Oasis. Hoje tem show em Manchester. Cinco músicas de 1997 para a frente que caberiam no setlist da banda (com uma bônus)

As pessoas ficaram bravas com o Daigo Oliva, da Folha de S.Paulo,  que afirmou no jornal que nos shows de Cardiff, da semana passada, o “setlist da volta do Oasis é a confissão de que a banda só valeu mesmo no início”.

Sim e não, né? É uma discussão de algumas camadas. Mas a polêmica se instaurou geral “nas redes”. Do lado de Daigo, os próprios Gallagher afirmam isso categoricamente no documentário “Oasis: Supersonic”. 

Talvez seja o tom do texto do jornal, mais ácido, que incomodou os fãs. Até porque tem muito material bom depois do disco “(What’s the Story) Morning Glory”, de 1995.

 A visão da Liv Brandão, desvendando a narrativa do repertório dos shows de Cardiff, foi mais romântica e enxergou nos limites impostos uma historinha do “comeback”, da redenção dos irmãos, contada canção a canção. 

Fora que, sejamos justos, mesmo considerando as canções da banda dos dois primeiros álbuns e os famosos lados B, faltaram muitos petardos gallagherianos “do começo” nos concertos da volta.

Seja qual for sua percepção de tudo isso, concorde com a gente: caberiam ali algumas coisas de 1997 em diante, não só pérolas como “Stand by Me” e ” Little by Little”. Resolvemos listar nossas predileções, mesmo com a quase certeza de que elas não vão entrar no repertório.  

A primeira dose de independência de Liam no Oasis (ele assina a música sozinho) se tornou um ponto alto do repertório da banda. Básica, sentimental, dona de poucos acordes ao violão e um pequeno arranjo de piano, a música do “Heathen Chemistry” (2002) foi considerada perfeita por Noel e seria uma queridinha de Courtney Love quando teve seu affair com Liam. Alternaria bem com outra boa da safra Liam, a bela “I’m Outta Time”.

No vacilante álbum “Don’t Believe the Truth”, de 2005, sempre coube salvar a bem-humorada “The Importance Of Being Idle”, perfeita para um momento solo do Noel dentro da apresentação. Sua letra sobre um preguiçoso convicto em guerra com sua mulher, amigos, família e até o médico desembocava num solo de guitarra assobiável perfeito para estádios. Ok, detonamos o disco de 2005, mas lá também está “Lyla”, o beatleniano primeiro single do sexto álbum, outra boa opção. 

O último single do Oasis, do “Dig Out Your Soul” (2008), é também um dos grandes momentos na discografia da banda. Grandiosa. Uma doce canção sobre tudo estar desmoronando, uma quase previsão do fim da banda. Anticlimática? Um pouco por ser lentinha, mas ganharia mil sentidos relida ao vivo, achamos. Quem sabe com Liam nos vocais para variar?

Ok, talvez essa seja a escolha mais básica possível, mas estamos falando de um hit e de uma das melhores músicas para cantar junto abraçando a pessoa ao lado. Talvez ainda eles tenham ignorado ela por ser marca de um período complicado da banda quando só sobraram nela Liam, Noel e o baterista Allan White.

Pode achar ela insuportável. Mas é um sucesso grandioso, especialmente para os nascidos quando o Oasis já tinha virado pó. Os Titãs em sua turnê com a formação original tocavam quase apenas as músicas dos anos 80, mas abriram espaço para “Epitáfio”. Pode reclamar, mas geral emocionaria aqui com a laterna do celular ligada e mãozinhas para cima. Fora que foi tema fortíssimo do futebol. E futebol e Oasis são duas das coisas que mais combinam na vida.

***bônus***

Vamos nos segurar para não dizer que “Don’t Go Away” é uma das baladas mais tocantes de todos os tempos. Não somos exagerados, não. Mas esta música, o jeito com que o Liam canta, a maneira como Noel faz a canção “chorar” nos muitos encaminhamentos que ele dá para as guitarras. A letra é uma maravilha e inteiramente “entendível”. Isso é um diferencial na obra dos Gallagher haha. A parte “Damn my education/ I can’t find the words to say/ With all the things caught in my mind” é espetacular e muito Oasis. Quer saber: sim, “Don’t Go Away” é uma das baladas mais tocantes de todos os tempos.

Tem alguma outra de sua preferência? E de que lado você está?

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* A lista acima foi pensada por Lúcio Ribeiro e Vinicius Felix, dois fanzocas do Oasis que curtem até show de cover da banda.

** A foto da galera em um dos dois shows no País de Gales, na semana passada, é de Susanne Plankett, da Reuters.