Popload em Londres. Fomos à exposição do Pink Floyd e ficamos chapados e surdos

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Popload em Londres!
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pink floyd expo

AFP/Daniel LEAL-OLIVAS

Estamos ficando velhos, fato. Além da lista de discos “indie” que completam duas décadas neste ano (“OK Computer”, do Radiohead, “Blur”, “Homework”, do Daft Punk, “Ladies and Gentleman…”, do Spiritualized, e “Be Here Now”, do Oasis, só para citar alguns), temos os grandes clássicos chegando aos seus 50… É o caso de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, por exemplo, oitavo disco do Beatles, lançado em junho de 1967 e gravado ao mesmo tempo e no estúdio ao lado (e com o mesmo produtor) de “The Piper at the Gates of Dawn”, disco de estreia do Pink Floyd, lançado alguns meses depois com um certo “entrosamento psicodélico”.

As andanças de Paul & Linda McCartney pelas gravações do Pink Floyd, que por sua vez assistiram à gravação inteira de “Lovely Rita”, do Beatles, é apenas um dos detalhes das inúmeras histórias de bastidores da exposição que acontece em Londres até 1 de outubro, “The Pink Floyd Exhibition: Their Mortal Remains”.

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“Their Mortal Remains” comemora os 50 anos do álbum citado acima, propondo uma imersão sonora, visual e sensorial por toda a arte do Pink Floyd, reunindo mais de 350 objetos espalhados por blocos com: instrumentos originais, partituras, cartas de/para família, pôsteres da época, matérias, entrevistas em vídeo, fotos raras, bonecos infláveis gigantes usados nos shows, figurinos, máscaras e salas inteiras dedicadas aos discos mais marcantes e aos projetos gráficos que são parte essencial do grupo.

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A banda em 1967, ainda sem David Gilmour, e o disco “The Piper at the Gates of Dawn”, o único sob a liderança de Syd Barrett

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Selfie Spot! Nesta parede, você pode fazer parte da famosa capa do disco Ummagumma, de 1969

Fones de ouvido são obrigatórios durante todo o percurso e ativados automaticamente conforme você anda, o que facilita o transe coletivo (se não fosse a quantidade de selfies sendo tiradas ao seu lado a cada passo). Com tantos atrativos paralelos à trajetória da banda, como o contexto político da época, aulas de design e fotografia e exemplos absurdos das loucuras que as gravadoras cometiam na época, a mostra vale muito para quem gosta de música como um todo, não só aos fãs do Pink Floyd — contanto que os não-fãs estejam dispostos a desembolsar 22 libras, quase 100 reais no câmbio de hoje.

Para quem se lembra da absurda “David Bowie Is…”, mostra do mesmo Victoria & Albert Museum que passou por São Paulo em 2014, esta exibição de agora tem algo de muito diferente: se na de David Bowie você via o rosto do cantor em TODOS os cantos, de todos os jeitos, com todas as suas facetas e estilos, nesta a banda quase não aparece. São raras as fotos em que todos estão juntos (só dois discos têm os integrantes na capa). O grupo não aparecia em flyers nem em fotos de divulgação (às vezes sim, na real, mas de costas). Nos shows, faziam questão de cenários extravagantes e bonecos que desviassem a atenção do público do palco. Toda essa não-presença da banda está lá, incluindo máscaras que eles chegaram a usar em 1979.

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Para tornar a experiência ainda mais sensorial, o áudio colado ao teu ouvido começa assim que você atravessa a porta da van da turnê, entrando em um túnel com projeções alucinógenas e caindo diretamente na curta fase de Syd Barrett (o único realmente “psicodélico” do grupo, na vida real). A parte mais emocionante talvez seja a da sala dedicada ao “The Dark Side of the Moon”, com relatos dos integrantes, memorabilia de turnê e fotos de backstage, as consequências do seu lançamento explosivo em 1973 e até uma sala com quatro estações de mixagem onde você pode mixar “Money” como bem entender.

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Gravação de Live at Pompeii, documentário de 1972

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As raras fotos da banda no backstage

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Criando o clássico ‘The Dark Side of the Moon’

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As esculturas gigantes do álbum ‘The Division Bell’

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Figurino que aparece na capa do disco ‘Delicate Sound of Thunder’

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Outros destaques que valem a visita: a parte dedicada à história desastrosa (e divertida) do “porco inflável de ‘Animals'”, as esculturas gigantes e a participação essencial do designer Storm Thorgerson, quase um integrante da banda e responsável por quase todas as capas da discografia do grupo. Hipgnosis, grupo de designers liderado por Thorgerson, tem uma sala exclusiva e uma das mais interessantes na mostra. Há maquetes, rascunhos, desenhos alternativos que não foram aprovados ou que foram “melhorados” e vídeos em que ele explica a concepção de vários álbuns, como o dia em que ele levou 700 (!) camas de hospital da época vitoriana para uma praia chuvosa na Inglaterra, gastando milhões de libras apenas para a foto do disco ‘A Momentary Lapse of Reason’. Detalhe: choveu no dia e os 700 forros de cama tiveram que ser trocados.

A experiência-Pink-Floyd acaba, claro, em um sala escura e com telões gigantes que ocupam as quatro paredes. Em volume ensurdecedor (aqui os visitantes têm que devolver os fones), “Comfortably Numb” sendo tocada ao vivo por Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright em 2005, a primeira vez em que o quarteto tocou junto depois de 24 anos.

Um pouco mais aqui:

Wish you were there? Para quem estiver em Londres, mais informações abaixo:

Pink Floyd: Their Mortal Remains
Victoria & Albert Museum, em Londres
Quando: até 01 de outubro, 2017
Quanto: de £20 a £24

** A poploader Ana Bean, que assina este texto, está em Londres. Todas as fotos deste post são dela, tirando a primeira, indicada acima.

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