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* Vamos lá. Começando finalmente a cobertura do próprio umbigo.
O que dizer do Popload Festival 2015, que aconteceu em São Paulo no último final de semana?
A gente mesmo vai mostrar mais e dizer menos (será?), com fotos, vídeos e umas pontuações aqui e ali, quando precisar de uma luz!
“Ele surgiu com uma jaqueta de couro sem camiseta por baixo, mas a peça do vestuário não duraria muito tempo, era óbvio. E a culpa não era a noite quente paulistana. Vestia aquilo para fazer charme. Como se ele precisasse. Com espaço para 3 mil pessoas, o Audio Club viu, de pertinho, Iggy Pop com suas estripulias no palco do simpático festival indie Popload Festival, na madrugada desta sexta-feira para sábado. Intimista. E contraditoriamente barulhento. Roqueiro. Histórico.”
((Nota da Popload – Texto do Pedro Antunes para o “Estado de S.Paulo”, sobre o show do Iggy Pop na sexta. Na verdade, na composição toda do Audio Club para o Popload Festival, o lugar acomodava entre 3500 e 4000 pessoas. A “sala” onde o Iggy Pop tocou, sim, tem capacidade para uns 3000. Ao total, na sexta-feira, compareceram 3193 pessoas. No sábado, estiveram no evento 3732 pessoas. Ah, ainda puxei o “simpático festival indie” do texto do Pedro, como ele se referiu mais para baixo no texto, para esse parágrafo destacado. Hehe.))
“O cantor que pavimentou o caminho para a explosão do punk como movimento cultural à frente do grupo Stooges a partir da década de 1960 foi a principal atração do Popload Festival na noite de sexta-feira (16) em São Paulo. Ele entrou no palco pouco depois da 0h30 e manteve um vigor difícil de explicar para sua idade durante toda a apresentação. Em 1h30, Iggy pulou, correu de um lado para o outro, deu socos no ar e ainda protagonizou dois “moshs”, mergulhos em direção à plateia com alto grau de periculosidade para pessoas da terceira idade – ou de qualquer idade. A sequência inicial com “No Fun”, “I Wanna Be Your Dog”, “The Passenger” e “Lust for Life” garantiu o sucesso da noite logo em 20 minutos.
Não houve a esperada invasão de palco como no show de Iggy com os Stooges em 2005, no festival Claro Que É Rock também em São Paulo, mas dificilmente alguém saiu com queixas da performance.
Para alguém que cometeu os mais diferentes tipos de excesso na juventude, a vida parece ter esquecido de cobrar seu preço na velhice do artista. Esqueça o corpo de Ozzy Osbourne ou de Keith Richards. A ciência precisa estudar o que se passa com Iggy Pop.
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Antes da atração principal da noite foi a vez do rapper Emicida, que apresentou seu novo disco, “Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa…”, ao lado de uma banda de 6 integrantes, com guitarra, baixo, bateria e DJ. Apesar de ser o único elemento hip hop em um festival que se divide entre o rock e o eletrônico, o artista do rap brasileiro com maior destaque atualmente acertou na performance e foi muito bem recebido pelo público.”
((Nota da Popload – Texto do Shin Oliva Suzuki para o site G1, da Globo. Só para ilustrar o que o Shin ponderou, Iggy Pop tem 68 anos. E eu pensava ter visto ele dar três moshs na noite. Mas eu, como todo mundo, devia estar delirando e pode mesmo não ter acontecido.))
“Os shows desta sexta-feira do Popload Festival deixaram em evidência seu line-up aleatório [no título do texto estava “desastroso”], sem nenhum critério aparente na escalação dos músicos que tocaram na Audio Club, em São Paulo. O rapper Emicida subiu ao palco antes do ícone do rock Iggy Pop. Talvez por essa falta de alinhamento sonoro entre os artistas – ou pelo preço salgado dos ingressos, com o mais barato deles custando 160 reais – o público não chegou nem perto de lotar a casa. Consequentemente, e para a felicidade dos presentes, as filas eram raras e gastar doze reais em um copo de cerveja era uma atividade rápida. Quanto aos músicos, Emicida fez uma boa apresentação para os poucos que foram lá apenas para vê-lo. Já Iggy Pop, aos 68 anos, exibiu fôlego de maratonista nas quase duas horas de show e não ficou parado nem por um instante.”
