contra o regime segregacional da África do Sul, o apartheid, uma das maiores bandeiras sociais do mundo à época. Steve Biko foi um ativista preto que morreu sob custódia da polícia sulafricana em 1977 e virou um dos mártires do movimento.
Agora, 40 anos depois, o músico reuniu uma galera forte ao redor do mundo para regravar “Biko”, mesmo nome, várias novas causa sociais. Com artistas e bandas como Yo-Yo Ma, Cape Town Ensemble, Sebastian Robertson e o baixista Meshell Ndegeocello, num total de 25 músicos de sete países, Peter Gabriel atualiza “Biko” para o movimento Black Lives Matter, ainda para falar de brutalidade policial e outras tristes agendas. Porque, infelizmente, “Biko” ainda combina com os dias de hoje.
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