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* Uma bem-sucedida turnê americana pequena, uma participação para lá de positiva no festival-vitrine South by Southwest no mês passado, um show hoje à noite esgotadaço em Paris, que segue outra lista futura de shows esgotadaços na Alemanha e Inglaterra. Outro grande giro de concertos nos EUA em junho, desta vez maior, para depois engatar uma série de apresentações em bombados festivais de verão na Europa.
A vida da “banda de dois” IBEYI, dupla das mais interessantes e cheias de história a surgir forte no noticiário pop de 2015, não anda nada mal.
O Ibeyi é formado por duas irmãs gêmeas que têm 19 anos, nasceram em Paris, com semanas foram para Cuba, passaram alguns anos em Havana, voltaram para crescer na França, resolveram cantar em inglês e às vezes até em dialeto africano. Se não são as irmãs mais famosas a surgir na música nos últimos anos, de tantas formações musicais em família, pelo menos são as mais _digamos_ originais, diferentes.
Lisa-Kaindé e Naomi Díaz, gêmeas de 19 anos, são bonitas, estilosas, têm um som, hum, diferentemente delicioso. E, para ajudar têm essa ligação carnal com o Buena Vista Social Club, patrimônio sonoro latino.
A Popload entrevistou as duas no mês passado, para produzir um texto para a revista Harper’s Bazaar, publicação fashion da qual participo editando a seção de cultura. E para produzir este texto aqui para a Popload, obviamente. O texto da Bazaar, desta edição de abril da revista, diz mais ou menos assim:
** Em fevereiro agora foi lançado na França com certo estardalhaço em rádios e publicações musicais o álbum de estreia de um duo de exóticas irmãs que nem francesas são, exatamente. A dupla carrega o nome de Ibeyi, “praticamente” nasceram em Cuba, são europeias desde as primeiras falas e a história por trás delas é das mais interessantes.
São bonitas, visualmente estilosas e são filhas de Miguel Díaz, do über-grupo cubano Buena Vista Social Club. A mãe, uma cantora venezuelana, de relativo sucesso na França. A veia musical vem do berço, os cabelos afros do pai e os rostos angelicais e os olhos claros, da mãe.
Ibeyi, o nome artístico da dupla, significa “gêmeas”, numa língua tribal africana muito falada na Nigéria ou Congo. Os antepassados da família Díaz eram escravos levados a Cuba. As duas cantam, mas Lisa lidera o vocal, enquanto Naomi é responsável pelas batidas do grupo, tocando o tradicional instrumento de percussão cubano chamado cajón.
As meninas resolveram adotar o inglês para cantar e às vezes as letras aparecem também em yoruba, esse dialeto da África que quiseram aprender para mergulhar no passado histórico da família.
“Essa mistura de culturas, línguas e até religião faz do Ibeyi o que o grupo é, o que nós duas somos: uma combinação explosiva de influências diferentes”, disseram as duas. “Nós podemos ser consideradas humanas na mais pura essência, porque somos exatamente como qualquer pessoa deste planeta: temos nossas dores, nossos prazeres, alguns medos e o mesmo desejo de viver felizes de todo mundo.”
O caldeirão sonoro que sai das Ibeyi é algo entre o pop de meninas, o jazz e o soul, o ritmo caribenho, a modernidade eletrônica, as velhas batidas africanas, a música indie francesa, um pouco até do candomblé brasileiro. O “som do futuro”, é o recado que chega com a entusiasmada imprensa europeia enamorada pelas meninas.
“Não gostamos de dar definições para nossa música. Quando você grava um disco e o bota no mundo, a pessoa que ouve o álbum o define por ela mesmo, de acordo com o que essa pessoa é, vive, enxerga a vida. Um disco pertence à pessoa que o ouve mais do que aos que fazem ele”, falam Lisa e Naomi.
A dinâmica das irmãs à frente do Ibeyi mostram o quanto são diferentes e iguais ao mesmo tempo, típico de gêmeas. “Sim, a gente briga, a gente se ama, uma termina a frase da outra em entrevistas, uma desafia a outra no palco, mas a música é onde combinamos melhor”, revelam as duas.
“A nossa maior diferença é no visual, acho. Eu não estou nem aí para o que visto, mas Naomi ama roupas e marcas, não sai de casa sem maquiagem. Eu sou mais hip hop, ela é mais clássica”, entrega-se e entrega a irmã Lisa-Kaindé, também pianista e dona da voz à lá Lauryn Hill, que adora usar o cabelo bem afro e alto nas fotos incríveis que fazem, enquanto a irmã o usa comprido, ondulado, às vezes preso.
“Nunca estivemos no Brasil. Nosso pai gravou uma vez com o Carlinhos Brown na Bahia e disse que se apaixonou por Salvador. Queremos muito aprender música brasileira para acrescentar algo a nossa sonoridade. Amaríamos tocar qualquer hora no Brasil”, dão a dica as irmãs Díaz. Que venham.
Abaixo, o vídeo de “River”, de agosto do ano passado, talvez o primeiro material a chamar forte atenção para as Ibeyi. Uma session ótima delas para a Deezer, de fevereiro. E também, mais recentemente, uma session de quatro músicas que as irmãs Ibeyi fizeram para a KEXP, de Seattle, nossa provedora oficial de sessions incríveis.
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