Você pode não ter ideia de quem foi o duo nova-iorquino Moldy Peaches. Até aí, beleza. Mas de repente é bom saber que eles estão de volta.
Moldy Peaches é um dos primeiros nomes a bombar na cena-nova-iorquina, lá no comecinho dos anos 2000. Era uma espécie de lado B dos Strokes, que no comecinho do buxixo do novo rock tinha quase o mesmo tamanho da banda de Julian Casablancas. Só não era uma dupla levada mais a sério porque nem eles se levavam a sério.
Se “Last Nite” foi o primeiro hino dessa revoluçãozinha roqueira protagonizada por Strokes e White Stripes, pelo menos ali no fantástico cenário novo de Nova York todo mundo do rolê sabia cantar a singela “Who’s Got the Crack”.
Indie para crianças, dessas galeras que não sabem tocar direito, mas têm o ritmo, uma cara legal e letras engraçadinhas. Tudo com guitarra torta. Na épocar o som deles era enquadrado como “anti-folk”.
Formado pelos doidinhos Adam Green e Kimya Dawson, que costumava (ou costuma, sabemos lá) usar chapéu orelhudo de cachorrinho (ou seria outro animal?), o Moldy Peaches só lançou o disco de estreia, “The Moldy Peaches”, em 2001, quando o bicho estava pegando por aqueles lados.
O disco, além da citada “Who’s Got the Crack”, tinha os “hits”, digamos, “Anyone Else but You” e “Little Bunny Foo Foo”.
O Moldy Peaches saiu de cena, ou entrou no tal hiato, em 2003/2004, mas em 2007 ganhou seu maior momento, uma notoriedade tardia, quando emplacou “Anyone Else but You” no famoso filme “Juno”.
Algo nos diz que o que ajudou bastante o Moldy Peaches a pensar seriamente em voltar a tocar juntos (não mais como uma dupla, mas agora um sexteto) foi ser a primeira banda a aparecer bem no documentário “Meet Me in the Bathroom”, sucesso de festivais independentes recentes quando fizeram filme do livro lançado em 2017 pela jornalista e “amiga da cena” Lizzy Goodman, que fez desse “renascimento do rock” uma história oral. Que agora virou também visual.
“Meet Me in the Bathroom”, depois de um giro por festivais indies de cinema, teve um certo lançamento pomposo com exibição especiais e festas, em clubes, em algumas cidades americanas há umas três semanas. Foi para o circuito restrito e entra no streaming (Apple TV+) em fevereiro. Mas dá para ver por aí.
O Moldy Peaches se juntou para tocar nas exibições especiais de “Meet Me in the Bathroom” em Nova York, claro, e Seattle.
E nesta semana foram anunciados shows da banda nas edições de Barcelona e Madrid do Primavera Sound 2023. E uma apresentação única em Londres no pomposo Roundhouse, em Camden Town. Vão ser as primeiras aparições ao vivo da dupla na Europa em 20 anos. Por enquanto, nenhuma notícia de música nova.
“Estamos muito felizes em voltar a tocar. Estamos mais velhos e mais gastos, mas uma vez um Moldy Peach, sempre um Moldy Peach”, informou uma nota oficial da banda sobre o retorno.
Vamos ver no que isso vai dar. Mas a gente achou melhor avisar aqui.
* Na foto que abre o post, o Moldy Peaches 2022. Kimya Dawson no centro, Adam Green na ponta direita e os novos amiguinhos. Foto de Natalie Gruppuso