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* Uma das bandas indies mais queridas deste espaço, o quarteto nova-iorquino Parquet Courts foi o pivô de um longo artigo sobre o estado de coisas da música independente atual e seu futuro incerto, em páginas da nobre revista de alta-cultura “The New Yorker”, talvez a publicação mais cool para se ler neste mundo.
O recorte aqui é bem raso do artigo, porque a intenção é mais mostrar momentos do espetacular show fast-foward da banda no topo do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, em evento da marca de cervejas Heineken, para o qual não havia muita gente interessada. Pior, haha. A maioria da galera presente queria ver na noite, na verdade, a performance da banda sueca Peter Bjorn & John, headliner da noite, que surgiu bem no indie mundial nos anos 2000, mas hoje é tão importante e significativa quanto uma banda média do indie nacional.
Mas enfim. É assim que a coisa costuma funcionar e é mais ou menos nisso que resvala o artigo da “New Yorker”, em um certo sentido.
O quiprocó underground começou com uma postagem recente no Instagram de um membro do grupo Dirty Projectors, Dave Longstreth, com reverberação dos seguidores “alternativos” e concordâncias e discordâncias de gente como Robin Pecknold, cantor do Fleet Foxes, dizendo que o indie, para ele, podia ser ironicamente resumido em um sucesso do final do ano passado do trio Migos, de hip hop. A música em questão é “Bad and Boujee”, sendo que o último termo pode ser traduzido como “rico”, num sentido “playboy” da coisa. A discussão passa pelo hip hop atual ser mainstream mas ainda “experimental e relevante”, enquanto o indie rock chegou ao mainstream mas está “sem caráter, sem fertilidade”.
A questão na “polêmica” iluminada pelo artigo é mais complexa do que vou falar, mas vai na linha de alguns indies “intelectuais” constatarem que o indie está monótono, sem inventividade, sem energia. Mas daí a pensata da revista saca o Parquet Courts, seu último disco e até uma faixa particular dele para dizer “Que papo é esse, indies?”. E evoca a resenha do álbum “Human Performance”, que apontava o disco como um “testament to rock’s continued power and relevance”. E daí constrói parágrafos e parágrafos sobre a banda nova-iorquina formada em Austin, Texas.
Este artigo da “New Yorker”, acima, é de quatro dias atrás. E há dois dias (e um dia atrás) o Parquet Courts calhou de se apresentar de uma forma “não convencional” numa cobertura de museu em São Paulo com visual lindo do parque Ibirapuera, em noite de uma lua cheia imensa, com o Obelisco iluminado ao fundo e carros passando para lá e para cá na avenida 23 de maio.
Uma hora de show, pegando o concerto da noite de ontem como parâmetro. Idas e vindas em um rock enérgico intercalando momentos calmos, como o Nirvana ensinou e o Pavement (voltando ao artigo da “New Yorker”) transformou em arte. Mas tudo olhando para a frente. Tudo errado, mas tudo certo. Era arte no museu. Em noite linda de São Paulo. Pena que tinha pouca gente interessada, porque o segundo melhor show do ano aconteceu ali, no sábado e domingo, em noites regadas à cerveja, noite quente e paisagem deslumbrante, exatamente como o som que saia do palco.
** O primeiro vídeo é de Rodolfo Yuzo e Rafael Andres, na melhor qualidade indie. A foto da home para chamar este post é do Yuzo, em seu Instagram. A imagem que abre o post é do Insta da @maritramontina.
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Queria muito ter ido neste show, grande banda. Como moro em SC fica complicado de vez em quando se jogar pra Sampa.
Só fiquei triste que esse show aconteceu num evento da heineken e não num cine joia mesmo que semi lotado… poderiamos repetir cenas que vi no primavera do ano passado, onde a gringaiada só faltou derrubar o palco deles, tamanho pandemônio estaurado! E, claro, faltou Stoned and Starving e Ducking & Dodging! Show nota 9,5!
Como… eu não fiquei sabendo disso? era evento fechado:? que saco…
eu fiquei TÃO FELIZ com esse show! estou com um sorriso na cara até agora e quero vê-los mil vezes mais!