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Falamos mais cedo que Paul McCartney anda sem freio, dando detalhes até de aventuras sexuais dos Beatles. Pois bem. Ele também tem falado de coisa séria em suas recentes entrevistas de divulgação do disco “Egypt Station”. Entre os assuntos, talvez o mais embaçado deles: o fim dos Beatles. Na versão de Paul, a culpa é do John. Mas, antes, é preciso recapitular o que a “História” conta.
Basicamente, o que se diz é que depois que o empresário Brian Epstein morreu, em agosto de 1967, a parte de “negócios” dos Beatles virou uma bagunça administrativa e contábil. A caminho da falência, mesmo. Se cuidar das coisas de uma banda indie em São Paulo dá um trabalho do cão, imagina cuidar dos Beatles no final dos anos 60… Acontece que, como John Lennon andava zoado de LSD e outras experimentações, Paul resolveu tomar as rédeas do business e cuidar dos Beatles. No meio daquele caos, Paul virou “chefinho” enquanto Lennon viajava, agora com sua “amiga” Yoko Ono, que havia conhecido um ano antes e viraria sua mulher um ano depois. Nessas, John começou a fazer pirraça contra a “autoridade” do Paul e a coisa azedou ainda mais.
Paul queria que o pai e o irmão de Linda McCartney fossem os novos empresários dos Beatles, mas John foi contra e defendia que quem tinha que ficar com a vaga seria o empresário americano Allen Klein. Os Beatles a essa altura estavam um caos no estúdio e no escritório. Assim, a treta perdurou por um tempo.
Lenon então decidiu avisar: “Vou vazar”. Mas pediram para ele guardar segredo até o disco “Let It Be”, o décimo terceiro e último álbum dos Beatles, sair. O disco, que começou a ser gravado em janeiro de 1969, levou mais de um ano para ficar pronto. Sendo lançado, enfim, em maio de 1970. Algumas semanas antes de o disco sair às lojas, Paul anunciou que estava fora da banda.
Pois bem. Cortando para 2018.
Na tal entrevista para a GQ americana, Paul falou brevemente sobre essa parte de assumir os negócios dos Beatles. Ele conta que ficou magoado porque ficou com a fama de ter sido o pivô do fim da banda e que, de tanta gente falar, tinha hora que ele acreditava.
“Uma das minhas tristezas foi quando nos separamos, e a única maneira de salvar a parte comercial era eu processando os Beatles, então isso era como uma mágoa total. E o resquício disso é que eu era o culpado. Eu era ‘o cara que quebrou os Beatles’. Então eu passei um bom tempo fazendo esse exercício de pensamento: ‘Não, não fui eu. John queria Yoko, então ele disse que estava deixando os Beatles’. Mas por causa do incidente do processo, saiu a notícia de que eu era o vilão. E o pior era que eu meio que comprei isso. Minha neura era tipo: “Não, não, não, não, não… Sim!… Não, não foi você… Foi você!’. Eu realmente não era o culpado, mas a partir do momento que todo mundo pensa que você é, então talvez eu fosse mesmo”.
Em outro papo, este com o radialista doido e ícone Howard Stern, Paul foi além. Enquanto o apresentador falava de forma sutil sobre a banda, de que todo mundo tem uma teoria, Paul foi enfático: “Eu sei quem terminou: foi John”. Para espanto de Stern, daí o papo se desenvolveu.
“Houve um encontro em que John reuniu a banda toda e disse: ‘caras, estou deixando o grupo'”, contou Paul, que falou que o fator Yoko também influenciou, já que havia um combinado entre os quatro que nenhuma figura externa poderia influenciar nos processos dos Beatles. Macca chegou a classificar a presença de Yoko nos ensaios e gravações do grupo como “intrusiva”. “Nunca tivemos que lidar com isso. John sempre amou mulheres de personalidade forte. Sua mãe era uma mulher forte, sua tia também. Hoje olhando para aquela época vejo que ele estava totalmente apaixonado por ela e isso deve ser respeitado”.
Posteriormente, Paul disse que se sente aliviado por ter aparado as arestas com Lennon. “Superamos, por sorte. Me sinto abençoado por isso. Se não tivéssemos ficado bem, não sei como iria lidar com isso”.
As declarações de Paul podem ser conferidas abaixo.
** As fotos de Paul são de COLLIER SCHORR / GQ
** A foto de Paul e Lennon é da Mirrorpix
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apenas franco!