((Nota da Popload – Hahaha. Cada um fala o que quer, acha o que quer, festivais não são unanimidade. Mas também vou comentar essa porque, bem, imparcialidade de um festival próprio é impossível. E também porque há alguns (muitos) pontos equivocados. Desastroso para quem, manooo? Para quem gosta de rap? Ou para quem gosta de indie? Ou para quem gosta de punk? Ou para quem foi a um festival sem conhecer nenhuma das atrações que fogem de seu estilo musical preferido e teve contato uma banda nova de que gostou? O problema de uma resenha como esta não é de ela ter sido escrita por um jornalista em, sei lá, começo de carreira. Mas é ter uma chancela da “Veja”, g-zus. Não é em blog pessoal. O rapaz dá pinta de que nunca foi a um festival na vida, aqui ou eventualmente (e principalmente) na gringa. A “Veja” devia investir nisso e não estou sendo irônico. Porque é o nome da revista que está no cabeçalho. Eu duvido, pelo texto, que ele conheça metade das bandas do festival. Do Iggy Pop, já deve ter ouvido um ou dois hits, sabe até quem é, mas não o suficiente para evitar que ele escrevesse que o astro “não ficou parado nem por um instante”. O Iggy Pop é “agitado” pelo menos desde seu primeiro show, no colégio, tipo anos 60, quando estava no palco sentado na bateria da banda dos amiguinhos. Ali, sentado, dizem que ele já não ficava parado. Iggy Pop “agitando” e com fôlego de “maratonista” é tão presente em resenhas no Brasil, como se fosse uma novidade. Porque ele tem 68 anos? E o Jagger, que tem 72 anos e rebola mais que a Anitta? Tudo bem, o Iggy Pop dá mosh com 68 anos. Isso sim é de espantar a ciência. Pesquinha ajudaria. Você pega o show dele abrindo para o Foo Fighters na Inglaterra, não tem um mês, e vê que ele pulou mais que o Dave Grohl em seu show. Tudo bem que o Grohl vem de uma fratura na perna, hahaha. O Iggy Pop enquanto ícone está tão longe de coisas como pensa o Daniel na hora de escrever sobre um show dele. Por uma questão de estilo ou vivência ou até mesmo conhecimento de causa, acho que o o Pedro Antunes, do “Estadão”, soube definir bem. De novo, é só uma sugestão de exemplo.
O Daniel deve também não ter entendido por que, na “escalação desastrosa”, um rapper como o Emicida precedeu o show tão garagem como o do Iggy Pop. Rapidamente me vem à cabeça uma vez que vi o Kings of Leon tocar para um monte de menininhas e, na sequência, essas mesmas menininhas passarem a dividir espaço com os fritos que chegavam para ver o Chemical Brothers. Não faz tempo acho que testemunhei o Drake tocar logo depois do Arctic Monkeys num festival, com um público muito maior para ver o Drake. Num Coachella recente o festival promoveu a volta insana do At the Drive In, que espancou o público com sua sonoridade pós-hardcore chicana doida, e na sequência o mesmo palco recebeu um som no ritmo de uma marola, protagonizado pelo Snoop Dogg junto com o Dr. Dre mandando clássicos do hip hop. Juntar tribos é um papel digno que presta um festival. Aposto que o Emicida saiu com fãs a mais de seu show diante de adoradores “clássicos” e rockers do Iggy Pop. E a molecada hip hop deve ter aproveitado como experiência ver um ídolo punk do tamanho do Iggy Pop diante de seus olhos.
