Popload no Lolla – Entre bad e good trips, a enfim excelente apresentação do Tool no Brasil

Era difícil medir as expectativas para o primeiro show de uma banda do calibre do veterano grupo californiano Tool no Brasil. Apesar de seu status lendário em um subgênero nichado do metal, alguma coisa numa linha “progressive art”, parecia que o quarteto liderado pelo figuraça Maynard James Keenan nunca viria para cá.

Mas não é que veio e que sua estreia por aqui valeu toda a espera?

Havia toda uma especulação sobre o que apareceria no setlist – um dos principais ingredientes para uma banda cujas músicas enormes não permitem encaixar muita coisa em 1h30. Pois acabou sendo o melhor setlist da turnê recente pela América Latina.

Apenas duas faixas do mais recente (e mais fraco) disco “Fear Inoculum” (2019) foram tocadas logo no começo do show, aliviadas por seus visuais perfeitos. A segunda música da noite, “Jambi”, contou com a participação especial e inusitada da conhecida guitarrista brasileira Jessica Falchi, ex-Crypta.

Em outro ponto, a épica “Rosetta Stoned”, com seus 11 minutos de duração, e cuja letra descreve uma abdução alienígena que não era mais que uma “bad trip”, resume bem o que é o Tool como banda. Solos e passagens instrumentais gigantes, execução musical impecável, visuais viajados no telão, e uma letra que parece muito séria, mas tem uma pitada de humor para evitar virar no clichê do rock progressivo que se leva muito a sério. Quem viu a peruca do Maynard sabe que a banda não é para ser levada 100% a sério.

É discutível que o ápice sonoro e visual da noite veio com a dobradinha “Parabol / Parabola”, seguida pela clássica “Schism”, cantada aos berros pela plateia. Aquela catarse de quem sabe que, provavelmente, será a única chance de ver o Tool em território nacional, por tudo que o envolve.

Para fechar, a apocalíptica “Aenema”, um encerramento mais que digno.

Só que não foi. Os integrantes da banda rapidamente discutiram algo no palco, e o vocalista Maynard James Keenan anunciou que tocariam mais uma. Em uma demonstração magnificamente generosa de uma banda que tem tanta fama de ser “chata” (tanto que não permitiram câmeras os filmando de perto no palco), viram que ainda tinham um tempinho de sobra no show e mandaram “Flood”, de seu disco de estreia, que não estava no setlist impresso.

Um bônus para os fãs que esperaram mais de 20 (30?) anos para verem o Tool ao vivo.

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* Cobertura Popload do Lollapalooza Brasil 2025:
Lina Andreosi, Vinicius Dota, Fernando Scoczynski Filho (autor deste texto do Tool), Marcela Andreosi, Lúcio Ribeiro.