>>
* Vai, U.S.A.
Está tendo Copa no Brasil. Mais do que isso: está tendo Copa nos EUA, ladies and gentlemen.
Lá, você sabe tanto quanto eu, futebol, ou ~soccer~ (cóf cóf), é um esporte indie. Alternativo. Para pessoas “diferentes”, cujo gosto vão além (ou aquém) do esporte com as mãos que regem o “mainstream” do gosto americano: futebol americano (NFL), basquete profissional (NBA), hóquei (NHL), beisebol (MLB).
Só que, tal qual um Nirvana, um Lollapalooza, um Coachella, a Lana Del Rey, o futebol está alcançando outros públicos, outros níveis, agradando os indies, mas atraindo muito o mainstream.
Quem nesta semana ouviu a rádio independente KEXP, importante emissora alternativa de Seattle, ouvia espertos boletins da Copa entre uma música da Zola Jesus e do Burial. Um informe na linha “A Grécia não vai ter vida fácil daqui a pouco contra a Costa do Marfim” quando acabavam de tocar The XX e para depois emendar um Parquet Courts.
Antes de tocar o XX, falaram que ele era da Inglaterra e ainda zoaram, dizendo que o país dele já estava fora e os EUA, não. “Quem diria”, mandou a apresentadora da KEXP na hora.
Dia destes a “Rolling Stone” veio com uma reportagem grande com o meio-campista Michael Bradley, um dos melhores jogadores do time americano, chamado pela revista musical de o “bad-ass” do time. Bradley é frequentemente pauta dos indies ligados a futebol e música porque é constantemente visto em shows indies em Toronto, Canadá, onde joga (Toronto FC, da Major League Soccer).
Na entrevista à “RS”, Bradley falou que a primeira vez que foi a um show de rock foi em um do Bruce Springsteen, aos 8 anos. Ele herdou a adoração por Springsteen do pai, super-roqueiro segundo consta, ex-jogador e ex-técnico da seleção americana de… soccer.
O parceiro de Bradley no meio-campo americano, neste ano com uma vocação maior para atacante, é o veterano Clint Dempsey, outra esperança americana para fazer bonito na Copa e não por acaso o capitão do time.
Dempsey já está fazendo história na Copa do Brasil. Ele marcou o gol mais rápido do Mundial, aos 29 segundos num jogo contra Gana. É o quinto gol mais rápido em Mundiais em todos os tempos. Ele também deixou o dele, outro gol importante, contra Portugal, na última e dramática partida americana, que terminou empatada.
Pois bem, Dempsey também foi entrevista recente da “Rolling Stone” americana. Tanto pelas suas qualidades dentro de campo quanto pelo seu apreço ao hip hop.
O negócio é que Dempsey não só faz festinhas de hip hop dentro da concentração dos EUA como também tem uma persona chamada Deuce, um alter-ego, que quando assumida vira DJ e se APRESENTA EM CLUBES, principalmente em Seattle, onde joga, pelo Sounders.
Abaixo, Dempsey, o DJ.
Os EUA indies estão pirando na Copa, e não só os indies, e não só a KEXP e a “Rolling Stone”.
A Copa saiu no Stereogum, um dos sites indies mais famosos do mundo, talvez só não mais famoso que o Pitchfork. Eles trouxeram um post com um vídeo do Bruce Springsteen comentando sobre a mordida do uruguaio Luis Suárez no italiano Chiellini, um dos lances mais biz… marcantes do Mundial no Brasil.
Mais: este jogo a que me referi acima, EUA contra Portugal, um empate português no último segundo evitando a vitória americana, foi assistido por 12 mil pessoas num telão do Grant Park, em Chicago, o mesmo parque onde fazem o Lollapalooza todo ano.
Esse número não é nada perto dos seguintes:
1. A partida contra Portugal, 2 x 2 que quaaaaase botou os EUA direto na próxima fase com uma virada linda (mas aí o Cris Ronaldo…), foi o jogo de “soccer” mais visto da história, na TV americana. Ao todo, bateu 25 milhões de telespectadores. É o mais programa fora-futebol-americano da história da ESPN, o mais famoso canal de esportes do mundo. O número é brutal. É uma audiência maior que a média das finais da NBA e da temporada do beisebol. Como comparação, a média do campeonato de futebol deles aos domingos, transmitido pela Fox, o mais visto programa de esportes do mundo, teve no ano passado um número na marca de 27.2 milhões de espectadores.
2. Esta é sensacional. Segundo um número feito com base em CHECK-INS DO FACEBOOK, foi traçado um perfil dos turistas que vieram para a Copa no Brasil. E a maior torcida gringa no Brasil para ver o Mundial, incluindo todos os latinos loucos que estão aqui, é a dos EUA. A pesquisa bate com a divulgação pela Fifa de que a maior quantidade de ingressos para a Copa foi adquirida por americanos (tirando os brasileiros, obviamente)
Não custa lembrar, o uniforme oficial dos EUA para o Mundial do Brasil foi lançado em abril pela Nike, usando entre seus “garotos propaganda” o DJ e produtor Diplo e as meninas californianas do Haim (foto neste post). Diplo chegou ontem ao Brasil para tocar e para ver hoje, às 13 horas, na Arena Pernambuco, o jogaço Alemanha x EUA, que vale definição de vagas para as oitavas –de-final da Copa.
O Senado americano (acho) recusou um pedido de várias instâncias para fazer do dia de hoje um feriado nacional, para os EUA inteiro assistirem o jogo contra a Alemanha desta tarde.
Estou louco para saber dos números de audiência depois que esse jogo de hoje vai causar. A gente deve voltar a esse assunto, se o pior hoje não acontecer. Toc, toc, toc.
GO, USA!