O texto abaixo, de autoria deste que vos escreve, saiu publicado na revista fashion “Numéro”, em sua mais recente edição brasileira. A entrevista com as meninas da banda Wet Leg foi feita em dois momentos: o primeiro quando o grupo era uma sensação que despontava e o segundo há pouco tempo, depois de rodar o mundo em shows e prestes a encerrar essa fase da carreira com duas apresentações no Brasil, nas próximas duas semanas. O quinteto inglês toca no dia 7 de setembro em Curitiba, no Estádio Couto Pereira, junto com Foo Fighters e Garbage. Dois dias depois, fecha o palco The One no festival The Town, em Interlagos, em São Paulo.
A última grande sensação da música inglesa tem três ótimos rapazes na banda, mas são duas mulheres que mandam em tudo. Fazem as músicas, as cantam, aparecem nas fotos, estrelam os vídeos. E dão as entrevistas do grupo, como esta aqui.
“Podemos esperar a Hester? Ela está chegando para participar da conversa”, disse Rhian Teasdale, uma das guitarristas e a principal vocalista da banda Wet Leg, último dos fenômenos da música inglesa que se apresenta no Brasil em setembro duas vezes, trazido pelo festival The Town.
A Hester a que Teasdale se refere é Hester Chambers, a parceira, também guitarrista, backing vocals e duplinha de danças zoeiras de dela na Wet Leg. Rhian e Hester são as fundadoras e as donas da banda.
A história do Wet Leg de 2011 até aqui é tão impressionante quanto maravilhosa. A banda foi formada um pouco antes de o mundo fechar em pandemia, em 2019, na pitoresca Ilha de Wight, uma porçãozinha de terra descolada do continente inglês bem ao sul, que ficou famosa por estar numa música dos Beatles e principalmente por abrigar 600 mil pessoas em 1970, seis vezes a população local na época, que foram ver o lendário guitarrista Jimi Hendrix fazer um de seus últimos shows no famoso festival da ilha. Hendrix morreria em Londres três semanas depois. E agora a Ilha de Wight voltou a ser assunto por causa das Wet Leg, por que não?
“A gente não tem muito o que fazer aqui a não ser ir para Londres”, disse Rhian Teasdale, que agora em 2023 tem MUITO o que fazer, inclusive ir com Hester e seus três amigos de banda para todos os cantos do planeta, o que inclui um show em Curitiba no dia 7 de setembro, abrindo para o Foo Fighters, e ser atração do festivalzão The Town, em sua primeira edição, em São Paulo, no dia 9.
“Lembro que foi inacreditável saber que quando nós tínhamos apenas duas músicas lançadas elas já eram tocadas em festas em São Paulo, Brasil”, afirmou Rhian. “Isso por um tempo foi meu termômetro para entender o quão insana estava nossa vida quando ‘Chaise Longue’ se tornou um hit.”
A música “Chaise Longue”, que ela diz, virou a vida da Wet Leg e da música independente inglesa de ponta-cabeça quando foi lançada em 2011, com um vídeo esperto dirigido pela própria Rhian. A energética canção trazia guitarrinhas indie barulhentas, um baixo pulsante, uma bateria marcada e uma letra engraçada sobre escola e farra em shows, escrita pelas duas garotas.
O mundo todo estava à época trancado em lockdown por causa da covid e aquele vídeo de duas garotas com roupas legais e chapéus se divertindo num casarão de campo era inspirador. Ainda mais ilustrando uma música daquela.
“Chaise Longue” e o disco de estreia, “Wet Leg”, lançado meses depois, botaram a banda no alto das paradas não só na Inglaterra, além de fazer o quinteto ser nome quente em muitas categorias de premiações importantes tipo Mercury Prize, Brit Awards e Grammy. Fora ter aberto shows da turnê do artista pop Harry Styles e tocar em muitos dos grandes festivais do mundo desde que o álbum saiu, há apenas 1 ano, como o Coachella 2023.
As apresentações em setembro no Brasil devem ser as últimas deste período louco da Wet Leg com seu disco début, antes de a banda pensar em entrar no estúdio e gravar o segundo disco. Mas tem uma coisinha que Rhian Teasdale quer fazer antes: férias.
“Definitivamente precisamos de férias. Mas não é aquele tipo de férias que você planeja uma viagem qualquer. Precisamos ter um tempo livre para ficar em casa e gastar muitas manhãs comendo torradas e tomando chá, sem ter nenhum lugar em particular para ir ou alguém para encontrar. Precisamos ficar de bobeira um tempo. Recortar umas fotos e colar numa cartolina…”
Sobre Curitiba e São Paulo verem a Wet Leg tocando música nova, Rhian acha que setembro ainda está longe para saber (a entrevista foi no começo de julho): “A gente não teve muito tempo de escrever novas canções ainda. Tem uma música que temos tocado nos últimos shows, ‘Obvious’, que não está no disco e devemos mostrá-la no Brasil. Vai ser óbvio quando vocês ouvirem…”
Sim, Hester Chambers acabou mesmo entrando no meio da entrevista, mas não disse muita coisa, além de dar risadas do que a amiga falava e dizer que ama o Brasil.
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* Abaixo, duas performances das Wet Leg em grandes festivais deste ano. O primeiro deste final de semana, no Reading Festival, na Inglaterra. O outro em abril, tocando o hit supremo no Coachella, na Califórnia.