Cada um na sua, de uma certa forma tudo da mesma “tribo”, mas outro exemplo claro veio do Sonar de Barcelona, um dos festivais mais cool do mundo. O Sonar botou em 2013, em sua famooosa escalação, juntos, os nomes de Kraftwerk e Skrillex. Heresia? Na época, o Skrillex era apenas um rapaz esquisito com cara de nerd egresso de uma banda emo ruim virando DJ de uma espécie de eletrônico “farofa”, que foi a americanizada louca do dubstep britânico. Botado no mesmo line-up que os deuses supremos do Kraftwerk. Galera chiou forte, tanto que levou o festival a soltar um comunicado oficial sobre sua escolha: “A ideia central que norteia o Sónar é balancear em sua escalação o futuro e o passado da música. Para nós, uma das mais coisas interessantes em nosso vasto line-up é o balanço entre Kraftwerk e Skrillex. Lendo nas entrelinhas, o importante para nós aqui é juntar as pessoas que gostam de Skrillex, que hoje é um fenômeno da música com a qual trabalhamos e faz parte de uma geração nova que busca essa música como diversão e envolvimento, possam estar presentes num concerto 3D do Kraftwerk. E que isso aconteça à custa do Sónar. Para eles entenderem as raízes da música que eles passaram a gostar. Isso é uma celebração muito orgânica do passado, presente e futuro da música eletrônica”. Hoje o Skrillex é super-respeitado como produtor e como DJ, se aliou às pessoas certas, venceu o estigma porque se mostrou bom no que faz. E o Sonar, por levar “vanguarda” no nome, soube enxergar isso.
Daniel ainda, em mero dois parágrafos, acha tempo para ser irônico e “implacável” com a casa não estar lotada, por causa dos preços caros do festival, mas isso “consequentemente”, veja o lado bom, causou facilidade em ir ao banheiro e comprar comes e bebes. De novo, aposto que ele não entende por que o festival tem o preço que tem. E não deve ler a própria Veja na parte de economia para intuir que o show não estava esgotado. Nem tem ideia de como o mesmo festival consegue fazer ações beneficentes para muitas pessoas estarem lá dentro de graça (só nesta edição, 150 pessoas fizeram trabalho voluntário e doaram sangue em troca de um ingresso). Não deve ter ido no sábado: senão veria que a casa esteve pertinho do limite máximo e ainda assim as pessoas tinham facilidade de ir ao banheiro, comprar comida e bebida e ver de perto várias atrações em dois espaços. Não quero soar “mordidinho” nem #chatiado. É só um esclarecimento porque, visto de fora, tudo parece mais fácil. Mas nada que uma experiência a mais em festivais não ajude. Até agradeço a “Veja” por me dar essa oportunidade de falar umas coisinhas, hahaha. E ao Daniel, claro. Parece até textão de Facebook… Que bad, hahaha.
” ‘Nós somos o Belle and Sebastian. Somos da Escócia’, disse Murdoch, em português, sem os problemas vocais que atrapalharam a apresentação carioca. Emendou, voltando ao inglês: “Estamos muito felizes por estar em São Paulo”.
Isso ele não precisaria nem falar. Com pulinhos, dancinhas e pescando fãs para subir ao palco, a banda entregou carisma para um público que parecia ter ido mesmo ao festival só para vê-la. O Audio Club, casa na zona oeste que recebeu o festival, foi enchendo durante o show do Cidadão Instigado, até chegar aos americanos do Spoon com a pista cheia (enquanto a outra, onde tocavam os DJs, estava praticamente vazia).
O indie dançante do Spoon animou grupos esparsos na audiência, sem a comoção quase que geral provocada pela fofura do Belle and Sebastian e sua textura sonora, que une violoncelos e flautas à formação baixo-guitarra-bateria-teclado.”
((Nota da Popload – Texto de Gabriela Sá que entrou no impresso da Folha de S.Paulo, dividido com as impressões de sexta, e no on line)).
** Todas as imagens deste post são do fotógrafo poploader Fabrício Vianna.
** O Popload Festival tem o patrocínio da marca de cervejas Heineken.
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