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* Popload em Portland, Oregon.
* Como a vida não está fácil para ninguém, estou aqui lavando uma roupa suja, literal. E, como o lance é em Portland, a lavanderia tem bar, café, jornais e revistas cool, máquinas de fliperama e é toda focada em ecologia. Todos os seus produtos, do sabão em pó ao iogurte, são orgânicos e de produção local. Tsá? Durante o tempo que eu gastei enquanto a roupa lavava e secava, ficou rolando Beatles, Velvet Underground e o álbum inteiro do Modern Lovers na laundry. Melhor laundry do mundo?
* Por todos os lugares, as referências de placas e lugares e sinais em Portland trata a cidade como PDX, que é o código de aeroporto daqui, tipo BSB em Brasília e CWB, Curitiba. Quando descobri isso e indaguei o X, em vários textos que li cheguei à resposta que botando ‘X” fica mais cool. Sério.
* Você pensa em toda a coolness e o hipsterismo em Portland, mas a taxa de suicídio e diagnósticos de depressão forte é bem alto na cidade. Deve estar relacionado. Quando me informei sobre esse tema, li que tem uma banda de hip hop daqui, mais ou menos conhecida, chamada de The Lifesavas, que soube até o Snoop Dogg é fã. A banda foi criada em 2006/2007 e botou esse nome justamente em referência à coisa do suicídio. O mesmo texto dizia que desde que o Lifesavas foi criado, a taxa de suicído em Portland só aumentou.
* A última coisa freak de Portland, juro. Pega mal em Portland você ter um quintal nos fundos da casa e não criar… galinhas. Galera toda cria. Acho que para comer, sei lá. Dizem que se você tem o quintal e não cria, é porque você é… republicano.
* Acabei de comprar, na gigante Powell’s Books, o livro “Your Band Sucks: What I Saw at Indie Rock’s Failed Revolution (But Can No Longer Hear)”, do Jon Fine, que vai estar autografando e conversando sobre o livro na Powell’s aqui em Portland acho que nos próximos dias. Obviamente vou perder o papo.
Fine foi guitarrista da importante banda de hardcore e post-punk Bitch Magnet, de Ohio, que habitou a música nos anos 80 e viu a música independente/alternativa americana surgir forte depois que baixou a poeira punk e as college radios ganharam espaço. O Bitch Magnet, banda-prima de Blag Flag e até do Sonic Youth, voltou para uma edição especial do festival All Tomorrow’s Party, da Inglaterra, aproveitou para excursionar pela Ásia e Europa e acabou de novo. Mas Jon Fine nunca deixou de frequentar os porões indies, a cultura da turnê em vans e os shows nos lindos porões das principais cidades americanas, convidado de várias bandinhas que surgem e chamam o cara para tocar.
“Your Band Sucks” está sendo bastante elogiado. Resenhas dizem aqui que é um verdadeiro “insider’s look” da cultura indie, de quem sempre viveu e nunca saiu dela. Vou ler e depois comento mais.
* Falando em banda bem indie, fui ontem a um showzinho em loja do The Helio Sequence, dupla indie daqui de Portland que lançou nesta semana seu sexto disco, homônimo, e tocou na Music Millennium, record store famosa aqui da cidade. Banda da Sub Pop bem famosa em Portland e não muito fora dela, o The Helio Sequence gravou 26 músicas em um mês, distribuiu para amigos e família, pegou as mais votadas e botaram no álbum novo. Dupla que não precisa de mais ninguém na banda para fazer um som consistente, cheio de nuances ainda que dentro de uma pegada simples de indie-folk, desses de encher a sala e você achar que tem uns cinco caras tocando.
* Hoje tem War on Drugs aqui, no clube Crystal Ball, perto do hotel onde eu estou. É tipo um Cine Joia de Portland. Já fez as vezes de cinema e tem capacidade para 1500 pessoas. Amanhã tem Father John Misty. Ambos os shows estão sold-out. Ambas as atrações estão na lista do Sasquatch Festival, em Quincy, que começa amanhã e vai até segunda-feira (feriado aqui). Vou tentar ir no War on Drugs hoje. Vejo o FJM no Sasquatch.
* Cheguei na cover mais espetacular que eu vi este ano deste modo. Amanhã, aqui em Portland, tem show da dondoca Lana Del Rey, com abertura da malucona Courtney Love, uma espécie de anti-Lana Del Rey em absolutamente todos os sentidos, tendo em vista as voltas que a música independente dá. Iria fácil ver as duas e me interessei em saber quem era a banda que suporta (mesmo) a ex-viúva do Cobain, ex-Hole, ex-um monte de coisa. No baixo, está uma protegida dela, a Jennie Vee, uma loira gata de Nova York que tem voz de fada tipo a da Ida No, do Glass Candy, e uma banda shoegaze e dream pop de mulheres, pensa. Fora que é queridinha das próprias, da Love e da Lana.
Daí que nessas coincidências da vida chega um email para mim desses de produtoras, contando que Jennie Vee lançou recentemente um vídeo novo, que é cover de “Lips Like Sugar”, fantástica música do fantástico grupo veterano Echo & The Bunnymen, de Liverpool. Olha que belezura. Tudo belezura.
Dizem que o Alan McGee, da Creation Records, sabe?, o que descobriu o Oasis para o mundo a partir de um showzinho em Glasgow, está apaixonado pela menina. E os ingleses também. E os franceses. E agora a Popload.
A cover de Echo faz parte de um EP que Jennie Vee lança em junho agora, “Spying”, que também estava para audição no email que me enviaram. Delicinha. Saco, numa tacada eu perco amanhã a Vee, a Love e a Lana.
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