A banda irlandesa U2 chocou o mercado na tarde de ontem quando anunciou, em parceria com a Apple, o lançamento de seu novo álbum “Songs of Innocence”, de surpresa, sem sequer dar indícios de que este novo álbum seria lançado de forma tão rápida.
Mais chocante ainda foi saber que o disco estava sendo oferecido gratuitamente para clientes iTunes em todo o mundo. Isso, vindo de uma das bandas que mais fatura em todos os tempos, chegava a ser algo impensável. Quem acessar o iTunes pode pegar o disco com apenas um clique e em poucos minutos terá as 11 faixas inéditas da turma do Bono em mãos. O lançamento físico será apenas na segunda semana de outubro.
A Apple estima que 500 milhões de pessoas estão tendo acesso ao álbum, esparramadas por 119 países. Não à toa, o CEO da Apple Tim Cook trata a ação como “o maior lançamento de um álbum em todos os tempos”.
O jornal New York Times estampa em suas páginas na edição de hoje algumas informações sobre a parceria. De acordo com a publicação, o U2 deve receber cerca de 100 milhões de dólares com todo o esquema, que vai desde o lançamento do álbum ao trabalho de divulgação que deve incluir shows pequenos e apresentações em rádios e canais de TV.
Produzido pelo antenado, requisitado e moderno Danger Mouse, “Songs of Innocence” aparece como um dos discos mais confessionais do U2 em toda a carreira. Em entrevista à revista americana Rolling Stone, Bono descreveu o álbum como intimista. “Queríamos fazer um álbum bem pessoal. Tentamos descobrir porque queríamos estar em uma banda, nossa família. O álbum inteiro é só primeiras viagens, sejam elas geográficas, espirituais, sexuais. Isso foi difícil, mas nós conseguimos.”
Além de Danger Mouse, que capitaneou toda a produção do registro, nomes como Paul Epworth (produtor da Adele), Ryan Tedder e Flood, que colabora com a banda desde “The Joshua Tree”, principal álbum deles de 1997, também prestaram serviços complementares.
A busca pelo resgate do grupo para onde tudo começou fez com que eles voltassem a ouvir bandas antigas, referências deles nos anos 70, como Joy Division, David Bowie, Ramones e The Clash. “Encontrei minha voz pelo Joey Ramone, porque eu não era um cantor de punk-rock óbvio, ou até mesmo um cantor de rock. Eu cantava como uma garota, o que consegui reverter, mas quando tinha 17 ou 18, era difícil. Ouvir Joey Ramone, que cantava com uma garota, foi minha motivação.”
Em carta aberta aos fãs, Bono falou sobre o conceito de “música grátis”, cada vez mais uma tendência de mercado, especialmente para artistas novos, não os já consagrados como o U2. “Para celebrar o décimo aniversário do nosso comercial do iPod, eles (Apple) o compraram como presente para dar a todos os seus consumidores de música. Grátis, mas pago. Porque mesmo que ninguém esteja pagando para isso nós não temos certeza se música ‘grátis’ é mesmo grátis. Geralmente ela vem com um curso para a forma de arte e o artista, o que tem grandes implicações, não para nós do U2 mas para futuros músicos e suas músicas. Todas as músicas que ainda estão para ser escritas pelos talentos do futuro. Nós temos que fazer um meio de viver escrevendo-as”.
O líder do grupo também aproveitou para noticiar um segundo álbum para um futuro próximo. “Se você gosta de ‘Songs of Innocence’, fique conosco para ‘Songs of Experience’. Deve estar pronto logo (…) Eu espero que após ouvir nossa música algumas vezes, você entenda porque levou tanto tempo. Nós realmente fomos lá… É um álbum muito, muito pessoal”.
Em fóruns e nas redes sociais, fãs da banda atentaram para os nomes dos dois álbuns, que provavelmente fazem referência a uma coletânea de poemas do autor William Blake, do qual Bono é fã. A coletânea tem o título “Songs of Innocence and of Experience” e já foi citada em uma música da era “The Joshua Tree”, chamada “Beautiful Ghost/Introduction to Songs of Experience”.
O papo é que o U2 deve sair em turnê mundial apenas no segundo trimestre de 2015.
>>